Aqui nunca teremos a evangelização infantojuvenil

O título deste texto reproduz o que disse certo presidente de um centro espírita, quando indagado sobre o serviço de evangelização para as crianças e os jovens. Foi categórico: “Aqui a prioridade é a mediunidade, o tratamento espiritual e o atendimento às famílias carentes, nada temos com a evangelização espírita, não faz parte das nossas atividades”. E justificou com a alegação que a educação é problema da família e da escola, e que o centro espírita não tem condições físicas e humanas para querer desenvolver essa tarefa. Respeitamos seu entendimento, contudo, alertamos que ele está na contramão do Espiritismo, que o centro espírita deveria representar. Nesse caso, não representa.

O Espiritismo é doutrina eminentemente educadora do espírito imortal, hoje reencarnado, devendo orientar esse espírito no combate aos seus vícios e no desenvolvimento das suas virtudes. Isso é tarefa educacional. E o roteiro para melhor execução dessa tarefa é o Evangelho, com o melhor entendimento dos ensinos morais de Jesus, que o Espiritismo veio resgatar. Temos um precioso conteúdo doutrinário, com temas relevantes, que não pode ser desprezado ou minimizado, mesmo porque se assim o fizermos, deixaremos de ser espíritas, ou pelo menos, na classificação apresentada por Allan Kardec, seremos falsos espíritas.

É um grande equívoco afirmar que a educação é um problema somente da família e da escola. Para começo de conversa, educação não é problema, é solução. É através da educação bem aplicada, integrando o cognitivo com o afetivo, que alcançaremos a efetivação de um novo paradigma na humanidade, como está muito bem explicado pelos espíritos no conteúdo de O Livro dos Espíritos, e nos comentários feitos por Kardec, como, por exemplo, nas questões 685A e 917, onde aprendemos que essa educação é a educação moral, aquela que corrige as más tendências, cria bons hábitos e se faz arte de formar o caráter. A educação moral deve orientar os esforços da família, e também da escola, na formação das novas gerações.

Muitas pessoas, e disso não escapam muitos espíritas, nem mesmo dirigentes dos centros espíritas, possuem visão reducionista sobre a educação e sua importância, muitas vezes confundindo-a com a instrução, com a ensinagem de conteúdos programáticos, com a aquisição e acúmulo de conhecimentos, chegando a entender erroneamente que somente a escola educa. Na verdade, essa escola, como aqui descrito, não educa, apenas instrui, e nem sempre respeitando o ser humano em formação que ali está, seja criança, adolescente ou jovem. Por esse motivo há um clamor para a humanização do ensino e, por extensão, da educação.

É interessante observar como muitos centros espíritas mais se parecem com hospitais, realizando o tratamento espiritual dos corpos físicos das pessoas, quando deveriam se parecer muito mais com escolas de almas, preparando as crianças e os jovens para a vida, e a vida eterna que continua depois da morte, fazendo com que aprendam a colocar em prática o pilar básico da educação: fazer ao outro somente o que se deseja que o outro nos faça.

Como pode o presidente de um centro espírita não dar importância à evangelização? Se estudou o Espiritismo, dele bem pouco compreendeu.

Somos necessitados do Evangelho. Somos necessitados de Jesus em nosso coração. Precisamos sublimar os sentimentos. Somos necessitamos de apreender o amor e colocá-lo em prática nos relacionamentos com os outros, e também com a natureza. Essa é a missão da evangelização espírita, através dos princípios da imortalidade, da reencarnação e da evolução.

Que todo espírita leia e releia com atenção O Livro dos Espíritos, obra básica do Espiritismo, fazendo anotações, marcações no texto e levando suas dúvidas para o grupo de estudo, seja esse presencial ou online, pois é perguntando que melhor se aprende. E nessa leitura e releitura, que se atente, além das duas questões já destacadas, para as questões 379 a 385, quando o assunto tratado é voltado inteiramente sobre a criança.

Se os centros espíritas não priorizarem a evangelização da criança e do jovem, o que já está ruim na sociedade atual tenderá a ficar pior no futuro, pois verdadeiras legiões de espíritos materialistas, egoístas e indiferentes, geração após geração, sendo lançados na corrente social, não poderão trazer a paz e a felicidade que tanto queremos, tanto hoje como amanhã.


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