Analfabetos funcionais na sexta série do ensino fundamental

A Secretaria Municipal de Educação do Rio de Janeiro divulgou os resultados do Provão realizado na rede de ensino, conforme lemos na mídia:

"Os números foram divulgados pela secretária municipal de Educação, Cláudia Costin, e pelo prefeito Eduardo Paes. Para cada prova, os professores deram os seguintes conceitos: muito bom, bom, regular e insuficiente. Os alunos que tiraram “regular” ou “insuficiente” vão ter aulas de reforço. Ao todo, 460 mil alunos responderam a questões de Matemática e Português. Deste total, 205.636 tiveram notas baixas em Matemática. Quase a metade do total dos estudantes. Em Português, 109.814 estudantes tiveram nota abaixo da média. Ou seja, um em cada quatro alunos foi mal na prova. No fim de abril, eles começam a receber reforço. Cada escola vai definir como serão feitas as atividades: ou durante as aulas, ou em outro horário. O resultado do teste de português para os 211 mil alunos do quarto ao sexto ano identificou mais de 28 mil analfabetos funcionais, que não conseguem interpretar um texto. Eles serão realfabetizados, com a ajuda de universitários".

O resultado ruim do Provão era esperado. Qual o pai ou mãe que não sabe que o ensino vai de mal a pior na rede pública? Nos últimos anos a mídia, como um todo, registrou inúmeras vezes os problemas enfrentados pelos alunos e a baixa escolarização. O Ministério da Educação, em suas avaliações periódicas, já vinha apontando o baixo rendimento dos alunos da rede pública de ensino da cidade do Rio de Janeiro. Somente os responsáveis pelo último governo não admitiam esse fracasso escolar, implantando a aprovação automática como forma de maquiar a realidade. Resultado: quase 30 mil crianças analfabetas funcionais cursando a sexta série do ensino fundamental.

Agora a secretaria de educação anuncia medidas urgentes para minimizar essa realidade cruel: posse de mais de mil novos professores, reforço escolar e convênio com universidades públicas para que graduandos atuem nessa área. E extinguiu a aprovação automática.

É lamentável que tenhamos chegado a esse quadro no ensino. É lamentável que um prefeito tenha fechado os olhos para a educação. É lamentável que nossas leis e procedimentos jurídicos mantenham impunes os responsáveis pela administração pública. Prefeitos e secretários mandam e desmandam, fazem e acontecem, terminam o mandato, não cumprem o que está na lei, e dificilmente são punidos.

Temos agora a esperança que a nova administração dê continuidade a esforços que resgatem o ensino público no Rio de Janeiro, tirando-o dessa incompetência de ensinar e formar cidadãos.

Que novos ares renovem as escolas públicas. Que o ensino fundamental seja prioridade.

É o que esperamos.

Comentários

Prof.Henrique disse…
Vejo um atropelo atrás de outro acontecer. Primeiro durante dez anos nos convencem que o sistema de ciclos era o melhor. E o vejo com bons olhos. Basta uma estrutura melhor para implantá-lo. Agora falam de aprovação automática. Coisa que nunca houve no município. Mas o que mais dói é que a secretária não mudou ninguém das coordenadorias, e todas defendem que existia aprovação automática. Os alunos que não aprenderam é uma consequência de professores despreparados, desamparo familiar, falta de estrutura da escola e má administração.Li uma declaração que consideravam 35 alunos um número excessivo para estas aulas de "realfabetização". Ora as turmas de alfabetização tem estes números. Fechar a torneira tudo bem. Consertar a caixa d'água furada...

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