Resultados do Ideb: Avanços e Desigualdades

Reproduzimos texto da reportagem publicada pelo G1 em 15/08/2012.

O Brasil superou as metas na educação propostas pelo Ministério da Educação (MEC) para serem alcançadas em 2011 nos dois ciclos do ensino fundamental (de 1º ao 5º ano e do 6º ao 9º ano), mas apenas igualou a meta projetada para o ensino médio, de acordo com o Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb), divulgado nesta terça-feira, 14 (veja gráfico ao lado).

Mas os resultados são muito desiguais considerando municípios e escolas individualmente: 39% dos municípios e 44,2% das escolas estão abaixo da meta.

O Ideb é um indicador geral da educação nas redes privada e pública. Foi criado em 2007 pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) e leva em conta dois fatores que interferem na qualidade da educação: rendimento escolar (taxas de aprovação, reprovação e abandono) e médias de desempenho na Prova Brasil.

Assim, para que o Ideb de uma escola ou rede cresça é preciso que o aluno aprenda, não repita o ano e frequente a sala de aula.

A Prova Brasil avalia o desempenho de estudantes em língua portuguesa e matemática no final dos ciclos do ensino fundamental, de 4ª série (5º ano) e 8ª série (9º ano), e no terceiro ano do ensino médio.

Em 2011, os estudantes dos anos iniciais do ensino fundamental - 4ª série (5º ano) - tiveram 5,0 pontos. A meta era de 4,6, um índice que o país já havia obtido na avaliação anterior, em 2009.

Estudantes dos anos finais do ensino fundamental - 8ª série (9º ano) - tiveram 4,1 pontos em 2011. A meta era de 3,9, também uma marca obtida há dois anos.  

Ensino médio
Alunos do ensino médio tiveram o pior desempenho e crescem no ritmo mais baixo. Em 2011, eles alcançaram a meta projetada de 3,7 pontos. Nesta fase, o crescimento tem sido lento: em 2005 foi 3,4, em 2007 teve 3,5; em 2009, a nota foi de 3,6.

A distância da nota do Ideb nos anos iniciais em 2011 ficou quase três vezes maior em relação ao ensino médio na comparação com o primeiro ano do índice, em 2005. O ministro da Educação, Aloízio Mercadante, reconhece que o ensino médio apresenta problemas e preocupa o governo. "Temos 13 disciplinas obrigatórias no ensino médio da rede publica. É uma sobrecarga muito grande para o estudante. Não contribui para ter foco nas essenciais: português, matemática e ciências. Outro problema é a parcela significativa de alunos matriculados no curso noturno", avalia Mercadante.

Para Daniel Cara, coordenador da Campanha Nacional pelo Direito à Educação, a discrepância entre os níveis de ensino refletem a falta de visão sistêmica do Brasil. "O governo acaba fazendo aposta na criança nesse momento inicial da aprendizagem, que é um momento decisivo de fato, mas ela não é seguida nos anos finais e no ensino médio. Esse é o principal motivo de a gente ter uma queda de rendimento", explicou.

Segundo ele, essa tendência tem sido vista na política educacional nos últimos quatro anos. "Você tem uma forte centralização da preocupação com a avaliação, na pressão sobre a gestão, e vai abandonando os demais ciclos".

O objetivo estabelecido pelo MEC quando criou o índice, em 2007, foi que todas as séries atinjam níveis educacionais de países desenvolvidos até a divulgação do índice em 2022. As metas, que fazem parte do Plano de Desenvolvimento da Educação (PDE), para alunos dos anos iniciais do ensino fundamental (1º ao 5º ano) é chegar a 6 pontos; para alunos dos anos finais do ensino fundamental (6º ao 9º ano) é de 5,5 pontos e para o ensino médio é de 5,2 pontos. A escala vai de 0 a 10.

Nos anos finais do ensino fundamental, considerando todas as redes de ensino (pública e privada), sete estados não alcançaram a meta projetada para 2011: Amapá, Espírito Santo, Pará, Rio Grande do Sul, Rondônia, Roraima e Sergipe. Considerando apenas a rede pública, seis estados ficaram a abaixo da meta: Alagoas, Amapá, Pará, Rio Grande do Sul, Roraima e Sergipe.

Comentários

Anônimo disse…
A prova Brasil realizada pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Anísio Teixeira (INEP/MEC) tem por objetivo avaliar a qualidade do ensino oferecido pelo sistema educacional brasileiro dos estudantes do sistema público de educação básica, nos segmentos do ensino fundamental e do ensino médio, introduzida em 2005 acarreta diversas discussões em torno dos reais objetivos que trata. Os resultados insatisfatórios dos últimos anos trazem a necessidade de repensarmos a prática da avaliação dentro das políticas educacionais e da gestão educacional, os resultados quantitativos fornecidos pelo Índice de Desenvolvimento da Educação Básica - Ideb, criado em 2007 monitora o andamento das políticas, mas não expressam a realidade de muitas escolas brasileiras. Em ano de prova à avaliação, que deveria ser instrumento de análise torna-se também instrumento de controle, uma vez que, cada escola tem que se “encaixar” na classificação feita entre melhores e piores, tornando a avaliação competitiva. Por não abranger todo o currículo escolar (apenas português e matemática), e pelo caráter competitivo que vem adquirindo nas últimas avaliações, os alunos têm perdido a característica da prova, que seria um meio para avaliar e identificar os problemas do ensino de cada escola, indiferentemente de outras estarem melhores ou não, a aprendizagem do aluno careceria estar em evidencia e não a nota da escola. O governo deveria repensar este tipo de avaliação externa, sem contar que além da externa, o que irá realmente diagnosticar os problemas da escola será a avaliação interna feita pela comunidade escolar e a partir deste diagnóstico sim é que podem ser realizadas novas ações em prol da melhoria da educação.
por Ana Paula
Anônimo disse…
IDEB não afere plenamente a qualidade. É um mero ranqueamento. Mas vá dizer isso para os governantes, para a classe política que se beneficia dessa retórica, e mesmo, para certos educadores !

http://www.vozesdoverbo.blogspot.com.br/2014/08/o-ideb-e-concepcao-desvirtuada-de.html

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