A educação não é uma brincadeira



Lá se vão quatro meses e meio de muitas trapalhadas e um completo desconcerto no Ministério da Educação. Com todo o respeito às pessoas, parece que ninguém entende de educação e muito menos sabe o que faz. Ordens e contraordens, medidas esdrúxulas, perseguições de caráter político, desconstrução de projetos, comunicados que necessitam de correções, falas desencontradas e outras coisas mais têm feito do MEC um picadeiro de circo amador, onde sobram improvisações de mau gosto, e onde o público não consegui rir nem aplaudir, mas apenas chorar e sair decepcionado.

Educação não é brincadeira, não é jogo de cartas marcadas, não é aventura político-partidária. Estamos falando do processo de desenvolvimento intelectual e afetivo das novas gerações, estamos falando de pesquisas sérias sobre o crescimento de crianças e jovens, estamos falando do hoje e do futuro do Brasil, estamos falando da desconstrução de um modelo escolar e educacional do século 19 para construção de um modelo do século 21, gerador de autonomia, senso crítico, ética, numa nova dimensão educacional.

Entretanto, o atual MEC detonou o Mapa das Escolas e Organizações Inovadoras espalhadas por este país; faz um discurso anti Paulo Freire, quando este é um educador de renome e respeito internacional, e que nunca esteve presente em nossas escolas; escolhe como secretários economistas que nada sabem de educação básica (para quem também não sabe, estamos falando do ensino infantil, fundamental e médio); faz contingenciamento de verbas da noite para o dia e vive refazendo os cálculos para explicar o que não pode ser explicado.

Na década de 1970, a pedido da Unesco, Jean Piaget escreveu um pequeno e profundo livro intitulado Para Onde Vai a Educação? Precisamos ler, reler e debater seu conteúdo, ou então escrever outro livro, com um acréscimo no título: Para Onde Vai a Educação Brasileira?

Como estamos nos primórdios do novo governo federal, temos a esperança que todos esses iniciais acontecimentos sirvam de lição para que o Ministério da Educação deixe de ser um navio sem rumo numa tempestade, pois se assim continuar, irá a pique, e o pouco que ainda temos de política nacional de educação irá soçobrar ruinosamente diante da nossa perplexidade.

Enquanto as autoridades públicas desconsiderarem a importância da educação e estiverem brincando de fazer alguma coisa, o Brasil vai continuar mergulhado numa profunda crise moral, crise ética, geradora da crise social e da crise econômica.

Não se faz ajuste social sem a educação. Mas o que entendem de educação aqueles que estão no comando de um ministério que deveria tratar seriamente, e sem perseguições políticas, da educação?

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