Reencarnação e evangelização

Muitos Espíritos estão reencarnando portando as mais diversas deficiências físicas e mentais, apresentando quadros de síndromes, transtornos e distúrbios os mais diversos e, como não poderia deixar de acontecer, estão chegando, levados pelos seus pais, ao serviço de evangelização promovido pelo centro espírita. Muitos evangelizadores estão sem saber exatamente o que fazer, sentindo-se perdidos diante dessa realidade, pois não receberam capacitação para trabalhar com as exigências características dessas deficiências. O assunto comporta várias abordagens, e nossa intenção não é entrar na área científica, nem especificar comentários acerca desta ou daquela deficiência, deste ou daquele transtorno, o que deixamos para os especialistas. Vamos nos ater às questões reencarnatórias e pedagógicas que envolvem a evangelização espírita, compreendendo que a abordagem da Doutrina Espírita esclarece e fortalece o trabalho dos pais, dos professores e dos evangelizadores.

Devemos compreender, como primeira obrigação de quem estuda o Espiritismo, que todos somos Espíritos criados por Deus, e que somos imortais, não existindo a morte, a não ser dos elementos materiais, que, depois de cumprirem sua obrigação no organismo biológico, se dispersam pela natureza. Como o entendimento da doutrina é que o Espírito deve fazer todos os esforços para alcançar a perfeição intelectual e moral, reconhece, ao mesmo tempo, que isso é impossível numa única existência, sancionando então, pelo raciocínio lógico, filosófico, e pela observação dos fatos, a reencarnação, ou pluralidade das existências, de cuja prova retira das inúmeras e mais diversas manifestações daqueles que já morreram, atestando estarem muito vivos, manifestações essas catalogadas no âmbito da mediunidade.

Também ensina o Espiritismo que as existências corpóreas, ou encarnações, são solidárias entre si, facultando o pleno e perfeito funcionamento da justiça divina, pois a cada Espírito sempre é dado segundo suas obras, ou seja, a cada existência física o Espírito assume as consequências do que fez na existência anterior. Se fez o bem, gera para si a felicidade, entretanto, se fez o mal, gera para si a infelicidade, tendo que assumir expiações correlatas aos males que engendrou e fez os outros sofrerem. Assim as causas anteriores explicam as deficiências e síndromes de nascimento, que sem a imortalidade da alma e a reencarnação ficam inexplicáveis.

Segundo informam vários amigos espirituais, através de diversos médiuns, o que hoje está acontecendo tem por causa a misericórdia divina, que está ofertando aos seus filhos comprometidos com a própria consciência, face aos desatinos perpetrados em várias existências consecutivas, e mesmo nos períodos passados no mundo espiritual, está, como nos dizem, permitindo que esses Espíritos renasçam no orbe terreno como última oportunidade para regeneração de si mesmos e de reparação do mal cometido. São Espíritos muitas vezes rebeldes, ou que fogem de si mesmos e da verdade, carregando no íntimo e no perispírito, ou corpo espiritual, a predisposição para degenerescências físicas ou mentais, das quais não se podem furtar, por serem consequência do que fizeram. Uma leva muito grande desses Espíritos tem reencarnado, suscitando quadros ao mesmo tempo dolorosos, difíceis, assim como outros mais leves, todos levando a ciência a ter que estudar mais a fundo causas e tratamentos, no que avançará quando incorporar a seus postulados a realidade espiritual da vida.

Igualmente a ciência pedagógica vem se debruçando sobre deficiências e transtornos apresentados pelas crianças, avançando paulatinamente na compreensão desses quadros e no que a educação, tanto na família quanto na escola, pode fazer, auxiliando pais, professores, filhos e alunos na aceitação, inclusão e técnicas de desenvolvimento, embora ainda longe da visão espírita do Espírito imortal e reencarnado.

Compete ao evangelizador espírita estudar e aprender continuamente, tanto o que estiver disponível na literatura espírita quanto fora dela, para entender, compreender e saber trabalhar com a criança portadora de deficiência, esse Espírito que clama por afeto, compreensão e amor, muito amor, pois ele não é o corpo, mas a alma imortal necessitada de equilíbrio, de orientação moral que a faça ressurgir das cinzas de um passado delituoso.

Solicitamos aos evangelizadores espíritas, e também aos dirigentes dos centros espíritas, que dediquem tempo para estudos específicos, pois irão encontrar muitas orientações na literatura científica, pedagógica e espírita. A par dessas orientações, poderão adequar o serviço de evangelização para esses Espíritos, tendo sempre como roteiro o Evangelho, pois o Espiritismo não veio criar uma nova moral, mas resgatar em espírito e verdade os ensinos morais de Jesus, sendo, portanto, uma doutrina cristã. E para que esse estudo tenha início, deixamos aqui a indicação do livro A Evangelização de Portas Abertas para o Autismo, da educadora espírita Lucia Moysés, esperando que ele seja lido e debatido entre os evangelizadores.


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