O Espiritismo, com toda clareza, proclama que os direitos dos homens e das mulheres são iguais, e que perante Deus, o Criador, não existe nenhum tipo de preferência às suas criaturas, pois todos somos seus filhos, dotados do mesmo potencial, com as mesmas oportunidades de desenvolvimento, e com o mesmo destino futuro, que é a perfeição. Ao espírita, portanto, compete combater qualquer tipo de intolerância, de discriminação e de preconceito, pois são incompatíveis com os princípios da fraternidade e da solidariedade, que fazem parte da Doutrina Espírita.
Os direitos humanos devem ser respeitados para todos, independente das diferenças que nos caracterizam, diferenças essas existentes porque somos individualidades fazendo cada qual sua caminhada evolutiva, cada um tendo que passar por determinadas experiências reencarnatórias, cada um com sua história. As diferenças são passageiras, próprias do nosso atual estado evolutivo num planeta de expiações e provas, onde o egoísmo e o orgulho ainda predominam, mas não podem ser tomadas como parâmetro da vida, pois, como dissemos, são transitórias, pertencentes à condição reencarnatória atual, sem que os direitos humanos devam ser afetados.
Infelizmente o egoísmo e o orgulho nos levam a preconceitos e discriminações, ocasionando exclusões e intolerâncias de vários gêneros, como temos assistido não apenas na história humana, mas igualmente na atualidade, provocando injustiças sociais as mais diversas, esquecidos que o amanhã pode nos reservar estar no lugar daquele a quem hoje discriminamos, que sofre por não conseguir obter os direitos que hoje possuímos. Essas mudanças podem ocorrer durante a atual existência, e podem, com mais certeza, ocorrer numa próxima encarnação, quando envergaremos um novo corpo, uma nova personalidade, num novo momento histórico da humanidade.
Muitas pessoas, por orgulho, não admitem que possa acontecer essa mudança em suas vidas, tudo fazendo para manter sua posição social, seus privilégios, seu poder, seus direitos, mesmo que isso acarrete o sofrimento para os outros, mesmo que para isso tenham que passar por cima dos outros. Chegam a tal ponto que consideram justificável o que é, na verdade, injustificável, isso porque distorcem os valores morais, corrompem os costumes, degeneram a cultura, defendendo pontos de vista que flagrantemente ofendem os direitos humanos que, repetimos, são iguais para todos.
Diante dessa realidade, o Espiritismo esclarece a importância de trabalharmos a educação moral como antídoto eficaz contra o egoísmo e o orgulho, corrigindo as más tendências de caráter trazidas pelo espírito, assim como desenvolvendo nele as virtudes, que se encontram parcialmente desenvolvidas, mas longe do que podem alcançar. A formação do bom caráter com a criação de bons hábitos é o resultado da educação moral, que deve ser aplicada desde a infância, promovendo nas novas gerações as vacinas da fraternidade, da solidariedade, da justiça, quando então os direitos humanos para todos serão reconhecidos, destruindo a intolerância, o preconceito e a discriminação.
O trabalho que temos pela frente é imenso, e nos custará muitas lágrimas, mas somos quais semeadores que precisamos primeiro limpar o terreno, preparar o solo e, debaixo de sol escaldante e chuvas torrenciais, então plantar, cuidar, até conseguir os frutos abençoados da semeadura. E plantar e cuidar tantas vezes quantas forem necessárias, até vencer os obstáculos e conseguir a floração exuberante do campo, neste caso, do solo do coração das pessoas, finalmente sensibilizadas, humanizadas, conscientizadas e espiritualizadas. É trabalho de longo tempo, mas que não pode continuar a ser adiado, motivo pelo qual o Espiritismo solicita-nos compreender a educação moral e colocá-la em prática.
A mancha da intolerância é um obstáculo ao progresso moral da humanidade. Se devemos ter alguma intolerância é com o egoísmo, o orgulho, a prepotência, a violência, enfim, contra todos os vícios morais, que nos desonram perante a lei divina e nos acarretam consequências que deságuam em expiações e provas tanto nesta atual existência quanto em futuras encarnações.
É triste ver pessoas fanáticas, radicais, intolerantes, supremacistas, preconceituosas. Essas pessoas esquecem do sublime e profundo ensino de Jesus, quando nos apresenta a Parábola do Mau Rico: um empreendedor do agronegócio se vê ainda mais rico, com uma safra exuberante, e resolve construir mais armazéns e, dali por diante, apenas gozar mundanamente a sua riqueza. Mas Deus, vendo isso, lhe diz: Insensato! Esta noite trarei você de volta ao mundo espiritual! A lição dessa parábola é que a vida não nos pertence, e que a existência humana não é eterna, a morte chegará para todos. Devemos aproveitar as oportunidades que nos são concedidas para semear o bem e o amor, assim fazendo o progresso moral tanto nosso quanto da coletividade; é isso o que Deus espera de nós.
Trabalhemos pelos direitos iguais. Substituamos o egoísmo pela caridade, o orgulho pela humildade, o preconceito pela solidariedade. Façamos isso com a aplicação da educação moral, eis o nosso papel, como espíritas, na transformação moral da humanidade terrena, para assim acabarmos com a intolerância e vivermos plenamente os direitos humanos.