Às vezes temos a impressão que para manter nossa vida não necessitamos da casa planetária que habitamos, e essa visão se justifica quando vemos as pessoas jogarem o lixo na rua, entupindo bueiros, ou descartarem o lixo nos rios, nas lagoas, no mar, tudo poluindo, afetando os mangues e também a captação de água para o consumo, o que, aliás, é imprescindível para conseguirmos viver. E não é somente isso. Queimamos e desmatamos as florestas, e com isso provocamos o efeito estufa, aumentando a temperatura média do planeta, provocando ondas de calor, chuvas torrenciais, e já não temos mais as quatro estações do ano tão bem definidas. A poluição da atmosfera por poluentes químicos os mais diversos torna o ar irrespirável, trazendo doenças as mais diversas, mas nem assim paramos de emitir gases prejudiciais à saúde. Diante de tudo isso, temos a impressão que não necessitamos do planeta, que não há mal nenhum em esgotar seus recursos naturais, mas quem pensa assim está amplamente equivocado. A Terra é nossa casa no turbilhão cósmico, e cuidar dela para nela melhor vivermos, é o que devemos fazer. Afinal, ninguém gosta de ter de viver numa casa desorganizada, suja, onde faltam condições decentes para uma moradia minimamente humanizada.
Então, perguntamos: por que parte da humanidade não cuida do planeta? Por que o ser humano é o maior predador da natureza? A resposta está no egoísmo que ainda rege o nosso viver. O egoísta não consegue pensar nos outros, muito menos fazer algo benéfico aos outros, pois pensa somente em si mesmo, tudo faz para seu próprio gozo, e desde que suas condições de vida estejam plenamente satisfeitas, pouco se importa com seu entorno, mesmo com o futuro, pois o que lhe importa é viver bem o aqui e agora. O egoísmo engendra tristes espetáculos humanos, retratando nossa inferioridade moral.
Entretanto, somos todos necessitados da água; somos todos necessitados do ar; somos todos necessitados dos recursos naturais; somos todos necessitados do sol e da chuva; enfim, para viver com o mínimo de qualidade, somos necessitados de tudo o que o planeta nos oferta generosamente, e de graça, pois nada cobra para ser explorado. Ora, se devastamos e poluímos sem controle, essa devastação e essa poluição se voltam contra nós mesmos, afetando nossa qualidade de vida, e de todos os organismo vivos, e, com o passar do tempo, viver fica cada vez mais difícil, do mesmo modo como não cuidar da casa, deixando-a deteriorar, acabará obrigando que procuremos outro abrigo, talvez em condições igualmente precárias, por culpa da nossa imprevidência.
Se temos uma única fonte de água, diz-nos o bom senso que precisamos preservá-la, pois sem água decretaremos a nossa morte, mas o egoismo é tão forte que somos capazes de envenenar a fonte ou secá-la, somente para prejudicar o outro, esquecendo que assim fazendo prejudicamos a nós mesmos. Ou, em querendo preservar-nos desse mal, desviamos o curso natural da água, fazendo com que o outro seja dependente de nossa boa vontade em distribuí-la, mediante uma contrapartida muitas vezes injusta.
É preciso lembrar que a vida, em verdade, não nos pertence, e sim pertence a Deus, o criador de tudo o que existe, não somente em nosso planeta, mas em todo o universo, inclusive o universo, pois tudo promana dele. Assim também com a vida humana, pois estarmos reencarnados é dádiva divina, oportunidade para aprendizados e crescimento intelectual, moral e espiritual. Ora, o planeta Terra nos é concedido como lar temporário, do qual temos que prestar contas ao seu verdadeiro dono. Quando retornarmos à dimensão espiritual, após a morte do corpo, Deus nos perguntará: que fizeste da casa que lhe emprestei para viver? Se bem cuidamos dela, não teremos com o que nos preocupar, mas se assim não fizemos, teremos que assumir as consequências, do mesmo modo que o mal inquilino, que deteriorando o imóvel em que habitava, tem que arcar com os custos da reforma do mesmo junto ao proprietário.
Como as existências são solidárias entre si, através dos mecanismos da reencarnação, não podemos esquecer que, mais cedo ou mais tarde, voltaremos ao cenário terrestre. Como gostaríamos de encontrar a casa planetária? Eis uma pergunta que deve incomodar nossa consciência, pois a cada um é sempre dado de acordo com a sua obra.
Cuidemos do planeta, nossa casa, pois ele está pedindo socorro. Deus, então, ficará imensamente satisfeito, e haverá de nos recompensar, como o proprietário fica imensamente feliz com o bom inquilino, desejando então prorrogar o contrato de aluguel do imóvel com o mesmo, que sabe cuidar com zelo daquilo que não lhe pertence.
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