segunda-feira, 1 de setembro de 2025

Violência contra a mulher


Marcus De Mario

Historicamente, tanto no mundo ocidental quanto no mundo oriental, a mulher sempre foi considerada o sexo frágil, submetida aos caprichos e desmandos do homem, considerado o sexo forte, provedor, em sociedades preeminentemente machistas. Tal estado de coisas ainda foi, durante muito tempo, reforçado pelo aval das religiões, das filosofias e dos estudos científicos, que insistiam em colocar o masculino acima do feminino. Com raras exceções, o homem predominava sobre a mulher, até que no final do século 18 os revolucionários franceses, na culminância de uma série de fatos sociais, proclamaram a igualdade de direitos do homem e da mulher, determinando, daí por diante, uma escalada progressiva, gradual, de emancipação feminina.


Considerando apenas o mundo ocidental, e especificamente o mundo europeu a partir da data de nascimento de Jesus, portanto olhando para dois mil anos de história, vemos nos períodos distintos do domínio romano, depois a idade média, passando pela renascença até chegar à idade moderna, que em todos esses períodos históricos a mulher foi submetida aos mais variados tipos de violência, seja do ponto de vista físico ou psicológico, chegando-se ao ponto de termos uma discussão teológica no seio da Igreja Católica, se a mulher teria uma alma menor em relação ao homem, ou mesmo se não seria o caso de não ter uma alma. Felizmente nada foi sancionado oficialmente a respeito, mas pelo simples fato de haver essa discussão, mostra o quanto a mulher era diminuída, humilhada e submetida ao homem.


Com o advento do Espiritismo, arejando as ideias em todos os ramos do conhecimento, as distinções entre o homem e a mulher caíram por terra, pois ambos passaram a ser reconhecidos como Espíritos reencarnados, com os mesmos direitos, e, ainda mais, estabelece a Doutrina Espírita que o Espírito não tem sexo, e que reencarnar na polaridade masculina ou feminina é uma escolha de acordo com as necessidades evolutivas do Espírito, que, em si, não é nem masculino nem feminino. Em outras palavras, situando-nos num exemplo, hoje estou homem, mas já posso ter sido mulher, assim como, em reencarnação futura, igualmente posso ir para o polo feminino, caso assim seja considerado importante para meus aprendizados e vivências rumo à perfeição, ao estado de Espírito Puro. Naturalmente isso também vale para quem hoje está como mulher, que já poderá ter sido homem ou o será no futuro.

Como dizem afirmativamente os Espíritos Superiores em O Livro dos Espíritos, o Espírito é tudo, o corpo é nada. Nossa verdadeira realidade é a espiritual, e não a corporal.

Assim, estamos diante do progresso das ideias e dos conhecimentos, com a visão espiritualista da vida crescendo sem cessar, levando-nos ao maior entendimento do amai-vos uns aos outros ensinado por Jesus. Contudo, isso não se faz sem que barreiras sejam levantadas, sem que o egoísmo e o orgulho dos homens prepotentes e ciosos das suas conquistas milenares, bradem contra a emancipação da mulher e contra a igualdade de direitos. É assim que vemos uma onda de violência contra a mulher, procurando impedir o progresso, que é inevitável, pois a aproximação da lei humana com a lei divina faz parte dos desígnios divinos e, por mais barreiras possam os homens erguer, todas cairão no devido tempo diante da realidade espiritual do ser e da vida.

Como vemos, o Espiritismo posiciona-se claramente contra qualquer tipo de violência que se faça à mulher. Homens e mulheres devem se unir através do amor incondicional, da fraternidade e da solidariedade, isso porque, embora cada um tenha funções específicas no contexto da existência terrena, devem se dar as mãos, completando-se, sempre na lembrança que os direitos são iguais.

Se, por um lado, os espíritas devem apoiar as leis que igualam os direitos, e aquelas que repudiam a violência, nos mecanismos da justiça, por outro lado devem apoiar todas as iniciativas que visem ao desenvolvimento da educação moral junto às novas gerações, para que preconceitos e discriminações sejam destruídos, e para que o respeito ao outro seja a marca de uma sociedade mais justa e equilibrada, quando então o machismo não mais terá vez, e a violência contra a mulher seja apenas uma fato histórico do passado.

Somos todos filhos de Deus, e todos, sem exceção, destinados, eternidade afora, para fazermos todo o desenvolvimento intelectual e moral de que somos suscetíveis, ora num corpo feminino, ora num corpo masculino, enquanto tivermos necessidade de reencarnações em mundos mais materiais, como é o caso da Terra, aprendendo que esse enunciado deve promover sempre a igualdade de direitos e a união de esforços entre o homem e a mulher, acima de tudo na vivência do amor, substituindo o egoísmo pela caridade, e o orgulho pela humildade.

A lei de amor, que rege toda a criação divina, deve ser o farol a unir os homens e as mulheres em mútuo respeito, e o Espiritismo, na sua visão espiritualista sobre o ser e o existir, marcha vigoroso no campo das ideias, para alavancar, hoje, esse glorioso amanhã
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