Diante da violência que caracteriza nossa sociedade, insistem as autoridades públicas e os políticos em ações de segurança policial, às vezes mais violentas do que a própria ação da criminalidade organizada, como se essas ações fossem a solução para apaziguar a convivência social. Não resta dúvida que o crime e a corrupção devem ser combatidos, pois se assim não for feito o mal se sentirá à vontade para dominar a humanidade, mas como se faz esse combate é que deve ser questionado, principalmente quando vemos que as ações policiais e judiciárias atacam os efeitos, e não as causas. Como se diz popularmente, se continuarmos a enxugar gelo nada será resolvido. É preciso detectar as causas e combatê-las diretamente, se queremos lograr êxito na consolidação do bem para todos.
A verdade é que estamos egoístas e materialistas, num processo estimulado e mantido por uma educação falseada das novas gerações, onde ser corrupto e se deixar corromper é visto como fato normal, afinal isso sempre existiu, e qual seria o problema de procurar levar vantagem em tudo, diante de uma vida que precisa ser vivida antes que acabe? A ideia de uma única existência que termina com a morte lança a ética e a moral para um limbo filosófico, afinal primeiro preciso pensar em mim, e assim lutar pelos bens materiais, por me dar bem na vida, mesmo que isso mantenha a injustiça social, mesmo que prejudique os outros, mesmo porque o que tenho a ver com as outras pessoas que nem conheço? Que cada um lute pelo seu lugar ao sol. Esse é o pensamento individualista, egoísta e materialista que ainda caracteriza boa parte dos seres humanos.
Esse pensamento é mantido por uma educação que foi transferida para a escola, isso porque os pais precisam trabalhar, e, justificam, hoje em dia a família não tem como ficar ensinando os filhos, isso é problema da escola. Esta, por sua vez, substituiu a educação pela instrução, acreditando que fazer as crianças adquirirem conhecimentos é tudo na vida. O que vão fazer com esses conhecimentos é o que pouco importa, não é problema dos professores, que transferem essa responsabilidade para os pais, que por seu lado rebatem dizendo que não tem tempo, na sociedade moderna, para se preocupar com isso. Então a formação do caráter, o desenvolvimento dos valores humanos, a correção de maus hábitos, o direcionamento da inteligência para a promoção do bem, tudo isso fica perdido em meio ao tiroteio entre a família e a escola. Mas tudo isso é a essência da educação, é o que mais importa.
A solução não está na construção de mais escolas, nem no aumento das operações policiais que consideram que o criminoso não é um ser humano. A solução está no processo de educação moral, como muito bem demonstra o Espiritismo, a partir de uma nova visão sobre o homem e a vida, que é a visão imortalista e reencarnacionista, demonstrando que todo ser humano é uma alma imortal destinada a encontrar a felicidade, e que a vida não está restrita ao nascer, viver e morrer, pois existe vida futura, a vida na dimensão espiritual. A partir dessa nova conceituação, a educação levará a criança e o jovem, e também o adulto na sua reeducação, a assumir as responsabilidades de suas escolhas e de suas ações, tendo um olhar pelo bem da coletividade, saindo do seu mundo para enxergar o mundo de todos.
Como dizem os grandes educadores da humanidade, não se trata de considerar que a educação é o remédio para tudo e que ela tudo vai resolver como num ato de magia. Temos plena consciência que a educação, aqui entendida como educação moral do ser integral que somos, que ela, sozinha, isolada, não poderá resolver todos os males da sociedade humana, mas também temos a certeza que a solução desses males passa obrigatoriamente pela educação. E não nos referimos à educação meramente intelectual no aprendizado da língua, da matemática e outras disciplinas curriculares. Se essa aprendizagem tem importância, está mais que provado por tudo o que temos enfrentado, que não basta. Precisamos de uma educação que alie o desenvolvimento intelectual, cognitivo, com o desenvolvimento emocional, do sentimento. Essa é a educação moral defendida, entre outros, por Pestalozzi e Kardec, é a educação do espírito.
É na convivência, na troca emocional, no saber se colocar no lugar do outro, que desenvolvemos nosso potencial divino. É na convivência onde aprendemos a nos amar. A convivência não é aprendida apenas no processo de socialização que a escola deve promover; antes, ela deve ser priorizada pela família, o núcleo básico da nossa sociedade. Quem aprende a amar e a respeitar no núcleo formado pelo lar, consegue vivenciar esse aprendizado na comunidade maior em que estiver inserido, por isso os espíritos superiores não cansam de nos dizer que o lar é a primeira escola, a mais importante escola para o espírito reencarnado.
A crise que estamos vivendo não é econômica, política, cultural, legislativa. Não, todas elas são efeito. A verdadeira crise que assola a humanidade é moral, é de valores que norteiam o nosso viver no mundo, e viver no mundo é viver com os outros. E a causa da crise moral é uma só: o egoísmo. É necessário, portanto, combater a causa, destruindo-a, e o único remédio eficaz é a aplicação da educação moral.
Pode levar tempo, porque deixamos o mal crescer e se enraizar, mas ele nunca será mais forte que o bem, porque a base da vida é o amor, e o amor vence todas as barreiras. E qual é a base da educação moral? É o amor. E quem está com o o amor, quem se deixa inocular pelo maior dos sentimentos, nada tem a temer, e segue intimorato, trabalhando para contrapor o bem ao mal, o amor ao ódio, a caridade ao egoísmo, a humildade ao orgulho. Educando-se sempre para melhor educar, fazendo-se verdadeiro mestre, como aquele que é o mestre de todos e a quem devemos seguir se queremos encontrar a felicidade: Jesus!
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