Qualidade em sala de aula

O professor brasileiro, conforme constatação de pesquisa realizada, gasta, em média, 20% do tempo de aula somente para acabar com a bagunça e chamar a atenção dos alunos. Isso significa que de 50 minutos de aula, na verdade temos apenas 40, ou seja, 10 minutos são literalmente perdidos, levando-se em consideração que esse tempo é gasto em advertências, admoestações, um verdadeiro confronto entre professor/a e alunos/as, o que não é pedagógico e nada tem a ver com a formação das crianças e jovens.
 
Já é questionável o fato da aula ter esse tempo estipulado de 50 minutos, consagrado historicamente e mundialmente, mas que ninguém consegue explicar por que não pode ser 60 minutos ou mesmo uma hora e meia, ou, vamos mais longe, por que tem que ter um tempo previamente estipulado, um tempo padrão para todas as aulas e para todos os professores/as e alunos/as? Talvez seja esse um dos fatores de aborrecimento dos estudantes.
 
Seja como for, ficar dez intermináveis minutos discutindo com os alunos na tentativa de impor disciplina, ordem e silêncio parece-nos improdutivo, contraproducente. Não existirá alternativa? Na verdade existe, sim, mas exige do/a professor/a uma visão diferente do processo educacional e uma postura diferenciada na escola e na sala de aula, onde deverá ser o compartilhador de aprendizagens, e não o mestre que ensina; onde deverá ser o/a amigo/a que caminha junto, e não o que ensina e pronto.
 
A sala de aula deve ser local prazeroso, onde os alunos vão encontrar o que procuram, onde terão participação e, à disposição, farto material pedagógico e dinâmicas educacionais. E mais do que tudo isso: onde encontrarão um/a professor/a interessado neles, amigo/a, companheiro/a, exercendo o tempo todo o diálogo, sabendo ouvir e falar, respeitando um por um e promovendo o trabalho em equipe.
 
Lembro do André, garoto inteligente mas muito reservado, de poucas falas, que, entretanto, gostava muito de gibis e games (jogos), e ficava muito aborrecido com os/as professores/as, pois todos lhe tolhiam o que mais lhe dava prazer. E me perguntava: "Por que gibis e jogos não podem ser utilizados na escola?". Bem, eu tinha vontade de responder que, na verdade, podiam sim, era apenas uma questão de inseri-los pedagogicamente no processo ensino-aprendizagem, mas não podia atropelar a "autoridade" dos/as professores/as.
 
Coloco autoridade entre aspas, pois considero que professor/a que grita, que entra em combate com seus alunos a cada nova aula, que gasta dez minutos para conseguir ser respeitado, não tem verdadeira autoridade, na verdade não entendeu seu papel educador.
 
Se queremos melhor qualidade em sala de aula, iniciemos entendendo melhor a educação, e tratemos de nos educar, o que fatalmente nos levará a respeitar os que estão conosco, não importa a idade, então caminhando com eles, o que certamente trará paz às nossas salas de aula, e um rendimento escolar muito acima do que temos visto.
 
Isso dá trabalho, é verdade, mas as consequências, os resultados são tão positivos que nunca mais esse/a professor/a vai querer saber de silêncios, gritos e advertências. O estresse vai ficar bem longe da sala de aula.

Comentários

Unknown disse…
A dinâmica da sala de aula passa por vários entraves, na década de 80 as licenciaturas muniam os docentes de estratégias de motivação. Um pedagogo deveria destinar 30 minutos para técnicas de motivação contidas em um livro de nome "1001 Práticas de motivação" pois se acreditava que a educação tradicional estava ultrapassada e que a tinha estava fadado ao fracasso.
O resultado foi pouca ênfase na parte mecânica da alfabetização e maior no prazer do lúdico na escola, e assim alunos defasados.
Com as tecnologias foi dado a cada educador da rede pública de um certo estado, Agora já em 2013, um tablet, mas não uma formação de para seu uso e recursos, este caiu em desuso.
Nesse mesmo estado fala-se de um currículo histórico-crítico e pouca formação.
A formação docente enfrenta tais desafios, época muito preparo e pouco espaço para o devido direcionamento, épocas nenhum preparo e muita discussão.
A falta não é dos manuais ou das reflexões mas de profissionais que se desafiem e tenham humildade em aceitar novas ideias que deem conta do pensamento do educando e do currículo que a sociedade precisa do aluno.
Dizem que o objetivo é passar no vestibular, outros que é um ser humano integral, outros um ser crítico e ainda os que dizer ser humano feliz. Digo que quando se tem metas bem esclarecidas e uma mente aberta as dificuldades viram desafios e na origem da educação, ou a legítima quando os discípulos seguiam seus mestre na antiga Grécia. Hoje um professor deve ir além do conteúdo sem deixar o cuspo e giz mas não ficar atrelado ao livro didático.


Professor não estuda 4 anos para usar livro didático, o educando deve se espelhar em alguém capaz e determinado. Dominar o conteúdo sem recursos é obrigação, ser apaixonado pelo conteúdo é ótimo mas garantir a aprendizagem pela satisfação em aprender é visionário.

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