Marcus De Mario
A luta de uma jovem professora em compreender seus alunos da periferia de uma grande cidade americana, envolvidos com gangues de rua, tráfico de drogas, famílias esfaceladas, violência, ao mesmo tempo em que luta para se desamarrar de uma burocracia sufocante e de um fazer pedagógico alienante em sua escola, estão no filme Escritores da Liberdade, que assisti novamente, pois quando o filme é bom, quando a história é envolvente, merece nossa atenção várias vezes. É o prazer do cinéfilo que revisita a obra que lhe sensibilizou quando da primeira vez que assistiu. E Escritores da Liberdade é baseado em fatos reais, contando a história da professora Erin Gruwell, que relata essa luta, junto com seus alunos, em coautoria, no romance Diário dos Escritores da Liberdade. Seu trabalho deu origem a uma fundação educacional que trabalha um novo modelo pedagógico para as escolas.
No filme vemos as barreiras criadas pela coordenadora da escola, que possuía pensamento tradicional e era contra o projeto de inclusão de alunos ditos problemáticos na escola. Para ela, a queda da qualidade do ensino se dava pela entrada daquele “bando” de jovens violentos e drogados. Assim pensando, deixava-os isolados numa turma, na pior sala da escola, recusando-se a partilhar com eles os materiais pedagógicos que poderiam contribuir para o desenvolvimento deles, que, aliás, ela não acreditava que fosse possível acontecer. Essa desesperança pedagógica é a pior coisa que pode acontecer no processo educacional, pois estimula esteriótipos e discriminações, que eram visíveis nos professores em relação aos alunos que vinham dos bairros periféricos da cidade, a maioria composta por negros, além de latinos e asiáticos imigrantes.
A professora Erin Gruwell venceu todas as barreiras e transformou o ensino, fazendo com que seus alunos, sucessivamente, passassem de ano, e alguns inclusive chegaram à universidade. Quem disse que um novo olhar sobre a educação e acreditar nos alunos, não transforma o ensino e dá bons resultados? Aliás, bons resultados é pouco, na verdade estamos falando e constatando de excelentes resultados.
Trazendo o filme Escritores da Liberdade para o âmbito da Educação do Espírito, como entende o Espiritismo, mais particularmente para o processo da evangelização espírita, percebemos nitidamente a necessidade de aprimoramento dos procedimentos pedagógicos normalmente desenvolvidos nas instituições espíritas, muitas das quais estão paradas no tempo, repetindo à exaustão velhos e ultrapassados procedimentos que, se tempos atrás davam bons resultados, já não satisfazem as novas gerações, portanto, necessitam de transformação.
Essa transformação deve ter início pelo entendimento que o Espiritismo é essencialmente doutrina de educação do Espírito reencarnado, requerendo, portanto, um estudo mais acurado, num olhar mais pedagógico. Esse estudo apresentamos no livro Educação Com o Cristo, onde desdobramos diversas questões do magistral diálogo entre Allan Kardec e os Espíritos Superiores, apresentado em O Livro dos Espíritos. Destacamos dessa obra perguntas e respostas diretamente ligadas à educação, apresentando estudos e práticas para aplicação na família, na escola e na evangelização. Tivemos o apoio da Federação Espírita do Estado de Goiás, que fez o lançamento de Educação Com o Cristo, onde também destacamos os ensinos morais de Jesus, com seu entendimento e vivência.
Não podemos deixar de destacar o pensamento pedagógico do educador espírita José Herculano Pires, pensamento esse reunido no livro Pedagogia Espírita, de grande valor, e que todo evangelizador espírita deveria ler, estudar e meditar.
Foi pensando no exemplo inovador e dinâmico da professora Erin Gruwell, com seus escritores da liberdade, que não podemos deixar de mencionar a existência da Revista Educação Espírita, que bimestralmente entrega aos educadores espíritas artigos, práticas, reflexões, entrevistas, projetos, com o objetivo de dinamizar a educação do Espírito. A Revista Educação Espírita tem distribuição gratuita no formato digital, que pode ser lido no celular, no tablet e no computador.
Nenhum comentário:
Postar um comentário