Entendamos que não estamos falando da educação intelectual, cognitiva, preocupada em desenvolver habilidades, em capacitar profissionalmente. Se, por um lado, isso não deixa de ter sua importância e necessidade, não é suficiente, pois, como diz o benfeitor espiritual Emmanuel, através do médium Chico Xavier, é preciso desenvolver de forma integrada as duas asas da evolução: a inteligência e o sentimento, no que está de acordo o educador Pestalozzi, que consideramos o maior educador que esta humanidade já viu depois de Jesus, e que discursava e praticava exatamente o que o Espiritismo defende. Pestalozzi foi o precursor do movimento das escolas novas ou democráticas e, posteriormente, das escolas inovadoras. A compreensão sobre a educação moral do espírito reencarnado, com sua aplicação, será um diferencial na evolução humana.
Podemos inferir que a educação moral é a maior caridade que podemos fazer em relação ao próximo, principalmente na orientação aos filhos, dando-lhes bons exemplos, motivo pelo qual também dizemos, como o diz o educador espírita Ney Lobo, que “fora da educação não há salvação”, pois é a educação das novas gerações que determina o futuro da humanidade. Uma educação materialista, que não corrige as más tendências de caráter que o espírito traz, nem lhe desenvolve as virtudes, terá como consequência uma humanidade egoísta, imediatista e desumanizada, pois a área sentimento estará de lado, não sendo prioridade. Já uma educação espiritualista, como propõe o Espiritismo, terá como consequência o oposto desse quadro, gerando seres humanos mais sensíveis, preocupados com o bem estar do próximo.
Os dois lemas, “fora da caridade não há salvação” e “fora da educação não há salvação”, não se excluem, pelo contrário, se complementam. Não se trata de escolher um ou outro, ou saber qual está com a verdade, pois os dois lemas são interativos entre si. A caridade é a expressão do amor, e a educação é a expressão da caridade. Educar é um ato de amor, é ação do amor para o bem do outro, visando o bem de todos, portanto, os dois lemas convivem em perfeita harmonia.
Não devemos confundir a caridade apenas com as ações de distribuir gêneros alimentícios a quem tem fome; roupas a quem está em penúria; atendimento médico a quem está com problemas de saúde. Claro que todas essas coisas são expressões da caridade, mas aprendemos com a doutrina espírita que a maior caridade é a caridade moral, a que orienta espiritualmente, dá o ombro amigo, alicerça a fé e a esperança, retira alguém da depressão. A educação, entendida como educação moral, é a grande expressão da caridade.
Somente o amor pode educar, já afirmava Pestalozzi, e o amor foi proclamado por Jesus, o guia e modelo da humanidade, como o fundamento da vida, o caminho para nos elevarmos acima da matéria, e isso ele deixou bem claro ao dizer que a lei e os profetas podem ser resumidos em dois mandamentos: amar a Deus acima de todas as coisas, e ao próximo como a si mesmo. É exatamente o que devemos trabalhar no processo educacional, e o que não está acontecendo, pois ensina-se muitas coisas às crianças e aos jovens, menos o que é essencial, que é invisível aos olhos, na feliz expressão de Saint-Exupery em sua encantadora obra O Pequeno Príncipe.
O Espiritismo é doutrina de educação do espírito reencarnado, portanto, pode proclamar que a maior caridade que devemos fazer está em promover a educação, moralizando e espiritualizando, visando o futuro. É nesse entendimento que unimos os dois lemas, e assim podemos afirmar que fora educação, que é a maior caridade, não há salvação para os homens e para a humanidade.