segunda-feira, 18 de agosto de 2025

Fora da educação não há salvação


Marcus De Mario

Quem estuda com seriedade o Espiritismo, depara-se com o lema “fora da caridade não há salvação”, expresso por Allan Kardec no item 7 do capítulo 16 de O Evangelho Segundo o Espiritismo, no entendimento que a caridade, representando o amor em ação, é o caminho para gerar a felicidade no mundo terreno e na continuidade da vida no mundo espiritual. Para sermos caridosos precisamos destruir o egoísmo que ainda faz morada em nossa alma, e o codificador espírita, no comentário à resposta dada pelos espíritos na questão 917 de O Livro dos Espíritos, nos diz que somente a educação moral pode levar os seres humanos a esse resultado, ou seja, a destruição da maior chaga moral da humanidade, substituindo o egoísmo pela caridade. Lembramos então que se a educação não pode, sozinha, resolver todos os problemas humanos, sem a educação esses problemas não serão resolvidos, tanto que planos econômicos, leis severas, ações de segurança pública, não conseguem resolver as injustiças sociais e a violência, isso porque deixam a educação em segundo plano ou nem a levam em consideração.


Entendamos que não estamos falando da educação intelectual, cognitiva, preocupada em desenvolver habilidades, em capacitar profissionalmente. Se, por um lado, isso não deixa de ter sua importância e necessidade, não é suficiente, pois, como diz o benfeitor espiritual Emmanuel, através do médium Chico Xavier, é preciso desenvolver de forma integrada as duas asas da evolução: a inteligência e o sentimento, no que está de acordo o educador Pestalozzi, que consideramos o maior educador que esta humanidade já viu depois de Jesus, e que discursava e praticava exatamente o que o Espiritismo defende. Pestalozzi foi o precursor do movimento das escolas novas ou democráticas e, posteriormente, das escolas inovadoras. A compreensão sobre a educação moral do espírito reencarnado, com sua aplicação, será um diferencial na evolução humana.


Podemos inferir que a educação moral é a maior caridade que podemos fazer em relação ao próximo, principalmente na orientação aos filhos, dando-lhes bons exemplos, motivo pelo qual também dizemos, como o diz o educador espírita Ney Lobo, que “fora da educação não há salvação”, pois é a educação das novas gerações que determina o futuro da humanidade. Uma educação materialista, que não corrige as más tendências de caráter que o espírito traz, nem lhe desenvolve as virtudes, terá como consequência uma humanidade egoísta, imediatista e desumanizada, pois a área sentimento estará de lado, não sendo prioridade. Já uma educação espiritualista, como propõe o Espiritismo, terá como consequência o oposto desse quadro, gerando seres humanos mais sensíveis, preocupados com o bem estar do próximo.


Os dois lemas, “fora da caridade não há salvação” e “fora da educação não há salvação”, não se excluem, pelo contrário, se complementam. Não se trata de escolher um ou outro, ou saber qual está com a verdade, pois os dois lemas são interativos entre si. A caridade é a expressão do amor, e a educação é a expressão da caridade. Educar é um ato de amor, é ação do amor para o bem do outro, visando o bem de todos, portanto, os dois lemas convivem em perfeita harmonia.

Não devemos confundir a caridade apenas com as ações de distribuir gêneros alimentícios a quem tem fome; roupas a quem está em penúria; atendimento médico a quem está com problemas de saúde. Claro que todas essas coisas são expressões da caridade, mas aprendemos com a doutrina espírita que a maior caridade é a caridade moral, a que orienta espiritualmente, dá o ombro amigo, alicerça a fé e a esperança, retira alguém da depressão. A educação, entendida como educação moral, é a grande expressão da caridade.

Somente o amor pode educar, já afirmava Pestalozzi, e o amor foi proclamado por Jesus, o guia e modelo da humanidade, como o fundamento da vida, o caminho para nos elevarmos acima da matéria, e isso ele deixou bem claro ao dizer que a lei e os profetas podem ser resumidos em dois mandamentos: amar a Deus acima de todas as coisas, e ao próximo como a si mesmo. É exatamente o que devemos trabalhar no processo educacional, e o que não está acontecendo, pois ensina-se muitas coisas às crianças e aos jovens, menos o que é essencial, que é invisível aos olhos, na feliz expressão de Saint-Exupery em sua encantadora obra O Pequeno Príncipe.

O Espiritismo é doutrina de educação do espírito reencarnado, portanto, pode proclamar que a maior caridade que devemos fazer está em promover a educação, moralizando e espiritualizando, visando o futuro. É nesse entendimento que unimos os dois lemas, e assim podemos afirmar que fora educação, que é a maior caridade, não há salvação para os homens e para a humanidade. 

Podcast - A discriminação racial e o espírito


Assista agora o episódio #0133 do podcast Análise & Crítica, trazendo o tema A discriminação racial e o espírito.

Segundo a doutrina espírita, somos todos irmãos.

Ouça e reflita!

O episódio está disponível em:

terça-feira, 12 de agosto de 2025

Vídeo - Ensinar ou educar?


Da série Educação Espírita, aqui está o vídeo do episódio Ensinar ou Educar?, onde, através da Doutrina Espírita, refletimos sobre as diferenças e aproximações entre o ensinar e o educar.

Toda terça-feira, sempre às 09 horas, temos um novo vídeo publicado.

Acompanhe e assista no canal Orientação Espírita:

segunda-feira, 11 de agosto de 2025

Artigo - O amor e a educação


Leia meu artigo O Amor e a Educação, publicado na revista semanal O Consolador.

Será que o amor pode ser desenvolvido? Qual o papel da educação na área sentimento? O que explica o Espiritismo a respeito desse tema?

Leia o artigo acessando o link:

Programas na internet


Semanalmente produzo e apresento dois programas:

Espiritismo e Educação - em parceria com Ronaldo Gomes, indo ao ar toda segunda-feira, às 20h30, pela Web Rádio Estação da Luz.

O Evangelho em Espírito e Verdade - toda quinta-feira, às 17 horas, pela Web Rádio Cristo Consolador.

E quinzenalmente, em parceria com Dircinéia Lima, vai ao ar o programa Na Era do Espírito, na sexta-feira, 21h00, pelo Portal do Consolador.

Os programas são transmitidos através do Facebook e do YouTube.

Os vídeos desses programas ficam depois disponíveis no canal Orientação Espírita:

Podcast - Sala de aula x espaço de convivência


Já está disponível o novo episódio de Análise & Crítica, com o tema Sala de Aula x Espaço de Convivência, onde trato de um novo conceito de ensinar e aprender, uma nova dinâmica no trabalho escolar.

Assista ao novo episódio em:

Toda segunda-feira pela manhã você tem um novo episódio no podcast Análise & Crítica.

Aulas prontas x personalizadas


Durante muito tempo, recordando minha atuação como evangelizador espírita, limitava-me a dar aula utilizando materiais prontos apostilados que eram fornecidos pela Federação Espírita Brasileira e outras federativas, num momento em que, lá pelos anos 70 e 80 do século passado, quase nada tínhamos que nos auxiliasse nesse trabalho. E tenho muita gratidão pelos educadores dessas federativas que iniciaram o movimento de evangelização espírita infantojuvenil, dando-nos suporte e materiais para que pudéssemos evangelizar. Com os anos trazendo-nos experiência e estudos, principalmente nas áreas de Pedagogia e Psicologia, começamos a nos distanciar desse material apostilado, elaborando materiais próprios e adaptando teorias pedagógicas para melhor atendimento às necessidades e ritmos apresentados pelas crianças e jovens, que são espíritos reencarnados.

Foi nessa época que ingressamos no Departamento de Educação da então Useerj – União das Sociedades Espíritas do Estado do Rio de Janeiro, trabalhando com o educador Lydiênio Barreto de Menezes, com quem muito aprendemos, e ampla equipe de devotados educadores, promovendo seminários e encontros sobre educação espírita que percorreram todo o estado. Movimentamos os espíritas em torno de propostas pedagógicas dinâmicas e humanizadas, reunindo professores, evangelizadores e pais em ambientes de fraternidade e troca incessante de ideias e práticas educacionais que muito nos enriqueceram. Temos saudosa memória dos eventos com os educadores Ney Lobo e Adalgiza Balieiro, entre outros, que nos trouxeram suporte inestimável à luz do Espiritismo.

É também desse período de minha vida os estudos pedagógicos no ensino superior, contextualizando os conhecimentos adquiridos na faculdade com os princípios da doutrina espírita, o que me fez tomar outro caminho na evangelização espírita infantojuvenil, abolindo as aulas apostiladas já prontas, e substituindo-as por temas geradores de conversas e pesquisas, permitindo aos evangelizandos a construção e desenvolvimento de conhecimentos e de valores morais, fazendo-os pensar, querer conhecer e praticar o que aprendiam. É claro que as dificuldades apareceram, assim como as incompreensões, mas aprendi que a sala de aula deve ser substituída pelo espaço de aprendizagem, e que as aulas prontas devem ser substituídas pelas atividades personalizadas, atendendo as individualidades, que devem trabalhar em conjunto, fazendo pesquisas, explorando a cultura humana, os conhecimentos diversos e elaborando conceitos e práticas éticas no relacionamento com os outros.

Foi assim que surgiu a Pedagogia da Sensibilidade e a Escola do Sentimento, esta tendo por base o trabalho do educador Pestalozzi, ambas voltadas para a escola, e na sequência o Projeto Educação do Espírito, dedicado à evangelização espírita. Muitos anos de trabalho, pesquisa e estudo que valeram úteis aprendizados e consolidaram minha convicção que o Espiritismo é doutrina de educação do ser humano, que por sua vez é um espírito reencarnado, e isso tem implicações pedagógicas amplas e profundas.

Respeitar o espírito com suas ideias inatas e tendências de caráter, inserido num novo contexto cultural através da reencarnação, é muito importante, lembrando que cada espírito possui seu ritmo de aprendizado, e que no período infantil ele está mais flexível para receber as boas influências da educação que, nos lembra Kardec, deve ser prioritariamente a educação moral, aquela que lhe dá bons hábitos, corrige más tendências e desenvolve o bom caráter. Mas isso não pode ser feito por imposição dos educadores, nem terá real proveito se não sair do terreno da teoria, por isso temos que não mais dar aula, e sim promover o convívio, a participação, colocando-nos na postura de orientadores, facilitadores e incentivadores do processo educacional, permitindo que esse espírito faça a caminhada de sua evolução por si mesmo, querendo o bem porque sente que o bem é útil para ele e para os outros.

As aulas prontas, apostiladas, assim como o livro didático com exercícios, tiveram seu tempo e sua utilidade; assim como o evangelizador ensinando, dando aula, teve igualmente o seu tempo e sua utilidade. Esse modelo não serve mais. O ser humano – espírito reencarnado – é um ser complexo que não pode ficar sentado tentando aprender o que lhe é ensinado. Ele possui o potencial divino, em germe, nas áreas da inteligência e do sentimento, que está desenvolvendo ao longo das experiências corporais físicas, trazendo em si uma bagagem de conquistas que deve ampliar e, muitas vezes, corrigir, melhorar, o que somente conseguirá se tiver espaço para se exprimir, para pensar e para fazer.

A evangelização espírita infantojuvenil, que deve também abranger os pais, tornando-se evangelização espírita da família, necessita de uma nova dinâmica a partir do estudo e compreensão da filosofia espírita da educação e de sua consequente pedagogia espírita, num processo humanizado e espiritualizado, visando a construção de um novo ser humano e uma nova humanidade, onde o amor e a caridade sepultarão de vez o egoísmo e o orgulho e, olhando para a eternidade à frente, os valores morais e espirituais da vida fazerem com que ele alce o voo da alma imortal, assim encontrando a paz e a felicidade, hoje um sonho, mas amanhã uma realidade.

terça-feira, 5 de agosto de 2025

Vídeo - Como Trabalhar os Limites

 

A série Educação Espírita traz para você um tema instigante e ao mesmo tempo muito importante: Como Trabalhar os Limites.

Você conhecerá, com o educador Marcus De Mario,a visão do Espiritismo sobre esse tema.

Assista o vídeo, que tem aproximadamente 9 minutos, e acompanhe semanalmente a série, pois um novo vídeo é publicado toda terça-feira, às 09 horas, fazendo sua inscrição no canal Orientação Espírita:

segunda-feira, 4 de agosto de 2025

Podcast - Violência não pode ser justificada


Está no ar o episódio #0131 - Violência Não Pode Ser Justificada, do podcast Análise & Crítica, onde mostro que a violência tem por base o egoísmo e o orgulho, e como somos filhos de Deus, portanto somos irmãos, o que deve prevalecer é a fraternidade e a solidariedade, e isso começa na família e deve ter continuidade na escola.

Assista o episódio em:

E acompanhe o podcast Análise & Crítica toda segunda-feira, com temas educacionais e sociais analisados através dos princípios da Doutrina Espírita.

O Ideal e a realidade


Já dizia o saudoso economista, jornalista e comentarista Joelmir Beting que “na prática a teoria é outra”, referindo-se à questão que nem sempre o que é estudado, teorizado e planejado, é o que, de fato, acontece na prática. Isso vale também para a educação. Temos leis que estabelecem boas diretrizes e bons programas, assim como temos projetos pedagógicos que são muito bons, mas tanto as leis quanto os projetos se perdem no caminho até chegar à escola, ou pelo menos ficam nela engavetados, e vemos tudo sempre funcionar como sempre funcionou: os professores dando aula, as avaliações sendo feitas com provas e notas, as salas de aula continuando a existir, e assim por diante, num quadro que já está desgastado de tanto ser repetido. Infelizmente isso também acontece no cenário da evangelização espírita.

Embora o Espiritismo seja doutrina de educação e tenha um manancial pedagógico e metodológico muito bem estruturado, continuamos a assistir os centros espíritas utilizarem evangelizadores de boa vontade, mas sem o devido preparo pedagógico, e as crianças ficam então submetidas a um copia e cola de apostilas prontas, músicas muitas vezes fora de contexto, contação de histórias sem o devido preparo e dinâmica, isso quando a evangelização espírita na verdade não passa de um espaço onde se tomam conta de crianças com a prática de atividades recreativas e algum ensino dos princípios da doutrina. Mas será que a evangelização espírita é sinônimo de ensinar o Espiritismo?

Não estamos generalizando, pois sabemos que existem escolas de evangelização espírita muito boas, com os evangelizadores compenetrados de sua missão. Estamos fazendo uma constatação: muitas escolas de evangelização espírita deixam a desejar, com uma prática pedagógica que está muito longe do que propõe o Espiritismo, assim como se faz distante das melhores ideais e práticas educacionais. Isso ocorre por vários fatores, entre eles, a não vinculação dos membros diretores do centro espírita com a evangelização. Muitos sequer sabem algo da e sobre a evangelização, atendo-se apenas às reuniões públicas de palestra, ao grupo mediúnico e outras atividades, deixando o atendimento às crianças e aos jovens para os responsáveis pelo Departamento de Infância e Juventude, normalmente isolado num horário de fim de semana, ou exercendo sua atividade em conjunto com uma reunião pública noturna e, nesse caso, a bem da verdade, temos de convir que 40 a 50 minutos semanais é bem pouco para desenvolver um trabalho pedagógico de profundidade.

Allan Kardec, junto com os Espíritos Superiores, estabelece em O Livro dos Espíritos, a obra que lançou o Espiritismo ao mundo, e portanto é a obra básica para quem quer conhecer e praticar a Doutrina Espírita, a educação moral como o antídoto ao egoísmo e ao orgulho, que ainda nos caracterizam e realizam tantos males na humanidade. Mostra que a educação moral deve combater as más tendências de caráter do Espírito reencarnado, ao mesmo tempo em que deve estimular o desenvolvimento das virtudes, tendo como roteiro os ensinos morais de Jesus, que estuda magistralmente em O Evangelho Segundo o Espiritismo.

A base pedagógica está nas obras da Codificação Espírita, e essas bases são estudadas e desdobradas por vários educadores que nos legaram obras que nem sempre são divulgadas e estudadas como deveriam ser.

Façamos aqui um esforço de memória para trazer ao leitor alguns desses importantes educadores espíritas: Léon Denis, José Herculano Pires, Anália Franco, Eurípedes Barsanulfo, Ney Lobo, Walter Oliveira Alves, Dalva Silva Souza, Lucia Moysés, Sandra Borba Pereira, Heloísa Pires, Thomás Novelino, Adalgiza Balieiro, Leopoldo Machado, Cecília Rocha, Dora Incontri. Citamos alguns, de memória, pedindo já desculpas por eventuais omissões. Dos educadores espíritas citados, alguns não escreveram livros, mas deixaram exemplos notáveis em projetos pedagógicos bem sucedidos, tanto na evangelização quanto em escolas oficiais. A produção literária educacional é bem ampla, e convidamos o leitor a uma pesquisa na internet que será bastante salutar.

Como vemos, não faltam literatura e projetos pedagógicos espíritas para orientar e dinamizar as escolas de evangelização dos centros espíritas, mas acreditamos que palestras, seminários, congressos e cursos sobre educação na visão espírita estejam faltando, ou deveriam ser ampliados e feitos mais constantemente, pois não basta a boa vontade de quem quer evangelizar, é necessário ter oportunidade de se qualificar pedagogicamente através do Espiritismo.

Pode ser que, ainda durante um tempo mais ou menos longo, continuemos a ter uma prática distanciada da teoria, mas a aproximação e fusão entre a teoria e a prática da educação espírita pode e deve ser feita, competindo aos dirigentes espíritas se conscientizarem que somente através da educação moral, ou educação do Espírito, haveremos de realizar a transformação moral da humanidade.

Fora da educação não há salvação

Marcus De Mario Quem estuda com seriedade o Espiritismo, depara-se com o lema “fora da caridade não há salvação”, expresso por Allan Kardec ...