Uma nova onda toma conta da sociedade: os bebês reborn (significando renascido). São bonecas artesanais feitas à mão com a máxima perfeição, muito semelhantes a um bebê humano, chegando mesmo a confundir as pessoas. No seu surgimento essas bonecas serviam como objeto cenográfico para o cinema e a televisão, passando depois a objeto de colecionadores, e agora sendo encomendadas por pessoas que utilizam esses bebês artesanais como se fossem bebês humanos, cuidando deles como se fossem verdadeiros, chegando mesmo a passear com eles em carrinhos, levando-os ao shopping e até mesmo querendo vaciná-los no posto de saúde, havendo quem reivindique terem essas bonecas direito a carteira de identificação oficial. Esse movimento é muito semelhante ao que outras pessoas fazem com os pets, principalmente cães e gatos, tratando-os como se fossem seres humanos, tendo a capacidade de tudo fazer por eles, mas tendo muita dificuldade de se relacionar com os seres humanos. Naturalmente devemos bem cuidar dos animais, mas daí a tratá-los melhor que os semelhantes, mostra que algo está errado, pois como podemos amar mais uma boneca ou um pet, do que o nosso semelhante, quando o mandamento maior da lei divina é que amemos uns aos outros?
Muitas pessoas têm evidente problema em se relacionar com os seus semelhantes, preferindo amar um objeto, uma ideia, um animal ou um boneco que imita um ser humano, isso porque é uma relação unilateral, pois objetos e ideias não falam, não interagem, não acarretam problemas. Os animais não falam, mas interagem, embora de forma bem mais limitada que os seres humanos, sendo, portanto, passíveis de controle. Então, é mais fácil tomar esse caminho do que enfrentar a si mesmo e trabalhar para o melhor relacionamento com o próximo, evidenciando uma fuga psicológica que, normalmente, remonta a problemas existenciais de encarnações passadas, assim como à fixação da monoideia, ou seja, a ideia fixa em fugir de si mesmo e, principalmente, do relacionamento com outras pessoas. Isso não quer dizer que todos os caos tenham essas duas causas, pois sabemos no estudo da Doutrina Espírita, que as causas são variáveis, inclusive com origem nesta existência; apenas estamos salientando duas causas muito recorrentes e que merecem, portanto, nossa atenção.
Também não estamos afirmando que todos os casos que envolvem a utilização de bebês reborn sejam casos de grave desequilíbrio psicológico, mas manifestam algum desvio de comportamento social, pois não há como justificar que uma mulher compareça a um posto de saúde exigindo que sua boneca seja vacinada e receba a carteira de saúde, pois isso, evidentemente, é uma aberração, ou que, realizando uma viagem, compre passagem para assentar ao seu lado a suposta criança que, na verdade, não passa de um objeto artesanal imitando um ser humano.
Lembram-nos os Espíritos Superiores que muitas pessoas são capazes de entregarem a própria vida por um objeto inanimado, mas não são capazes de amar, por exemplo, um filho, mostrando, desse modo, serem portadoras de profundo problema emocional, carecendo do devido tratamento, tanto psicológico quanto espiritual.
Estamos encarnados para trabalhar conosco mesmos na superação de traumas oriundos de vidas passadas, ou desta existência, através dos aprendizados que a vida nos entrega, sejam na forma de provas ou expiações, pois nada é castigo divino, tudo é oportunidade de aprendizado. E nesses aprendizados, ressaltamos aquele que é de maior significado: aprendermos a nos amarmos, ou seja, desenvolvermos cada vez mais o sentimento de uns pelos outros, cumprindo assim o ensinamento de Jesus: amai-vos uns aos outros.
Como estamos na Terra, devemos cuidar das plantas, dos animais, das ideias, dos objetos, mas fazendo isso com equilíbrio, sem exageros prejudiciais, sem fazer deles substituição aos seres humanos com quem devemos nos relacionar sadiamente, pois somos seres de relação e não adianta fugir de dissabores, como muitas pessoas alegam, pois é junto aos outros que aprenderemos a desenvolver a compreensão, a tolerância, a calma, a paciência, a resignação, a fraternidade, a solidariedade, enfim, virtudes que nos engrandecem e permitem o nosso crescimento espiritual.
A onda da utilização dos bebês reborn é mais um atestado da nossa inferioridade moral, do quão somos espíritos imperfeitos, do quanto estamos vinculados às coisas materiais, que fazemos verdadeiro caminho de fuga de nós mesmos, que trazemos a consciência culpada perante a lei divina.
Somos muito necessitados da educação moral, do socorro psicológico e do amparo divino, que nunca nos falta, para que possamos superar esse verdadeiro transtorno e, finalmente, conseguirmos amar uns aos outros, e não dependermos de subterfúgios para continuar a viver.