De que Escola Estamos Falando?

Este artigo também poderia ser chamado de "Onde Está a Dignidade Humana?". Inicio com dados oficiais referentes aos anos 2007/2008, publicados pelo MEC (Ministério da Educação), Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Anísio Teixeira), Unesco (Órgão das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura) e OEA (Organização dos Estados Ibero-Americanos), dados esses que mostram uma perfeita radiografia das escolas públicas brasileiras de educação básica:

1. Existem 168,2 mil escolas públicas de educação básica.
2. 5 mil não possuem acesso a luz elétrica.
3. 2 mil não têm água potável.
4. Em 12% das escolas (20,1 mil) não há lugares suficientes para os alunos se sentarem.
5. 50% das crianças de 1ª a 5ª série na zona rural, e 25% nas escolas urbanas, têm aulas em prédios considerados ruins.
6. 11.088 estabelecimentos de ensino fundamental carecem de sanitários.
7. 50% dos professores brasileiros estão insatisfeitos com as instalações, equipamentos e materiais didático-pedagógicos da escola.
8. A maior parte das escolas foi construída a 20 ou 30 anos, e não têm malha elétrica para suportar computadores.
9. Em 95% da rede pública não há rampas ou vias de acesso para alunos e professores com mobilidade reduzida.
10. A defasagem idade-série é de 28,5% na 4ª série, 33,8% na 8ª série e 41,3% no ensino médio.
11. 53,9% de alunos do ensino fundamental (18 milhões) e 30,2% do ensino médio (2,7 milhões de jovens) não têm acesso a bibliotecas.
12. Das 91,5 mil escolas rurais de ensino fundamental, menos de 600 possuem laboratórios de informática.
13. Apenas 5,6 mil escolas rurais contam com bibliotecas.
14. As escolas públicas lutam com problemas de reposição de professores faltosos e a rotatividade de profissionais.
15. Faltam inspetores de alunos, coordenadores pedagógicos, orientadores educacionais, supervisores escolares, bibliotecários, merendeiras, serventes e outros profissionais de apoio.
17. 45% de alunos do ensino fundamental estudam em escolas sem quadra de esporte.
18. 34,8% de alunos do ensino médio estudam em escolas sem laboratório de informática.

Diante dessa radiografia nada animadora, com diagnóstico de internação urgente do paciente - no caso a escola pública - em unidade de tratamento intensivo, o que dizer quando o governo federal afirma que até o final de 2010 colocará computadores em todas as escolas?

O que dizer quando o Ministro da Educação anuncia que vamos fechar o ano com 4,4% do PIB (Produto Interno Bruto) aplicado na educação, quando o mínimo seria 6% e o ideal ficaria entre 8% e 10%?

O que dizer quando descobrimos que o governo gasta aproximadamente R$900,00 anuais com um aluno, quando o ideal é o dobro dessa quantia?

O que dizer quando bilhões de dólares são gastos da noite para o dia para salvar especuladores, agências financiadoras e bancos da crise financeira, quando eles mesmos criaram a crise?

Como ter uma nação melhor, como combater os bolsões de miserabilidade nas zonas urbanas e rurais, como extirpar a corrupção se a última coisa em que se pensa neste país é educação? E quando pensamos na educação, os esforços são sempre mínimos, contraditórios, recheados de discursos politicamente corretos e com pouca eficácia?

Boa qualidade na educação também depende de boas escolas em funcionamento. Mas isso é sonho para poucos. Luz elétrica, banheiro, carteiras para todos, biblioteca, laboratório de ciência e de informática e quadra de esporte passam longe de milhões de alunos do ensino fundamental e médio.

A responsabilidade não é só do governo federal, não se restringe às ações do Ministério da Educação. Ela é compartilhada, e com grande peso, pelos governos estaduais e municipais que, respectivamente, cuidam do ensino médio e do ensino fundamental.

Uma grande nação é construída pela educação. Uma educação que trabalhe valores humanos, ética, cidadania, espiritualidade do ser, humanização das ações, com o olhar voltado para o futuro enquanto mantém no hoje os pés no chão.

Apesar do diagnóstico ruim, preocupante, afirmamos que a escola pública tem solução, e que essa solução está intimamente associada à vontade política de fazer, de implementar ações continuadas, para que o quadro esteja muito melhor num prazo de cinco a vinte anos.

E nossa participação, como cidadãos, nesse processo de melhoria da escola pública é imprescindível.

Pensemos nisso!

Comentários

Selma Trigo disse…
Realmente estamos vivendo um momento de crise no contexto educacional. Porém a pior crise que estamos vivendo é o da falta de consciência humana.
Falta aos homens responsáveis pela direção de nosso país , nas mais diversas áreas de ação social que ocupam, a consciência cidadã, que está pautada no "servir ao próximo como a si mesmo" ou "faça ao outro o que gostaria que lhe fizesse."
Olha que são afirmativas significativas e expressadas há mais de dois mil anos, por um dos maiores Educadores que já passou pelo nosso planeta, chamado Jesus.
Enquanto o egoísmo dominar os sentimentos humanos, a decadência das ações será cada vez mais significativa.
Não haverá partido político, posição social, nível cultural, que possa mudar esse quadro triste da educação, se o Homem, no seu mais amplo sentido não transformar seus valores, em reais valores espirituais.
Todos nós cidadãos,somos de alguma forma responsáveis por essa decadência educacional, de acordo com a posição que ocupa e a responsabilidade que assumi, diante da sociedade em que vive.
A educação é a mola mestra da superação de muitos males hoje existentes. Ela ensina a cuidar do corpo e a desenvolver a alma no seu mais amplo sentido.
Grandeza espiritual é o que está faltando na mente e no coração.
O sistema educacional está pintado de cal só para mascarar a realidade,pois precisamos apresentar resultados para os países de primeiro mundo, senão como ficamos?
Sabemos que uma andorinha só não faz verão, entretanto duas,três ou mais, já é possível.Então, façamos a nossa parte, e bem, pois assim, de alguma forma, estaremos contribuindo.
É um trabalho de formiguinha, porém significativo quando assumimos nosso papel na sociedade com dignididade necessária diante da profissão que escolhemos.
Pensemos nisso!

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