sexta-feira, 26 de abril de 2013

Aprendizado ruim é o retrato da educação brasileira

De acordo com o relatório "De Olho nas Metas 2012", produzido pelo Movimento Todos Pela Educação, "Os anos finais do Ensino Fundamental e o Ensino Médio apresentam hoje os dados mais preocupantes de desempenho do País. O Brasil tem hoje, na segunda etapa do Ensino Fundamental, apenas 27% dos alunos com aprendizado adequado em língua portuguesa e 16,9% em matemática. Apesar de terem crescido de 2009 para 2011, as duas taxas estão abaixo das metas traçadas pelo Todos Pela Educação, que eram de 32% para língua portuguesa e de 25,4% para matemática. No Ensino Médio, o desempenho é ainda mais sofrível: o índice se manteve estagnado em 29% em língua portuguesa, sendo que a meta parcial era de 31%. Em matemática, houve piora, pela primeira vez desde que o Todos Pela Educação começou a monitorar o indicador: a taxa caiu de 11% para 10% —a meta era o dobro, 20%".

Preocupante, não é mesmo?

E como será que está o aprendizado em história, geografia, ciências? Não temos noção, pois não existe avaliação oficial, mas é de se supor que igualmente não esteja bem, face aos resultados negativos em matemática e língua portuguesa.

Ressaltemos que os indicadores foram calculados com base nos resultados da Prova Brasil e do Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb) 2011, portanto, sem que possa haver contestação por parte do Ministério da Educação (MEC), pois são dois exames oficiais e que servem de parâmetro para as políticas do governo.

Colocando os indicadores percentuais em números de alunos, temos o seguinte: de cada 100 alunos do Ensino Fundamental apenas 27 estão com aprendizado adequado em lígua portuguesa, e somente 17 em matemática. Colocando agora nosso olhar no Ensino Médio, de cada 100 alunos, 29 possuem aprendizado adequado em língua portuguesa, e apenas 10 em matemática. Para piorar a situação, "uma pesquisa da Fundação Victor Civita revelou, no ano passado, a falta de políticas públicas específicas para o Ensino Fundamental II. De acordo com o estudo, entre os 42 programas e ações para a Educação Básica da Secretaria de Educação Básica (SEB) do governo federal, apenas dois focam exclusivamente os anos finais: Programa Gestão da Aprendizagem Escolar (Gestar II) e a Coleção Explorando o Ensino". Muito pouco, quase nada.

Agora, se existe esse gargalo nas séries finais, isso quer dizer que os programas oficiais para as séries iniciais não estão dando o resultado esperado, embora os índices, nesse caso, sejam melhores (mas não muito).

Todos sabem que o índice de analfabetismo funcional é alarmante. Explicando: temos estudantes do 8º e 9º ano do Ensino Fundamental que mal conseguem ler um texto, escrevem com muitas incorreções e possuem enorme dificuldade em interpretar o que conseguem ler. O mesmo quadro encontramos ao longo dos anos do Ensino Médio. Como esse aluno vai fazer uma pesquisa?

Não temos a pretensão de afirmar que os desacertos da Educação Básica são de culpa exclusiva do governo. Entram nessa equação também os gestores escolares, os professores e os pais e responsáveis. Todos precisamos discutir, debater o que está acontecendo, e tomarmos o rumo da união de esforços para mudar essa perversa realidade educacional de nosso país, que já se arrasta por tempo demasiado.

E lembremos: se estamos mal na área do desenvolvimento cognitivo, das capacidades intelectuais, que dizer do desenvolvimento afetivo-moral, face à violência de toda ordem que faz raízes no ambiente escolar e comunitário?

A sociedade brasileira precisa reagir, precisa sair da inércia em que se encontra e abraçar a educação. Os professores precisam sair do comodismo que os assola e mudar práticas pedagógicas. O governo precisa sair da retórica, da política partidária, e criar ações reais de incentivo ao aprendizado. Enfim, todos nós precisamos sair da zona de conforto em que nos encontramos, pararmos de empurrar o problema com a barriga e priorizar de vez a educação das novas gerações.

O futuro está nas nossas mãos, e o que estamos fazendo para que esse futuro seja diferente do presente?

Um comentário:

Unknown disse...

Querido Marcus, é tão assustador o nível da educação no país que minha conclusão é a de que precisaremos de 2 ou 3 gerações para mudar esse quadro. A sensação que tenho hoje é que em nível de distribuição populacional, poucas escolas e poucos pais conseguem se dedicar ao trabalho de educação dos jovens atingindo as metas desejadas. Multiplicam-se nos jornais e revistas assuntos supérfluos e sensacionalistas, dá-se muita liberdade sem limites, preza-se pela superficialidade dos indivíduos, delega-se ao Estado (unicamente) o papel de correção. É necessário uma mudança generalizada: do cidadão comum aos grandes representantes do governo. Não sei, sinto que divago por águas profundas e agitadas. Sinto-me às vezes, antiquada. Mas sou do tempo que regalias me eram dadas em datas especiais fruto do meu comportamento adequado e de notas boas na escola. O ensino ruim está em todas as classes sociais, com exceções, notadamente.

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