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Mostrando postagens de abril, 2021

Educação, política e lucro

Temos dois caminhos bem nítidos na educação brasileira: de um lado o sistema escolar público, à mercê da política partidária e dos mandos e desmandos do chefe de governo, seja ele municipal, estadual ou federal; de outro lado o sistema escolar particular, sendo rifado por empresas ditas educacionais, que visam apenas muito lucro com um ensino elitista e formatado. Pobre educação brasileira. São poucas as escolas resistentes e que conseguem fugir a um sistema degradado, que trocou o educar pelo ensinar, a aprendizagem pela memorização. Do lado público, temos o histórico sucateamento das escolas, a politização da direção escolar , a falta de plano de carreira do magistério, os salários baixos e uma burocratização que sufoca a pedagogia. Do lado particular, temos uma corrida desenfreada de empresas lutando entre si para ver quem tem o maior sistema escolar, e quem fatura mais, e lucra mais. Agora temos, inclusive, escolas separadas por nível de excelência. Se os pais tiverem dinheiro, seu

Currículo e vida

É possível conciliar o currículo escolar com os fatos da vida cotidiana? Essa foi a pergunta a mim dirigida por um professor da educação básica, para a qual respondi com outra pergunta: E porque não seria possível? O esperançoso e poético educador Rubem Alves contava a rica e estimuladora “aula” a partir de um copo descartável, tão comum no nosso cotidiano. Para que serve? Do que é feito? De onde vem sua matéria-prima? Qual é a indústria que o processa e como? Como deve ser descartado? Qual é a sua influência no sistema ecológico planetário? Ele deve ser substituído por copos feitos de materiais mais ecológicos? E assim a aula tratou de história, química, ecologia, responsabilidade social, processos industriais. Lembro de um professor de literatura que levou música para a turma de jovens estudantes do ensino médio, deleitando-se em ouvi-las. O que a música tem a ver com a literatura e a língua portuguesa? Tudo! As músicas são compostas de melodia e letra. Já paramos para analisar as le

Do sono para a atividade

Nós temos que recriar, constantemente, nossa práxis como educadores, desafiando os estudantes a estarem alerta e não adormecidos, ou seja, a ter voz e não apenas ouvir a voz dos professores. A desenvolverem sua autonomia, a serem eles mesmos e não o reflexo de seus professores ou de suas professoras. Paulo Freire Por que eu tenho que estudar isso? A pergunta do Paulinho deixou a professora embaraçada, que sacou logo a resposta padrão: Por que está no currículo e um dia você vai precisar saber isso. Todos os que já passamos pela escola sabemos que esse dia quase nunca chega, pelo menos não de forma consciente, pensada. Os muitos conteúdos que estudamos, memorizamos e comprovamos em provas, se foram, esvaíram-se de nossa mente e se perderam diante das necessidades existenciais, o que revela que na escola precisamos mudar o que fazemos, preparando os alunos para a vida, e não para receber conteúdos formatados e programados à revelia da realidade da vida. Os professores precisam criar, na

Conversando sobre educação

Em conversa online com professores mais uma vez constato o quanto ignoramos o que seja verdadeiramente a educação. A professora Vanessa argumentou: Educar é transmitir conhecimentos, esse é o papel da escola, é o que tenho que fazer em sala de aula, trabalhando os conteúdos da minha disciplina. A aquisição de conhecimentos, e que sejam úteis para o viver, faz parte do processo educacional, mas será que a educação se limita a isso? E o desenvolvimento socioafetivo da criança, onde fica? Quem faz? E permito-me mais uma pergunta: A escola limita-se à sala de aula, e nela o professor é apenas informante de conteúdos programados? Nesse caso temos que a escola está divorciada da vida, e o professor isolado da criatividade. Já o professor Rodrigo, com bom tempo de cátedra, sentenciou: Não me parece que seja nossa competência discutir a educação, não somos pagos nem contratados para isso, mas apenas para dar aula. Aqui percebemos nitidamente que o professor não se considera um educador, mas ap