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Mostrando postagens de fevereiro, 2023

A mala da passageira

Estava eu já sentado em minha poltrona no voo que me traria de volta ao Rio de Janeiro, depois de uma jornada de palestras e capacitações pelo interior paulista, quando uma passageira reclamou da comissária de bordo que não havia espaço no bagageiro para colocar sua mala. E exigiu que a funcionária da empresa aérea deslocasse as bagagens, pois ela queria colocar sua mala exatamente no bagageiro acima de onde estava sua poltrona. Educadamente a comissária de bordo explicou que não podia fazer isso, mas que a passageira podia colocar a mala num bagageiro mais à frente, que estava vazio. Diante dessa resposta, a passageira, visivelmente alterada, levantando o tom de voz, reclamou que a mala ficaria longe, o que retardaria sua saída do avião quando chegado ao destino. Mais uma vez assisti a comissária explicar, com toda paciência, que isso não aconteceria, pois agora o desembarque é feito por chamada das fileiras, e que ela poderia, depois da aterrissagem, levantar e já pegar sua mala. Co

Modernidade e educação

Segundo o sociólogo polonês Zigmunt Bauman (1915-2017), a sociedade pós-moderna, ou seja, aquela do após a segunda guerra mundial, herdeira do movimento modernista da primeira metade do século vinte, caracteriza-se por ter uma cultura fluida, em constante movimento, em constante transformação, muito ágil, como um líquido a escorrer. Ele denominou esse fenômeno de “modernidade líquida”. A comunicação de massa instantânea, a globalização das relações de todos os níveis, entre outros fatores, contribuem vigorosamente para esse caldo cultural que caracteriza a sociedade atual, onde os valores são frequentemente revisitados, modismos são lançados e depois substituídos, e onde a vida humana parece, na verdade, ser muito frágil, vivendo à mercê da explosão cultural do momento. Tudo isso leva muitas pessoas a um vazio existencial, ou, pelo contrário, a viverem no limite de suas energias, numa superexposição do corpo e da sexualidade, numa visão bastante restrita do exi

Escolarização e imaginação

Você já parou para pensar sobre a educação infantil? O que ela é e qual a sua importância? São vários os entendimentos sobre a educação infantil, que recebeu atenção escolar com fundamentos mais científicos e metodológicos somente a partir do educador alemão Frobel, o criador do Jardim da Infância, lá na segunda metade do século dezenove e início do século vinte, desde então ganhando cada vez mais um olhar mais pedagógico sobre o desenvolvimento da criança. Aqui no Brasil o processo foi lento e gradual até incluirmos as creches e jardins de infância no sistema educacional, pois durante muito tempo elas ficaram ligadas à área de assistência social. Essa inclusão pode ser considerada recente, do final do último século, por força da Lei de Diretrizes e Bases da Educação, mas ainda hoje prevalecem distorções sobre o que é e qual a importância da educação infantil. Para muitas pessoas, entre elas pais, professores, e mesmo pedagogos, a educação infantil é: 1. Uma et

Nem só de aula vive o aluno

Nem só de aula vive o aluno, assim como não vive apenas de realizar e apresentar dever de casa; nem só de provas, testes e notas vive o aluno, assim como não vive apenas de apostilas e livros didáticos. O aluno, seja ele criança ou jovem é, antes de tudo, um ser pensante e emocional, criativo e espontâneo; é um ser humano em crescimento, em desenvolvimento, que deve ter sua autonomia respeitada. Nem todo professor pensa assim. Na verdade muitos professores imaginam que o aluno é um robô movido a inteligência artificial, pré programado para receber informações e mais informações, e dar conta se memorizou tudo direitinho. Se o aluno pergunta “porquê”, deve estar com defeito. Aluno bom é o que não atrapalha a burocracia didática e metodológica seguida pelo professor e pela escola. Existe flagrante contradição entre as pesquisas pedagógicas e psicológicas sobre o desenvolvimento das crianças e dos jovens, e o que se faz na escola, na famosa sala de aula, onde essas