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Mostrando postagens de 2014

O desvio do Enem: de avaliação para vestibular

Assistimos o sucateamento e banalização do ensino brasileiro através da desfiguração do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), que, em definitivo, tornou-se um vestibular para o ensino superior, com toda pompa e circunstância, como diziam os nobres imperiais. Já não se disfarça essa banalização. As notícias e reportagens por toda a mídia revelam que as escolas levaram para a sala de aula o espírito e os métodos dos antigos cursos pré-vestibulares, e que muitos alunos, inclusive da rede pública de ensino, se valem dos chamdos cursos preparatórios para reforço do estudo, cursos esses que já se prepararam para contemplar esse novo filão de mercado. O Enem está em desvio de função, não serve mais para a finalidade a que foi criado, que era o de avaliar a evolução dos estudantes desse segmento de ensino. Agora as notas valem para garantir vaga nas faculdades, ou seja, nos cursos universitários, e o exame tornou-se uma máquina famigerada engolidora do ensino e destruidora da educaçã

O discurso e o exemplo: uma dialética educacional para cosntrução da cidadania

Lendo e relendo, pois precisamos sempre aprender e reaprender, deparei-me com o livro "Pedagogia da Solidariedade", de Paulo Freire, educador que marcou, e sempre marcará, a educação progressista. E nele (re)descobri esta frase profunda: "Nós temos que dar exemplos. É absolutamente importante saber que a educação demanda exemplos, testemunho. O discurso, o discurso democrático do professor, que não se funda na prática, que distorce, que nega a prática, é uma contradição". Em educação o maior e melhor recurso que um(a) professor(a) pode utilizar é o exemplo, pois ele tem uma força viva que impregna o ato educativo de autoridade moral, num perfeito diálogo entre o que se discursa, o que se quer, o que se propõe, com a vivência desse mesmo discurso por parte do(a) educador(a). Quando o(a) professor(a) não é o que fala e o que solicita a seus alunos, cai em contradição. Dizer que suas aulas são democráticas e participativas, e estabelecer tempo máximo de fala de ca

Professor, meu amigo

Já se vão os tempos em que o professor era a autoridade máxima dentro da sala de aula, inquestionável e não participativo, senhor absoluto do conhecimento, delegando para a direção escolar os conflitos por ventura existentes entre os alunos e entre ele e os estudantes. Essa postura, aliás, é uma das responsáveis da degradação pedagógica de nossas escolas e do crescente desafio à autoridade por parte das crianças e jovens, subvertendo uma ordem que parecia ser a mais adequada, mas que com o tempo mostrou-se perversa e antipedagógica. Hoje compreendemos que o professor deve manter ampla interação com seus alunos, e não apenas na sala de aula, mas em todos os ambientes da escola. O professor deve ser amigo do aluno. Deve ser o orientador do seu desenvolvimento cognitivo, e também afetivo, em conjunto com os pais e responsáveis, estimulando-o a fazer descobertas e a ter autonomia e criticidade, sempre acompanhadas do cumprimento dos deveres e responsabilidades consequentes. Isso n

Todo mundo apoia a educação

Quem tem acompanhado os debates políticos, e a propaganda eleitoral gratuita e obrigatória pela televisão, está vendo que a maioria dos candidatos aos governos estaduais e à presidência da república prometem apoio à educação, ou dizem que já fizeram muito por ela. Agora, será mesmo que vão cumprir as promessas educacionais, ou será que realmente já fizeram alguma coisa pela educação? É preciso lembrar que em momento eleitoral as promessas vazam das bocas com muita facilidade, até porque os candidatos sabem que a educação de qualidade para todos é um anseio da população. Alguns dirão que a educação está lá no plano de governo e que, portanto, é um compromisso. Entretanto, nem sempre o que está escrito é o que será realmente feito. E de qual educação esses candidatos falam? Estão preocupados com uma educação que desenvolve o senso moral da criança e do jovem? Com uma educação que transmite valores éticos? Com uma educação que forma cidadãos conscientes e com senso crítico? Uma educaç

Um evento com experiências transformadoras

Estivemos no Educação 360 - Encontro Internacional, realizado na cidade do Rio de Janeiro, nos dias 05 e 06 de setembro. As dependências da Escola SESC de Ensino Médio, em Jacarepaguá, receberam professores, pais e interessados que tiveram contato com palestras, painéis e apresentações de experiências educacionais brasileiras e internacionais. O evento, no todo, foi muito bem-vindo, e fazemos votos que seja repetido em breve tempo, mas mostrou algumas coisas que podem ser melhoradas. As acomodações, todas muito bonitas, podem ser mais confortáveis, pois pufs e banquinhos sem encosto são extremamente cruciantes para quem tem de ficar sentado por até 90 minutos. Outra coisa que podemos questionar é a forma como as inscrições foram feitas. Só foi permitido a participação num período, manhã ou tarde, de um dia, ou seja, quem se inscreveu para a quinta-feira pela manhã não pode se manter no evento no restante do dia, e nem participar da sexta-feira. Como exemplo dessa situação não muito

Conselho escolar aprova uso de AR-15 por vigilantes

O conselho escolar de Compton, na Califórnia, decidiu, por votação, armar policiais do campus com fuzis AR-15, de acordo com a estação de rádio pública Los Angeles KPCC. Alguns pais e alunos estão expressando desconforto, citando os mesmos tipos de problemas desencadeados pela força policial militarizada de Ferguson, Missouri, depois que Michael Brown, um jovem negro desarmado, foi morto por um policial branco. Os policiais do campus em Compton deverão ser treinados e terem as novas armas dentro de um mês. O sindicato da polícia local diz que seus oficiais não são os únicos em busca de tais armas. De acordo com os sindicalistas, os distritos escolares de Los Angeles School PD, Baldwin Park School PD, Santa Ana School PD, Fontana School PD, San Bernandino School PD também autorizam seus policiais a usar esse tipo de armamento. O sindicato defende o fuzil semi-automático para os policiais do cam

Quando sinto que já sei

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Assista o vídeo "Quando Sinto que Já Sei", um documentário que revisa a educação e mostra projetos escolares inovadores e de sucesso.

O caminho é a educação

Existem frases que são marcantes, tanto pelo aspecto de impacto à nossa consciência, como pela carga de veracidade que carregam. São frases para serem sempre lembradas e debatidas, e no campo da educação isso não é diferente. Um educador que nos deixou frases relevantes é Paulo Freire, brasileiro, autor de diversos livros, um transformador, na prática, da educação nacional. Relembremos uma de suas frases: "Não acredito que somente a educação poderá reformar a sociedade; mas sem ela essa reforma será impraticável". Concordamos com o ilustre educador, pois tratando-se da sociedade humana multicultural, a educação, sozinha, não poderá reformá-la, transformá-la, ainda mais quando insistimos em perecebê-la apenas como instrução escolarizada, o que ela também é, mas não tão somente. A educação deve fazer parte de todo o processo sócio-cultural, sendo promovida pela família, pela escola e por todas as instituições sociais, inclusive as empresas, levando o indivíduo a ser honesto

Campanha pela Escola do Sentimento no Rio de Janeiro

Amigos(as), hoje é um dia muito especial para o Instituto Brasileiro de Educação Moral (IBEM), pois estamos lançando oficialmente a campanha para implementação da Escola do Sentimento na cidade do Rio de Janeiro. Ao mesmo tempo, teremos nossa sede física para trabalhar, unindo todos os colaboradores hoje trabalhando apenas on line.   A intenção é, inicialmente, alugar uma casa ou galpão no bairro da Penha, onde a maioria dos colaboradores se situam. Implementaremos a sede do IBEM, disponibilizando cursos de capacitação presenciais, e agilizaremos a implantação da Escola do Sentimento através da educação infantil.   Contamos com sua ajuda, com sua participação.   Existem dois modos de colaborar/0001:   1 - Associando-se ao Clube Amigos do IBEM, contribuindo mensalmente com o valor mínimo de R$10,00.   2 - Fazendo contribuição espontânea através de depósito/transferência para a conta do IBEM no banco Bradesco: Agência 0663-7, Conta 74393-3, CNPJ 03.322,662/0001-76.   Le

Os planos de governo e a educação

Uma leitura dos planos de governo e dos discursos dos candidatos à Presidência da República e dos Governos Estaduais revela que a educação, sempre ela, não é prioridade para nenhum candidato. Não que a educação não esteja contemplada nos planos já disponibilizados para o eleitor, pois ela ali está, mas a abordagem não é de profundidade, atem-se mais às questões do ensino escolar e, muitas vezes, são abordagens genéricas, quando se fala da educação mas não se define exatamente qual é o entendimento sobre a questão, nem se define com transparência as ações. Os velhos discursos políticos repletos de chavões e promessas, não faltam. E a saúde, o transporte, a economia, a segurança pública ganham destaque, esquecendo-se os candidatos que todas essas coisas, para realmente funcionarem a contento, precisam da educação, e não estamos aqui falando dessa edeucação escolar que leva em conta apenas o português e a matemática nos exames nacionais. Que adianta termos jovens diplomados no ensino su

O poeta da educação alçou voo

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O poeta da educação, Rubem Alves, alçou voo da Terra depois de iluminá-la com sua visão sobre o que existe de mais importante na vida humana: a educação com sentimento. Ele iluminou nosso entendimento sobre muitas questões existenciais e fez a diferença com seus escritos e suas palestras. Sempre tive imenso prazer em ler seus artigos e seus livros, que encantavam-me e encantam, não apenas pelas palavras poéticas, pelo sentimento que carregam, mas pelo pensamento arguto, crítico e profundo, abrindo nosso entendimento e sensibilizando nosso coração. Mas a vida continua. Suas cinzas vão adubar a natureza, seus escritos vão continuar embalando nossas vidas, e sua alma vai continuar a trabalhar com alegria. Obrigado, Rubens Alves.

Sentir, amar e crescer

Há uma onda científica invadindo a educação, com os educadores procurando respaldar suas opiniões com estatísticas e resultados de pesquisas, preferencialmente realizadas por institutos acadêmicos de nível superior. É moda citar a pesquisa da Universidade tal e qual, o trabalho desenvolvido em laboratório pelo doutor tal. E assim nossa educação torna-se cada vez mais "científica", respaldada pelo mapeamento das regiões cerebrais, pelos estudos do comportamento e assim por diante. Todo mundo faz pesquisa e todo mundo teoriza através dos resultados das pesquisas. É uma onda gigante onde poucos conseguem nadar a contento e salvar-se, salvando também a educação. Os educadores, e também os pesquisadores e cientistas, precisam compreender que a educação do ser é uma arte, e essa arte não está instalada em alguma função neuronal, até porque mapear o cérebro e suas reações a estímulos é estudar os efeitos e não as causas. A ciência tem sua importância, mas daí a

Aulas tradicionais são ineficientes

Q uantas vezes durante uma aula entediante tudo o que você mais quis era estar na sua cama dormindo? Talvez o problema estivesse na metodologia de ensino. Pelo menos é o que defende um novo estudo de pesquisadores norte-americanos. A análise revela que universitários submetidos a aulas tradicionais, em formato de palestras, são mais propensos à reprovação do que alunos em contato com métodos de aprendizado mais ativos e estimulantes. "As universidades foram fundadas na Europa Ocidental em 1050 e aulas tradicionais tem sido a forma predominante de ensino desde então",  diz o biólogo Scott Freeman, da Universidade de Washington. Ele e um grupo de colegas analisaram 225 estudos sobre métodos de ensino. A conclusão é que abordagens de ensino que transformam os alunos em participantes ativos reduzem taxas de reprovação Os resultados foram publicados nesta quarta-feira, 12, na Proceedings of the National Academy of Sciences, e mostra

A Educação Proibida

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Excelente documentário (legendado) sobre a escola, o ensino e a educação. Assista, reflita e reposicione-se enquanto professor, pai, responsável. Precisamos fazer diferente para fazer a diefernça.

Estupro, fatores culturais e educação

Repercute na mídia o resultado da pesquisa a respeito do pensamento do brasileiro sobre a questão do estupro, revelando que, mesmo entre as mulheres, predomina o que se convencionou chamar cultura machista. Na verdade, vemos mais além. Quando homens e mulheres dizem que o estupro acontece por culpa da mulher que não se dá ao respeito, exibindo o corpo com sensualismo, como se estivesse solicitando que isso aconteça, temos duas questões a debater: a primeira, inevitável diante dessa postura, é saber até que ponto o sensualismo feminino possui parcela de culpa; a segunda questão vai para o lado masculino: até que ponto o descontrole da sexualidade por parte dos homens, deixando-se levar por impulsos instintivos, possui parcela de culpa? O assunto, como se vê, possui mão dupla. É muito cômodo jogar toda a culpa na mulher, assim como o contrário, culpabilizando apenas o homem. Agora, a cultura, ou culturas, não se sustentam sozinhas, elas estão inseridas num contexto maior de crenças

Passei de ano, mas não aprendi

Uma pesquisa divulgada pelo Instituto Data Popular, em parceria com o Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo (Apeoesp), aponta que 46% dos alunos da rede estadual paulista dizem ter passado de ano sem aprender a matéria, e somente um em cada três consideram a escola boa ou ótima. Para 70% dos estudantes ouvidos, o colégio onde estudam é violenta. A pesquisa “Qualidade da Educação nas escolas estaduais de São Paulo” ouviu 700 professores, 700 pais e 700 alunos da rede estadual de São Paulo. De acordo com o estudo, metade dos pais e 30% dos alunos avaliam a escola como ótima ou boa. O conceito "regular" aparece para 36% dos pais e 42% dos alunos. Já 14% dos pais e 25% dos alunos acha a escola ruim ou péssima. Sobre a aprovação automática feita pela progressão continuada, quase metade dos alunos ouvidos disseram tem passado de ano sem aprender o conteúdo, e 75% dos estudantes e 94% dos pais afirmaram s

O vexame brasilero na educação

Tendo que acordar com duas ou três horas de antecedência, andar quilômetros, ou ser transportado de caminhão, e não encontrar na escola nem água potável, nem banheiro, esse é o retrato dos alunos de muitas escolas públicas de ensino fundamental pelo nosso Brasil, principalmente nas regiões Nordeste, Norte e Centro-Oeste, como mostrou reportagem exibida pelo programa "Fantástico", da Rede Globo, em reportagem levada ao ar no dia 09 de março. E os alunos sofrem outros problemas: falta de carteiras, equipamentos quebrados, falta de sala de aula adequada. E quando chove chegar na escola e ter aula é praticamente impossível. E sofrem também os professores, que ainda possuem baixo salário. Esse é o nosso verdadeiro vexame nacional. Em pleno século 21, com programas sociais de combate à miséria mudando o país, temos ainda que conviver com esses absurdos no que é fundamental, mesmo essencial: as péssimas condições do ensino brasileiro, com o descaso de governos municipais e esta

Brasileiros Sem-Escola

Segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), 92,5% das crianças e dos jovens de 4 a 12 anos estão na escola. É um índice bem expressivo, mas os 7,5% que estão fora da escola significam 3.366.299 pessoas que não tem direito de aprender. O país avançou nas últimas décadas, mas graves distorções continuam existindo. Desse total, 192.312 têm algum tipo de deficiência, 764.513 moram na zona rural, 41.763 trabalham, o que é proibido por lei, 2.114.000 são negras, 2.730.888 são de famílias que ganham até 1 salário mínimo. A exclusão afeta as camadas pobres da população. São crianças e jovens oriundas de populações pobres, sob risco de violência e exploração. A maioria tem entre 4 e 5 anos, ou entre 15 e 17, e grande parte vive nas regiões Norte e Nordeste. Merece atenção também os problemas de infraestrtura da rede escolar. O número de escolas não é suficiente para atender à demanda, uma parcela considerável delas não oferece acessibilidade para alunos com defici

Faltam Vagas na Educação Infantil

A informação é do Ministério da Educação (MEC): é preciso construir 19.770 unidades de creches e pré-escolas em todo o país, pois a insuficiência desses estabelecimentos de educação infantil é um problema crônico em nosso Brasil. Até o final de 2014 o governo federal espera entregar à população 6.450 unidades escolares. É um grande esforço, mas insuficiente para fazer face à demanda da criançada até 5 anos, deixando  os pais preocupados, principalmente os que necessitam trabalhar fora e precisam deixar seus filhos com quem pode lhes dar apoio educacional.  Agora, a questão não é apenas de construir creches e pré-escolas. E o pessoal habilitado para trabalhar nessas unidades educacionais? Isso é essencial e deve ser pensado com prioridade. Alertam as educadoras Dalva Souza e Leila Brandão: "Em se tratando de educação (...) o mais importante é quem são as pessoas que irão participar da educação da criança, quais são suas verdades, como elas veem a vida, quais as suas metas