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Mostrando postagens de janeiro, 2021

Esperança nunca morre

A educação brasileira, que melhor seria ser chamada de ensino brasileiro, pois há muito apenas se ensina, não se educa, vai de mal a pior. Com quase um ano de pandemia do novo coronavírus, não existem definições por parte do Ministério da Educação, que parece estar se eximindo de ser protagonista da essência mesma da nossa sociedade, pois sem educação não há como ter uma nação bem desenvolvida. Assistimos, com indignação, as secretarias estaduais e municipais de educação decidindo o que fazer e como fazer para a retomada da vida escolar, seja de forma presencial, mas com restrições, seja de forma online, mas com melhores recursos. Ninguém sabe ao certo o que vai acontecer. Algumas autoridades públicas querem o retorno das aulas presenciais, parte do professorado se recusa a voltar presencialmente à escola, os donos de escolas particulares querem o afrouxamento das restrições, os comitês científicos clamam por mais restrições, e a campanha de imunização através da aplicação de vacinas s

As estrelas brilham no céu

Quando, à noite, o céu está nublado, não vemos as estrelas, mas elas estão lá, como sempre, refletindo sua luz. Quando, ao dia, o sol está majestoso, também não vemos as estrelas, mas elas continuam lá, brilhando sem cessar. Quando o professor está de mal humor, estressado, e mais do que nunca se apega a transmitir o conteúdo de sua disciplina curricular, literalmente esquecendo os alunos, estes continuam lá, em sala, pensando e sentindo, embora sem permissão para se manifestarem. A sociedade muitas vezes tenta abafar as vozes infantis e juvenis – veja-se o caso dos influenciadores digitais, ou dos jovens que lutam por pautas ecológicas e de direitos civis –, mas elas estão ali, latentes, aproveitando todas as brechas, todas as oportunidades. Crianças e jovens são como estrelas, nunca deixam de espalhar sua luz, apesar da família desestruturada, da escola burocrática, da sociedade desumana. E, teimosamente, crescem, desafiam e, com o tempo, vão tomar conta do mundo. Neste ponto nossa r

Círculo vicioso

No início dos anos 1970 o professor Lauro de Oliveira Lima republicou, em nova edição, os textos que deram origem ao livro Escola no Futuro, reunindo estudos realizados por um punhado de professores cearenses (os capitaplana, ou cabeça-chata), lá pelos idos do final da década de 1950, quando propuseram um novo olhar sobre o ensino nas escolas, realizando dezenas de cursos Brasil afora, preparando o professorado para uma renovação do pensamento educacional e do fazer pedagógico. Radicado na mais carioca das cidades, e com a experiência da Escola A Chave do Tamanho, Lauro, adepto dos estudos de Jean Piaget sobre a psicogênese do desenvolvimento da criança, introduziu no livro original alguns novos textos, entregando-nos um olhar crítico sobre a escola, o professor e a educação, ao mesmo tempo em que vislumbra o futuro no ano dois mil. Ele estava distanciado ainda trinta anos da data futura, nós estamos vinte anos depois do ano assinalado pelo educador que precisamos resgatar, anda meio e

Educação para todos

Tive o prazer, recentemente, de visitar o educador Comenius e dele receber preciosos ensinamentos, numa conversa útil e bastante frutífera. Para quem não o conhece, apresento. Trata-se de Johan Amós Comenius (1592-1670), educador tcheco do século 17, autor de livros muito importantes como Pampedia. Didática Magna e O Labirinto do Mundo, entre outros, e que é considerado o pai da pedagogia e da didática. Como todo homem de visão profunda e ampla, teve muitos problemas para ser reconhecido em sua época, até porque era crítico do sistema educacional existente, propondo coisas que somente foram adotadas muito tempo depois. Como exemplo do que estamos falando, eis o que ele escreveu em sua obra Pampedia: “ Nosso primeiro desejo é que todos os homens sejam educados, em sua plena humanidade, não apenas um indivíduo, não apenas poucos, nem mesmo muitos, mas todos os homens, reunidos e individualmente, jovens e velhos, ricos e pobres, de nascimento elevado e humilde – numa palavra, qualquer um