Esperança nunca morre
A educação brasileira, que melhor seria ser chamada de ensino brasileiro, pois há muito apenas se ensina, não se educa, vai de mal a pior. Com quase um ano de pandemia do novo coronavírus, não existem definições por parte do Ministério da Educação, que parece estar se eximindo de ser protagonista da essência mesma da nossa sociedade, pois sem educação não há como ter uma nação bem desenvolvida. Assistimos, com indignação, as secretarias estaduais e municipais de educação decidindo o que fazer e como fazer para a retomada da vida escolar, seja de forma presencial, mas com restrições, seja de forma online, mas com melhores recursos.
Ninguém sabe ao certo o que vai acontecer. Algumas autoridades públicas querem o retorno das aulas presenciais, parte do professorado se recusa a voltar presencialmente à escola, os donos de escolas particulares querem o afrouxamento das restrições, os comitês científicos clamam por mais restrições, e a campanha de imunização através da aplicação de vacinas se arrasta, com vários escândalos já consignados.
O que mais nos chama a atenção é a escandalosa inércia do ministério responsável pelo que deveria ser considerado essencial, prioridade, que é a educação. Infelizmente continuam suas autoridades e técnicos mais preocupados com exames nacionais que nada examinam, e, com mais de cinquenta por cento de falta dos inscritos, o exame do ensino médio é considerado pelo ministro como sucesso! Que sucesso?
Apesar de tudo continuo a fazer parte do grupo de educadores intitulado por Rubem Alves de esperançosos. Sem otimismo exagerado, que pode ser muito prejudicial, pois pode nos tirar da realidade, levantar nossos pés do chão, continuamos teimosamente acreditando em dias melhores, sem perder a esperança.
Quem é esperançoso não fica assistindo o tempo passar pela janela. Trabalha e luta para que novas ideias, novas práticas façam a diferença, mesmo não conseguindo a desejada adesão dos próprios educadores, muitas vezes mais interessados em burocracias, zonas de conforto academicismos e fazer sempre o mesmo.
Tudo bem, os educadores esperançosos não querem remar contra a maré, e sim disseminar portos seguros aqui e ali, até que sejam os únicos possíveis de se encontrar guarida diante da tempestade. E depois, quando vier a bonança, serem os únicos porto seguros pedagógicos capazes de refazer a sociedade humana.
Sonho? Utopia? Não, realidade. Espalham-se pelo Brasil e o Mundo as escolas inovadoras, que ninguém mais pode ignorar, vez e outra mostradas pela imprensa, cujos resultados são excelentes, muito além do que a maioria das escolas do sistema tradicional conseguem.
O que fazem de diferente essas escolas? Não têm mais salas de aula, o ensino é humanizado e participativo, acolhem as famílias e a comunidade, trabalham com sentimento, entre outras coisas que fazem delas exemplos vivos do que devemos fazer em todas as redes, públicas e particulares, de educação.
Diante disso, como não se manter esperançoso num futuro muito melhor?
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