segunda-feira, 31 de março de 2014

Estupro, fatores culturais e educação

Repercute na mídia o resultado da pesquisa a respeito do pensamento do brasileiro sobre a questão do estupro, revelando que, mesmo entre as mulheres, predomina o que se convencionou chamar cultura machista. Na verdade, vemos mais além. Quando homens e mulheres dizem que o estupro acontece por culpa da mulher que não se dá ao respeito, exibindo o corpo com sensualismo, como se estivesse solicitando que isso aconteça, temos duas questões a debater: a primeira, inevitável diante dessa postura, é saber até que ponto o sensualismo feminino possui parcela de culpa; a segunda questão vai para o lado masculino: até que ponto o descontrole da sexualidade por parte dos homens, deixando-se levar por impulsos instintivos, possui parcela de culpa? O assunto, como se vê, possui mão dupla. É muito cômodo jogar toda a culpa na mulher, assim como o contrário, culpabilizando apenas o homem.

Agora, a cultura, ou culturas, não se sustentam sozinhas, elas estão inseridas num contexto maior de crenças e atitudes formatadas pela sociedade ao longo do tempo, e que são perpetuadas ou modificadas pela educação, seja ela familiar ou escolar, formal ou informal (e aqui entram os veículos diversos da mídia, entre outros). O que estamos fazendo com a educação das novas gerações? Quais valores temos sustentado através das diversas instituições sociais que influenciam o viver humano?

Quando vemos cervejarias patrocinando competições esportivas, percebemos uma incongruência: como pode a bebida alcoólica, um verdadeiro desastre para o organismo humano e para as relações vivenciais, estar aliada à prática de esportes? Temos nesse fato uma inversão de valores perigosa, pois a mensagem passada é a de que se beber não se deve dirigir, o mesmo não se aplica em se tratando de fazer este ou aquele esporte, o que não é verdade. A bebida alcoólica, e não importa qual, é totalmente incompatível com a prática esportiva, seja ela amadora ou profissional.

Temos, então, várias instituições sociais abonando o que é abominável, deixando brechas escancaradas para outras situações de valores invertidos, como o uso licencioso da sexualidade e o abuso do sensualismo, tanto por parte da mulher quanto do homem. E as escolas, o que estão fazendo? E a família, o que está fazendo? Há um verdadeiro jogo de empurra entre família e escola quando se trata de abordar as questões da formação do caráter, do desenvolvimento do senso moral, da orientação da sexualidade, da formação do senso crítico, do trabalho em valores humanos. E o tempo vai passando, e as situações vão se agravando, e acontece o escândalo provocado pelo resultadio de uma pesquisa, mas será que sairemos do escândalo, da indignação para, de fato, fazermos alguma coisa na base de tudo isso, que é a educação?

Urge colocar em prática a regra de ouro da educação, ou seja, aprendermos a fazer ao outro somente o que gostaríamos que o outro nos fizesse. Com a aplicação dessa regra saberemos nos respeitar como seres humanos; combateremos a corrupção e a desonestidade; implantaremos a solidariedade; teremos paz e felicidade, pois tudo isso é resultado da vivência dessa regra.

Não basta apontar um culpado, o homem ou a mulher. Na questão do estupro, como em tantas outras, não podemos ficar nos efeitos, temos que remontar às causas, ou à causa principal: educação.

Se é verdade que vários fatores culturais concorrem para esse estado de semibarbárie que vivemos, com o estupro sendo justificado, mesmo que por vias tortas, não é menos verdade que esses fatores culturais, que culminam em ações comportamentais, são sustentados por uma educação falseada que há décadas, ou mais tempo, entrega os homens aos seus instintos imediatistas, como se a satisfação de impulsos primitivos fosse tudo nesta vida que Deus nos dá.

Pensemos seriamente sobre isso.

segunda-feira, 24 de março de 2014

Passei de ano, mas não aprendi

Uma pesquisa divulgada pelo Instituto Data Popular, em parceria com o Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo (Apeoesp), aponta que 46% dos alunos da rede estadual paulista dizem ter passado de ano sem aprender a matéria, e somente um em cada três consideram a escola boa ou ótima. Para 70% dos estudantes ouvidos, o colégio onde estudam é violenta.

A pesquisa “Qualidade da Educação nas escolas estaduais de São Paulo” ouviu 700 professores, 700 pais e 700 alunos da rede estadual de São Paulo. De acordo com o estudo, metade dos pais e 30% dos alunos avaliam a escola como ótima ou boa. O conceito "regular" aparece para 36% dos pais e 42% dos alunos. Já 14% dos pais e 25% dos alunos acha a escola ruim ou péssima.

Sobre a aprovação automática feita pela progressão continuada, quase metade dos alunos ouvidos disseram tem passado de ano sem aprender o conteúdo, e 75% dos estudantes e 94% dos pais afirmaram serem contra o sistema no qual mesmo com notas insuficientes os estudantes não são reprovados no final do ano letivo.

Os alunos disseram faltar cinco vezes por mês. Os pais afirmaram que participam da vida escolar do filho, mas apenas um em cada quatro pai ou mãe já foi a a alguma reunião do conselho escolar do filho.

Segundo a pesquisa, 44% dos professores e 28% dos alunos da rede estadual paulista já sofreram algum tipo de violência em suas escolas. Metade dos alunos dizem já terem presenciado casos de discriminação de raça, origem migratória e orientação sexual na escola. Segundo a pesquisa, pais e professores consideram a falta de segurança o maior problema do lugar onde as crianças estudam.

Os professores apontaram que para oferecer mais qualidade na educação é preciso investir em infraestrutura (22%), valorizar os professores (20%) e aprimorar o relacionamento com os pais (18%). Para os pais, é preciso ter atividades extracurriculares (39%), qualificação dos professores (17%) e mais tecnologia (15%). Para os alunos, é necessário investir em atividades extracurriculares (29%), mudança no método de ensino e formato das aulas (21%) e mais tecnologia (15%).

Entre as soluções sugeridas, a pesquisa aponta maior investimento em infraestrutura e qualificação dos professores, e uma participação maior dos pais.
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A Secretaria da Educação do Estado de São Paulo emitiu nota de esclarecimento onde apela para um linguajar retórico, informando que faz todos os esforços para recuperação dos alunos e para o combate à violência. Pelo visto, esses esforços não estão funcionando a contentto.

Os resultados da pesquisa apontam um drama há muito conhecido dos brasileiros, e que não acontece apenas em São Paulo. Como a educação não é prioridade, os anos passam e os problemas continuam, e uma massa de jovens, todos os anos, faz sua inserção social sem o mínimo preparo, tento intelectual quanto emocional.

No Estado do Rio de Janeiro, há um contínuo esvaziamento no ensino médio da filosofia e da sociologia, com os professores sendo pressionados para não entrar no campo da ética. É claro, qual governante quer ter cidadãos que saibam pensar e saibam fazer uso do senso crítico?

Entretanto, se trabalhássemos desde a educação infantil a ética, o pensar, o senso moral, tudo seria diferente.

Você acredita nisso?

segunda-feira, 10 de março de 2014

O vexame brasilero na educação

Tendo que acordar com duas ou três horas de antecedência, andar quilômetros, ou ser transportado de caminhão, e não encontrar na escola nem água potável, nem banheiro, esse é o retrato dos alunos de muitas escolas públicas de ensino fundamental pelo nosso Brasil, principalmente nas regiões Nordeste, Norte e Centro-Oeste, como mostrou reportagem exibida pelo programa "Fantástico", da Rede Globo, em reportagem levada ao ar no dia 09 de março. E os alunos sofrem outros problemas: falta de carteiras, equipamentos quebrados, falta de sala de aula adequada. E quando chove chegar na escola e ter aula é praticamente impossível. E sofrem também os professores, que ainda possuem baixo salário.

Esse é o nosso verdadeiro vexame nacional. Em pleno século 21, com programas sociais de combate à miséria mudando o país, temos ainda que conviver com esses absurdos no que é fundamental, mesmo essencial: as péssimas condições do ensino brasileiro, com o descaso de governos municipais e estaduais, que desviam as verbas da educação, mantém esse quadro de horror pelos subúrbios das cidades maiores e pelo interior das cidades menores, e ficam, prefeitos, secretários e governadores completamente impunes, sem que a legislação possa alcançá-los.

Não é de hoje que essas denúncias acontecem, pelo contrário, isso é histórico em nosso país. São décadas e décadas acumuladas de descaso educacional. E o quadro não é tão melhor nas grandes cidades. As capitais brasileiras vivem às voltas com problemas na rede de ensino, e a prática pedagógica está longe de ser a ideal, tanto que violência, repetência, analfabetismo são recorrentes nas escolas públicas de ensino fundamental e de ensino médio.

O país é o que fazemos das novas gerações. Quando a escola não tem estrutura física adequada, sofre com estrutura pedagógica deficiente, o currículo não trabalha a humanização do ser, sua consciência cidadã e deixa de lado o desenvolvimento, nesse ser, do senso moral, das virtudes, temos o caos repetido de tempos a tempos em nossa sociedade.

Os administradores públicos alegarão que os problemas apresentados pela reportagem são pontuais, referindo-se às escolas da zona rural, mas essa alegação não tem base, pois não importa onde a escola esteja situada, ela tem que ser uma boa escola, pois alunos, professores e pais estão sendo desrespeitados, tratados como se nada representassem, quando são seres no mundo, cidadãos de direitos que não podem ser cassados.

Para termos um novo Brasil precisamos entender a educação e melhor trabalhar o ensino escolar. Deixo o convite aos responsáveis por essa situação vexatória para conhecerem o Instituto Brasileiro de Educação Moral (IBEM) em www.educacaomoral.org. Quem sabe não se sensibilizam e começam a mudar nossa história para melhor.

Vídeo - O Jovem e a Dinâmica Educacional

O vídeo sobre educação espírita O Jovem e a Dinâmica Educacional aborda a importância da participação do jovem no processo ensino-aprendizag...