Uma nova dinâmica para a evangelização
Quando analisamos o serviço de evangelização infantojuvenil desenvolvido pelos Centros Espíritas, é comum observarmos a utilização de currículos fechados e aulas prontas, o que, pela própria dinâmica do Espiritismo, não é o melhor meio pedagógico para utilizar no desenvolvimento do Espírito imortal reencarnado. O currículo fechado significa que foi feito um planejamento curricular estabelecendo com antecedência os temas que serão desenvolvidos em cada encontro semanal, o que vai ser ensinado em cada aula, não dando margem à participação dos evangelizandos, sendo comum acontecer de um tema empolgar as crianças ou os jovens, despertando interesse e indagações, mas o mesmo não poder ser continuado, porque o evangelizador tem que obedecer o planejado previamente e, na semana seguinte, ser obrigado a trabalhar outro tema, conforme consta no currículo. Se os temas estão de acordo com os interesses, habilidades e realidades dos evangelizandos, isso não é levado em conta, pois as decisões sobre essas questões foram tomadas lá atrás, antes do início do ano, pela equipe coordenadora da evangelização.
O currículo fechado tem outro inconveniente: traz à tona as aulas prontas, apostiladas, sem margem à flexibilidade e à criatividade por parte do evangelizador, que deve aplicar o que está previamente planejado. Nessa situação, é muito comum acontecer o desinteresse por parte das crianças e jovens; a repetição mecânica do planejamento por parte do evangelizador, gerando vários problemas para o processo de aprendizagem, muitas vezes reforçados pela postura autoritária do evangelizador, que se coloca como o detentor do conhecimento, como se ali estivesse para ensinar o Espiritismo, para ensinar as virtudes conforme o Evangelho, quando, em verdade, ele deveria ter a postura de mediador, facilitador e incentivador do processo de aprendizagem, sabendo ouvir, dialogar, e levando em conta as realidades individuais, sociais e culturais daqueles que estão em nova existência, tanto quanto ele mesmo.
O centro da educação não é o educador, nem mesmo o educando, é o processo de aprendizagem. Esse processo é libertador das consciências? Leva em consideração a realidade da imortalidade e da reencarnação? Permite a ampla participação de todos? Trabalha o desenvolvimento do senso moral? São perguntas muito importantes para avaliarmos se o serviço de evangelização está de acordo com os princípios da Doutrina Espírita.
Precisamos igualmente ressaltar a importância da formação dos evangelizadores. Eles estudam as noções básicas da Psicologia do Desenvolvimento e da Pedagogia? São feitas reuniões de avaliação do trabalho semanal desenvolvido? Existe interação com as famílias dos evangelizandos? A educação na visão espírita é estudada e debatida? Em outras palavras, deve haver capacitação e qualificação permanente dos evangelizadores, para a melhor qualidade da evangelização.
Nesse sentido destacamos duas obras muito importantes da literatura espírita, escritas por dois educadores de ampla formação e experiência, que podem nortear, como uma bússola, esse trabalho. Referimo-nos, primeiro, ao livro Educação do Espírito, de Walter Oliveira Alves, e, em segundo, ao livro A Evangelização Mudando Vidas, de Lucia Moysés, sem ordem de importância, pois ambos são importantes, onde esses educadores apresentam propostas bem fundamentadas pedagogicamente, assim como doutrinariamente. Devem ser lidos, meditados e debatidos pelos evangelizadores, que precisam ter mente aberta aos conceitos e propostas neles apresentados. Também indicamos nosso livro Educando o Espírito, que apresenta uma proposta pedagógica transformadora.
Não falta na literatura espírita orientação para uma evangelização diferenciada, que faça a diferença na formação das novas gerações e, portanto, no futuro da humanidade. Traremos, em próximos textos, mais indicações, pois é importante conhecer os educadores espíritas e estudar com maior profundidade a educação, pois não podemos brincar de aprender e aplicar o Espiritismo.
Por ora, deixamos o convite para que você reserve tempo para ler as obras indicadas do Walter Oliveira Alves e da Lucia Moysés, para que tenhamos uma nova dinâmica, mais salutar e de muito boas consequências, na evangelização espírita.
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