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Mostrando postagens de maio, 2021

A ética e a paz na escola

“ Aguardo com alegria o dia em que as crianças aprendam na escola os princípios da não-violência e da resolução pacífica de conflitos, ou seja, a ética secular.” São palavras do Dalai Lama, a quem muito respeitamos e temos sincera admiração, e que endossamos, pois aprender a não ser violento, aprender a resolver pacificamente os conflitos, aprender a viver plenamente a ética da convivência cooperativa, são aprendizados essenciais que as crianças precisam desenvolver, trabalho educacional que pertence tanto à família quanto à escola. Hoje aprende-se muitas coisas na escola, e todo aprendizado é importante, mas é um aprender atrelado ao desenvolvimento da inteligência, quando precisamos tanto dos valores humanos para direcionar esse conhecimento para o bem estar coletivo. Pensar no outro como um ser humano igual a nós, com os mesmos direitos, e pensar na natureza como bem estar para a sociedade humana, não se pode fazer isso sem conexão com a ética. Inteligência não acompanhada da ética

A educação deve libertar

Quando falamos da realização de um curso para professores, ou quando nos debruçamos sobre um programa de estudos para os alunos, normalmente partimos do nosso conhecimento adquirido ao longo de estudos e experiências práticas, para definir os conteúdos que serão estudados pelos professores ou pelos alunos. Essa é uma tendência muito forte em todos nós educadores, mas uma tendência que nos leva muitas vezes apenas a ensinar conceitos, nem sempre do interesse daqueles que vão participar conosco do processo educativo. Por exemplo, podemos eleger o tema Desenvolvimento Psicogenético da Criança e fazer uma palestra sobre o mesmo, mas estaremos apenas falando de conceitos, sem levar em conta a realidade vivencial do nosso público. Assim, na melhor prática educacional, devemos antes solicitar aos professores, ou aos alunos, conforme o caso, que elejam suas demandas, seus interesses, seus problemas, para que possamos, em conjunto, desenvolver temas e soluções não apenas de forma conceitual, te

Somente a educação

Ouvimos de uma autoridade pública a afirmação que somente a política pode melhorar as condições de um país, sendo o único caminho para a estabilidade democrática. Pedimos licença para discordar. A política, entendida pela maioria como ideologia partidária, e não como ciência social, pode ser, e tem sido, instrumento perverso para as liberdades democráticas, defendendo interesses mesquinhos e até mesmo contrários à vida, interesses esses estatutários, elegidos pelo partido político, nem sempre concordantes com a própria democracia. Lembremos que as autoridades públicas são eleitas pelo voto do povo para defender os interesses da maioria, e não para fazer de sua autoridade palanque de favores partidários, o que mais temos visto acontecer historicamente. Isso quando o poder não leva a autoridade pública ao autoritarismo, um grave desvio da democracia tão defendida nos discursos. Quando uma nação, historicamente, elege a política partidária, a segurança pública, o discurso populista como f

A educação de quem deve educar

A sala de aula está repleta de olhares sedentos de conhecimento, afinal todos ali estão com um objetivo comum: tornarem-se pedagogos, estarem preparados para trabalhar nas escolas e dar aula a crianças, adolescentes, jovens. A professora explica, sem meias palavras: "Não se iludam! Esse negócio de diálogo com os alunos, construção do aprendizado e outras coisas, é tudo bobagem. Tenho mais de vinte anos de magistério e posso afirmar a vocês que o professor deve entrar em sala e marcar bem a sua autoridade. É ele quem manda e quem ensina. É um erro tirar das salas aquele tablado, porque o professor tem que "ficar por cima". Se vocês, quando começarem a dar aula, não fizerem isso, os alunos tomam conta e fazem de vocês verdadeiros palhaços!". Quem me narra a cena, com olhar de espanto e indignação, é uma amiga, atualmente fazendo a faculdade de pedagogia. Reflito e argumento: "Discurso e postura mudaram bem pouco nesses trinta e pouco anos que separam minha histór

A escola é uma família que reúne pessoas

“ Aos meus olhos, ensino escolar que não abranja todo o Espírito, como exige a educação do homem, e que não seja construído sobre a totalidade viva das relações familiares conduz apenas a um método artificial de encolhimento de nossa espécie.” Pestalozzi O educador suíço Pestalozzi escreveu essas palavras em 1799, após o sucesso de seu empreendimento pedagógico no Orfanato de Stans, quando recolheu e educou mais de 40 crianças vítimas da guerra napoleônica, muitas delas órfãs, outras de pais muito pobres, todas perambulando pelas ruas como mendigas à procura do que comer. Ele era o primeiro a levantar e o último a se recolher para dormir, e as tratava como um verdadeiro pai. Essa filosofia Pestalozzi levou depois, em 1804, para o Instituto de Iverdon, escola por ele criada e que recebeu enormes elogios, sendo considerada à sua época como um modelo que devia ser seguido por todas as escolas. Diz o mestre que o ensino dado na escola precisa abranger todo o espírito, ou seja, precisa leva