O envekhecimento e a vida futura
Faz parte da vida humana envelhecer, acumulando anos de vida com suas experiências e aprendizados, adentrando à chamada terceira idade, o que leva toda pessoa que está vivendo a velhice a pensar na morte, que um dia fatalmente chegará. Esse é um assunto que merece reflexões a partir da visão espiritualista da vida que os princípios da Doutrina Espírita nos apresentam. Muitos encaram a morte como o fim da vida, o fim de tudo: são os materialistas; os espíritas encaramos a morte como continuidade da vida, retorno da alma ao mundo espiritual, sobrevivendo ao fenômeno da extinção do veículo físico que é o corpo orgânico, e mantendo a sua individualidade. Cremos que a alternativa espiritualista, e mais especificamente a alternativa espírita, é a que melhor responde aos anseios e dúvidas dos que já estão com a idade avançada.
Mas antes de falarmos sobre a vida futura, façamos algumas reflexões sobre a vida terrena e, permita-me o leitor, colocar-me nessas reflexões, afinal já estou quase na casa dos setenta anos, portanto sou um vivenciador do envelhecimento corporal, mas procurando me manter como um idoso, pois segundo os estudiosos do assunto há diferença, e significativa, entre ser “velho” e ser “idoso”. Velho é a pessoa que para no tempo, que não entende dessas coisas modernas, que foge da tecnologia, que vive recordando o passado, “aqueles bons tempos”, e deixa o tempo passar, inutilmente, aguardando a morte. Já o idoso é aquela pessoa que, embora com a idade mais avançada, vive o dia a dia como ele é, ocupando-se utilmente, acompanhando os avanços humanos nas mais diversas áreas, sabendo o que acontece e não se entregando à ociosidade, de acordo com a sua capacidade física e mental.
Como vemos, existe significativa e profunda diferença entre “velho” e “idoso”. Estou procurando me manter na lista dos idosos, estudando, realizando, procurando ser útil, preservando a saúde, sem deixar o tempo passar pela janela, nem ocupar os dias jogando dama ou cartas na praça, o que considero muito tedioso e inútil. Nada contra quem o faz, não estou tecendo julgamento, cada um faz o que quer com seu livre arbítrio, mas exerço o direito de refletir sobre o uso do tempo na vida, ainda mais quando se tem – e o tenho – visão espiritualista sobre o nascer, viver e morrer, na certeza de ser uma alma que não está a simples passeio aqui pela Terra.
Refletindo sobre a velhice, devemos reconhecer que mesmo com a saúde debilitada, sempre temos algo a fazer, como, por exemplo, passar nossa experiência de vida aos mais jovens, em especial aos netos e/ou bisnetos, dando-lhes bons e sábios conselhos. Podemos ser contadores de histórias, daquelas baseadas em bons exemplos, enquanto as forças físicas permitirem. Ser útil até o final da existência, essa deve ser a força a nos mover, em qualquer circunstância, tendo resignação quanto ao que podemos fazer e o que não mais podemos fazer, pois Deus sabe de nós e não nos falta com seu amparo.
Agora, se estamos com boa saúde, tanto física quanto mental, por que se entregar a uma aposentadoria ociosa, dizendo já ter, profissionalmente, trabalhado muito, quando podemos ainda realizar muitas coisas? Por que se entregar ao desânimo, à inutilidade, dizendo que apenas esperamos a morte chegar? Não, definitivamente não. Estamos na Terra para realizar o aprendizado do “amai-vos uns aos outros”, o que não depende de profissão remunerada ou de idade, pois sempre é tempo de aprender a amar, de se colocar a serviço do bem.
Quanto à morte, somente Deus o sabe, não temos controle sobre ela. Se não sabemos quando vamos morrer, nem como vamos morrer, por que ficarmos preocupados com ela? Temos que tocar a vida em frente, continuando a ter sonhos, ideais a alcançar e, se eles forem interrompidos pela visita da dona morte, paciência, mesmo porque a vida continua, e como continua, vamos prosseguir estudando, aprendendo, trabalhando e nos aperfeiçoando, apenas que não no mundo material, e sim no mundo espiritual.
Como nos lembra o filósofo, professor e escritor José Herculano Pires, precisamos aprender a nos preparar para a chegada da morte, reconhecendo que os desígnios divinos são soberanos e sempre para o nosso bem, e que a vida continua, existe vida futura, pois somos imortais. Se, vez ou outra, perguntarmos “quanto tempo de vida ainda tenho?”, respondamos com toda certeza: a eternidade, pois a existência física é limitada e passageira, mas a vida do espírito é para todo o sempre!
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