Temos formado gerações que não sabem responder quem são, de onde vieram, o que estão fazendo aqui e nem para onde vão com a chegada da morte, portanto, temos formado gerações de ignorantes em relação ao essencial da vida. Temos expertise no sistema educacional em formar talentos nas mais diversas ciências e artes, e mesmo em lançar na sociedade pessoas completamente despreparadas para a vida social e para saber pensar por si mesmas, mas não temos essa mesma expertise para desenvolver o potencial divino que carregamos e para ensinar o que é essencial, pois de conhecimentos supérfluos abarrotamos as crianças e os jovens, mas de espiritualidade e humanidade quase nada desenvolvemos. É por esses motivos que estamos às voltas, há tanto tempo, com déspotas, fanáticos, corruptos e uma massa de seres humanos manipuláveis por discursos falsos de quem tem interesse apenas em dominar a favor de si mesmo e de seus interesses materiais imediatos.
Transformar moralmente a humanidade passa primeiro pela transformação moral das pessoas, e esse trabalho transformador é justamente o processo educacional que precisamos implementar, priorizando o desenvolvimento da espiritualidade do ser humano, desde a infância, pois não podemos esquecer que somos Espíritos reencarnados tendo como meta futura alcançar o estágio final de Espírito Puro.
Quando fomos criados por Deus recebemos em germe, em potência, tudo o que necessitamos para cumprir esse destino final. A cada encarnação vamos progredindo em intelectualidade e moralidade, conforme passamos pelas experiências que a existência humana nos proporciona e os conhecimentos que vamos adquirindo. A sabedoria divina nos fez seres de relação, de vida em comum com os outros seres humanos, para que assim possamos aprender uns com os outros, dando-nos a infância para sermos mais influenciáveis pelos pais e professores, que recebem a missão de serem os encarregados pela nossa educação. Quando a família e a escola, na figura dos pais e dos professores, deixam de desenvolver no ato educativo a espiritualidade, ou seja, a verdade de nossa realidade imortal, lançam na sociedade indivíduos despreparados que tendem a se deixar seduzir pelas ideias materialistas, mesmo sendo falsas, pois nada sabem das ideias espiritualistas. Um vasto campo então se abre para o egoísmo e o orgulho, as duas grandes chagas morais que assolam a humanidade com uma rede intrincada de males.
A filosofia espírita da educação, sendo uma filosofia espiritualista, propõe uma renovação e transformação na ciência pedagógica e, portanto, na prática educacional. Ousamos mesmo dizer que propõe uma verdadeira revolução, não apenas metodológica, mas de essência, pois proclama que o ser humano não é o corpo biológico, mas sim o Espírito imortal presentemente reencarnado. Com base na imortalidade e na reencarnação, e tendo parâmetros igualmente nos ensinos morais do Evangelho, a filosofia espírita da educação trabalha o hoje para que o indivíduo repare o seu passado (o que fez nas encarnações anteriores) e, ao mesmo tempo, construa um novo e mais feliz futuro (próximas encarnações).
A proposta de desenvolver a espiritualidade no ser humano não é exclusiva do Espiritismo, mas ganha componentes mais amplos e profundos com os princípios que formam sua estrutura doutrinária, com sua visão sobre a imortalidade, a reencarnação e a eternidade. É uma proposta eminentemente educacional, motivo pelo qual entendemos que o Espiritismo é em sua essência, doutrina de educação.
Desenvolver a espiritualidade é trabalhar os sentimentos, a fé raciocinada, a empatia (saber se colocar no lugar do outro), a caridade, tudo isso, e muito mais, não apenas de forma teórica, mas levando o educando, seja ele criança, jovem ou adulto, à prática, ou seja, à vivência desses temas, ou melhor dizendo, desses princípios, pois não basta saber, é necessário viver o que se aprende.
Temos muito trabalho pela frente e, portanto, estamos falando de um projeto educacional de médio e longo prazos, mas cujos resultados, gradativamente, farão a diferença na transformação moral (e nisso insistimos) da humanidade, destruindo o egoísmo e o orgulho, que serão substituídos pela caridade e pela humildade, pois teremos uma educação que levará cada um a saber responder quem é, de onde veio, o que está fazendo aqui e para onde vai. É dessa educação que fala o Espiritismo, é dessa educação que necessitamos.
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