segunda-feira, 27 de maio de 2013

Escola Humanizada

Quando assistimos um filme de época, ou seja, principalmente os que retratam a vida social de antes da metade do século vinte, muitas vezes nos escandalizamos com o tratamento que era dado às crianças e jovens, tanto na família como na escola. Consideradas meras miniaturas dos homens e mulheres, as crianças eram espancadas, tinham de suportar metodologias educacionais torturantes, eram subservientes ao pai, e as escolas não eram construídas para elas, mais se assemelhando a verdadeiras prisões.


O tempo passou, novas idéias surgiram, a sociedade mudou, criou-se a pedagogia e, dizem, não há mais termos de comparação da atualidade com o passado. Bem, não é tanto assim. Em alguns países europeus, às voltas com a violência dentro da escola, estão sendo adotadas medidas coercitivas contra os alunos, como proibição de celulares, detectores de metais, revistas nas mochilas, policiamento ostensivo, vigilância com câmeras e, até mesmo, cogita-se da volta da palmatória ou outro instrumento equivalente. Nos Estados Unidos qualquer diretor de escola pode chamar a polícia para prender o aluno que desacatar um professor ou desobedecer as normas escolares.


Aqui no Brasil as coisas não estão muito diferentes. Violência na escola e no seu entorno já nem dão mais audiência de tão comum o fato. Escolas que verdadeiramente massacram seus alunos com estudos preparatórios para os exames de toda ordem, destacando-se o Enem e o vestibular, fazem parte do cotidiano do sistema de ensino, tanto público como particular, talvez com mais intensidade neste último. Atividade que provoque barulho em sala de aula é, para muitos diretores e coordenadores, sinônimo de perda de autoridade por parte do professor.

E temos também outras questões muito graves: autoritarismo da direção escolar, melindres e desunião entre os professores, cobrança radical sobre os pais, rotulagem sumária do aluno não enquadrado no sistema, tudo isso colaborando para termos uma escola que na prática coloca-se distante do discurso pedagógico.


É por tudo isso que sentimos a necessidade da humanização da escola. O diretor, o professor, o funcionário, o aluno, o pai, a mãe, enfim, todos os que estão envolvidos, direta ou indiretamente, no processo escolar, são humanos, são gente. Possuem sentimentos e saber. Ninguém é objeto, ou número, ou máquina.


Precisamos tornar mais humanas as relações entre as pessoas e também as relações pedagógicas. Um pouco de afetividade não faz mal a ninguém, pelo contrário, sensibiliza o coração e faz com que entendamos que os problemas enfrentados pela escola não têm solução na ação policial ou em atos de segurança institucional.

Ambiente prazeroso onde todos podem desenvolver seu potencial é do que necessita a escola, e não estamos falando apenas de ambiente adaptado para os alunos, mas de ambiente prazeroso para todos, pois os que fazem da escola seu ambiente de trabalho também necessitam ter prazer em ali estar. 

Escola humanizada não é sonho. Escola humanizada é necessidade. 

Entretanto, somente mudando as pessoas e os modelos de gestão das mesmas poderemos mudar a instituição social chamada escola.

Pensando nisso o Instituto Brasileiro de Educação Moral (IBEM) possui o Projeto Escola do Sentimento, que pode ser solicitado gratuitamente através do e-mail educacaomoral@educacaomoral.org.br.

segunda-feira, 13 de maio de 2013

A violência na escola

Não é só o Brasil que sofre com a violência nas escolas, fenômeno que não é exclusividade dos países pobres ou em desenvolvimento, mas também presente em países como os Estados Unidos, a Inglaterra e a Alemanha, todas elas consideradas nações desenvolvidas, fazendo parte do seleto grupo das nações mais ricas do mundo.
Na Inglaterra os professores se sentem ameaçados por armas de fogo dentro da escola, e na Alemanha o índice de ataque contra professores dobrou em apenas dez anos.
Esses dois países sugerem algumas medidas: colocação de detectores de metais nos portões de entrada; instalação de circuito interno de câmaras de vídeo; realização de exames aleatórios para detectar o uso de drogas; pressão sobre os pais de alunos problemáticos; vigilância policial externa. Perguntamos: atacando os efeitos através de medidas de segurança pública conseguiremos resolver a questão da violência dentro das escolas?
Os professores alegam que o problema está na família, que a maioria dos pais não sabe educar seus filhos. Temos que concordar ser a família uma das causas, com gravíssimos problemas quando se trata de dar bons exemplos, colocar limites, exigir responsabilidades, interagir com a escola, etc., entretanto, colocar toda a culpa na família é um exagero, pois a própria escola, quando não realiza sua missão de educar o ser total, ficando apenas no preparo intelectual dos alunos, também tem sua parcela de culpa.
E é culpada igualmente a sociedade quando mantém leis injustas que privilegiam determinados setores em prejuízo de outros. Quando não promove, através dos meios educacionais, valores de vida profundos e enobrecidos, dando mais importância ao desenvolvimento do senso moral das pessoas, tudo se complica.
A solução da violência nas escolas - que é de médio e longo prazo - só acontecerá quando formos na causa. Enquanto considerarmos que a educação é questão de segurança pública, e não de formação das consciências, continuaremos a assistir esse doloroso quadro.
Precisamos com urgência rever nossos valores na educação e também o que estamos fazendo no sistema de ensino. A escola é lugar do amor pedagógico, e não da polícia.
A complexidade da questão violência na escola requer uma abordagem sistêmica, com visão do todo. É uma questão sócio-educacional que envolve a família, as autoridades públicas, os cursos de formação de professores e outros profissionais da educação, a escola, a comunidade, as organizações não governamentais, pois medidas pontuais, se bem-vindas e com bons resultados, não resolvem a questão, são paliativos que encontram um grande obstáculo: a não continuidade e as barreiras impostas pela injustiça social.
E indo mais além, temos outra questão de profundidade: a formação moral do indivíduo, relegada a segundo plano há bastante tempo, com as pessoas valorando pensamentos, comportamentos e atitudes que ferem frontalmente a regra de ouro da educação: aprender a fazer ao outro o que gostaríamos que o outro nos fizesse.
Discursar a cidadania e fomentá-la através dos esportes e das culturas é reduzir a abordagem e o espaço da verdadeira educação. Aliás, é interessante observar como as intervenções para combate à violência escolar são feitas de fora para dentro, normalmente não pertencendo ao projeto político-pedagógico em desenvolvimento.
Educar é uma arte que exige sensibilidade e doação, amor e trabalho contínuo. Essa arte só é plena quando prioriza a formação do ser para o ser e para a vida, trabalhando o desenvolvimento do pensar no outro, do conviver e interagir com o outro na construção de relacionamentos sadios e éticos, ou seja, a educação verdadeira é aquela que realiza a formação do caráter, que leva o educando, de qualquer faixa etária, a elaborar, compreender e interiorizar virtudes, pois somente assim ele exteriorizará o que é bom para ele e para o outro.
Escolas que estão trabalhando essa educação sinalizam um futuro promissor da humanidade.
Se castigos e recompensas não são consideradas ações pedagógicas corretas, também devemos incluir nesse desvio educacional a segurança eletrônica nas escolas, as dúzias de inspetores que mais parecem agentes de segurança, o rebaixamento da idade penal e tudo o mais que cerceia e policia o ato de educar.
Precisamos, na educação, de sentimento. Precisamos, na escola, de amor. Precisamos, na família, de bons exemplos. Precisamos, das autoridades públicas e empreendedores, de projetos pedagógicos que fomentem a educação moral do ser. Então veremos a violência ser página virada na história do homem.
E tudo começa no lar, como bem nos diz Madre Tereza de Calcutá:
Acredito que o mundo hoje está de ponta cabeça e sofre muito porque existe tão pouco amor no lar e na vida familiar. Não temos tempo para nossas crianças, não temos tempo para nos darmos uns aos outros, não temos tempo para apreciarmos uns aos outros”.
E reforçando nossa concepção da importância do amor, o maior dos sentimentos, na prática educacional, afirma:
O amor começa em casa; o amor habita nos lares e é por isso que existe tanto sofrimento e tanta infelicidade no mundo... Todos, hoje em dia, parecem estar com tanta pressa, ansiosos por grandes desenvolvimentos e grandes riquezas e assim por diante, de modo que as crianças não têm tempo para os pais. Os pais têm pouco tempo para darem-se uns aos outros, e no próprio lar começa a destruição da paz do mundo”.
A violência na escola começa com a violência da falta de amor na família, e é agravada com a continuidade do não-amor entre professor e aluno. Mas existe um remédio, uma solução: a educação moral. Começando pela aplicação em nós educadores, e depois contagiando os adultos de amanhã, as crianças e jovens que estão dependentes de nossas ações e exemplos.

Vídeo - O Jovem e a Dinâmica Educacional

O vídeo sobre educação espírita O Jovem e a Dinâmica Educacional aborda a importância da participação do jovem no processo ensino-aprendizag...