sábado, 11 de outubro de 2014

O discurso e o exemplo: uma dialética educacional para cosntrução da cidadania

Lendo e relendo, pois precisamos sempre aprender e reaprender, deparei-me com o livro "Pedagogia da Solidariedade", de Paulo Freire, educador que marcou, e sempre marcará, a educação progressista. E nele (re)descobri esta frase profunda: "Nós temos que dar exemplos. É absolutamente importante saber que a educação demanda exemplos, testemunho. O discurso, o discurso democrático do professor, que não se funda na prática, que distorce, que nega a prática, é uma contradição".

Em educação o maior e melhor recurso que um(a) professor(a) pode utilizar é o exemplo, pois ele tem uma força viva que impregna o ato educativo de autoridade moral, num perfeito diálogo entre o que se discursa, o que se quer, o que se propõe, com a vivência desse mesmo discurso por parte do(a) educador(a). Quando o(a) professor(a) não é o que fala e o que solicita a seus alunos, cai em contradição. Dizer que suas aulas são democráticas e participativas, e estabelecer tempo máximo de fala de cada aluno, e não aceitar ser contrariado, é típico do(a) educador(a) que tem a democracia apenas nas palavras, e não nas atitudes.

Muitos projetos educativos não alcançam seus objetivos, não obtém os resultados esperados, porque o(a) educador(a) realiza sua práxis mecanicamente, sem vida, sem se doar, sem humanização e afetividade, aplicando as técnicas e exigindo padrões de comportamento que são desmentidos pela sua indiferença e pelas suas atitudes contrárias ao que estabelece para os alunos. É impossível que a educação se realize.

E quando falamos em educação, falamos também em ética, pois uma é indissociável da outra. Trabalhamos para o desenvolvimento de outro ser humano, e quando o fazemos, temos que ter em mente que ao mesmo tempo trabalhamos para o nosso desenvolvimento, que é sempre contínuo, nunca se esgota, daí porque entendermos que somos construtores de nós mesmos ao longo do tempo. Podemos ilustrar essa questão com aquela professora que todos os dias chegava na escola de mau humor, irritada, cansada e murmurando contra o baixo salário e os alunos, considerados por ela apenas como um problema. Não é possível educar dessa maneira. Pedia silêncio, mas era a primeira a falar em alto som. Pedia comportamento exemplar, mas era a primeira a quebrar as regras. Como querer cidadãos éticos sem dar o próprio exemplo?

A educação requer exemplos, do(a) professor(a), sim, desse(a) que é responsável pelo desenvolvimento da autonomia e criticidade de seus educandos. Isso só pode acontecer se professores(as) trabalharem o auitoconhecimento, que deságua na auto-educação.

quinta-feira, 2 de outubro de 2014

Professor, meu amigo

Já se vão os tempos em que o professor era a autoridade máxima dentro da sala de aula, inquestionável e não participativo, senhor absoluto do conhecimento, delegando para a direção escolar os conflitos por ventura existentes entre os alunos e entre ele e os estudantes. Essa postura, aliás, é uma das responsáveis da degradação pedagógica de nossas escolas e do crescente desafio à autoridade por parte das crianças e jovens, subvertendo uma ordem que parecia ser a mais adequada, mas que com o tempo mostrou-se perversa e antipedagógica.

Hoje compreendemos que o professor deve manter ampla interação com seus alunos, e não apenas na sala de aula, mas em todos os ambientes da escola. O professor deve ser amigo do aluno. Deve ser o orientador do seu desenvolvimento cognitivo, e também afetivo, em conjunto com os pais e responsáveis, estimulando-o a fazer descobertas e a ter autonomia e criticidade, sempre acompanhadas do cumprimento dos deveres e responsabilidades consequentes.

Isso não é novidade. Pestalozzi, no início do século XIX, exercia isso no Instituto de Iverdon, em plena Suíça fervilhando para ser república. Depois, na primeira metade do século XX, Freinet, por exemplo, revolucionava o ensino a partir do interior da França. E não apenas ele, pois vários outros educadores, com suas ideias e experiências na chamada Escola Nova, também conhecida como Escola Ativa, mostravam novos caminhos de interação professor e aluno, escola e família.

No Brasil podemos destacar as ideias e projetos de Anísio Teixeira, Lauro de Oliveira Lima, Paulo Freire, Anália Franco, Eurípedes Barsanulfo, entre outros, dedicando-se a estabeçecer uma relação afetiva, prazerosa, entre o ensino e a aprendizagem, antecipando-se aos questionamentos que hoje realizamos com relação ao processo educacional propiciado pela escola.

No final do século XX projetou-se para o mundo a Escola da Ponte, na Vila das Aves, cidade do Porto, em Portugal, tendo à frente o educador José Pacheco, que há alguns anos dedica-se a transformar a escola brasileira, teimosamente apontando para o que está errado e o que pode dar certo, incentivando os professores a deixarem o velho para trás, insistindo que não existem problemas de aprendizagem e sim de "ensinagem" (e concordamos com ele plenamente).

Convidamos todos os professores, todos os pedagogos, todos os gestores escolares, a conhecerem esses e outros grandes educadores, num repensar a educação e a escola. Isso para mudar o paradigma ainda vigente, que carrega resquícios da velha autoridade professoral, para que na escola o clima seja mais afetivo, mais participativo, com o professor fazendo seus alunos trabalharem em grupos e projetos de pesquisa, sempre com alegria, embora não perdendo a chamada autoridade moral, que não se confunde com a autoridade do "aqui mando eu".

Um caminho possível é a Escola do Sentimento, projeto do Instituto Brasileiro de Educação Moral (IBEM), que todos podem conhecer em www.educacaomoral.org.

Enfim, ser amigo, uma espécie de segundo pai ou segunda mãe, parece-nos o futuro do professor, se queremos realmente fazer das nossas escolas um mundo mágico de saberes e vivências para toda a vida.

Vídeo - O Jovem e a Dinâmica Educacional

O vídeo sobre educação espírita O Jovem e a Dinâmica Educacional aborda a importância da participação do jovem no processo ensino-aprendizag...