segunda-feira, 25 de abril de 2016

Se o amor fosse ensinado

Viajando pelo mundo para divulgar sua sensacional ideia dos Doutores da Alegria e a humanização dos hospitais, o médico Patch Adams, que ficou famoso graças ao filme biográfico estrelado pelo ator Robin Williams, em entrevista fez uma declaração sobre a escola e a educação, nos seguintes termos: "Todo mundo fala que o amor é a base da educação, mas nunca encontrei uma escola que ensinasse o amor".

Refletindo sobre essa frase, deparamo-nos num ônibus com alunos da rede pública de ensino fundamental deslocando-se para a escola. Entraram numa grande algazarra, muitos pela porta de trás, sem passar pela roleta, ou seja, sem utilizar o cartão que todos deveriam possuir e utilizar; ficaram "zoando" os passageiros e pedestres; amontoaram-se na parte de trás, dificultando a saída dos passageiros; falavam alto, com palavrões e insinuações de duplo sentido, enfim, fizeram da viagem um verdadeiro inferno, testando a paciência dos que se deslocavam para seus compromissos. Estão na escola, possuem família, mas parece que não sabem respeitar o próximo e, portanto, não sabem amá-lo.

Se vamos falar com eles, mesmo que educadamente, com todo o respeito, somos recebidos com indiferença e indolência, isso quando não recebemos ameaças por estarmos incomodando-os, entrando no espaço deles. Arrogam-se o direito de fazer o que querem, afinal o espaço é público. Não estão nem aí com os outros, pois importam-se apenas consigo mesmos. Em tudo assistimos o individualismo exacerbado, o egoísmo predominando. Elegem direitos, mas não cumprem com os deveres de civilidade. Arrogam liberdade, mas não assumem as responsabilidades da convivência social. Então, perguntamos, o que a educação está fazendo? Quem está falhando: a família ou a escola?

Os pais dirão que a falha está na escola da atualidade, pois essa escola, seja ela pública ou privada, não educa, apenas instrui, e muito mal. Os professores dirão que a falha está na família dos dias de hoje, que dá liberdade demais aos filhos, não dá bons exemplos e joga toda a responsabilidade da educação para a escola. Afinal, quem está com a razão?

Nossa experiência e os estudos feitos a respeito mostram que o problema está em duas questões: primeiro, que família e escola devem ser parceiras, pois a responsabilidade de educar pertence a ambas, não é mais possível ficarem cada uma de um lado e em plena guerra; segundo, que educação é muito mais que instrução, e vai muito, muito além, de trabalhar conteúdos curriculares e formar profissionais disso ou daquilo.

É por tudo isso que imaginamos o quanto seria bom se a escola e a família se preocupassem com as regras de ouro da educação, ou seja, com fazer com que a criança, desde cedo, aprendesse a fazer ao outro somente o que gostaria que o outro lhe fizesse, e aprendesse a se amar e amar ao próximo.

O doutor Patch Adams detectou isso no contexto da escola, que ampliamos igualmente para o contexto da família. Podemos imaginar como seria nossa sociedade se ensinássemos o amor às novas gerações?

Se o amor fosse ensinado, e não se trata apenas de teoria, como tudo seria diferente!!!

segunda-feira, 18 de abril de 2016

Mudanças

Quando falamos em mudar alguma coisa em nós mesmos, ou apontamos para alguém a necessidade de realizar alguma mudança, estamos falando de vontade de alterar, de mudar, de transformar um hábito, e isso pode parecer não ser fácil, pois somos naturalmente resistentes a sair daquela zona de conforto que criamos, então utilizamos vários ditados populares para justificar a não mudança: "isso é muito difícil de fazer"; "é preciso ter muita força de vontade"; "já estou muito velho para pensar em mudar hábitos". Bem, a verdade é que é possível fazer mudanças nos próprios hábitos, e para isso o grande segredo é o querer, ou seja, querer mudar, querer ser uma nova pessoa, querer se educar.

Fazer diferente pode levar tempo, maior ou menor, mas é incontestável que toda e qualquer pessoa pode se transformar, pode começar uma nova vida a partir da hora em que toma essa resolução pela mudança de si própria.

É assim que novos e positivos hábitos, aos poucos, vão tomando o lugar dos velhos e nocivos hábitos. Então você para de fumar, não se embrutece mais com a bebida alcoólica, deixa de falar palavrões, passa a ser mais sociável, ganha mais organização na vida e assim por diante. Tudo porque em determinado momento você se disse: eu quero mudar, eu quero ser outra pessoa!

Lembra o escritor e consultor James C. Hunter: "Para mudar, basta que se esteja comprometido de forma absoluta. Isso significa ter a intenção de mudar e a disposição de aceitar os esforços necessários para alcançar o objetivo com ações concretas. É estar determinado a se comportar de uma maneira diferente muitas e muitas vezes, até que os novos hábitos estejam consolidados".

Eis as chaves: comprometimento e determinação.

A vontade de mudança tem que ser firme, sair do fundo da alma, pronta para enfrentar os obstáculos, para furar o bloqueio da zona de conforto. Sem isso vamos ficar no meio do caminho, e os velhos hábitos sairão vencedores.

E o que dizer quando almejamos mudanças nos grupos aos quais pertencemos? Mudanças de ordem social? Elas só podem acontecer se sairmos do discurso e formos para a ação com o nosso próprio exemplo. Como querer que os familiares larguem o cigarro se nós mesmos, durante o discurso, fumamos dois a três cigarros? Como incentivar os alcoólatras a procurar o apoio do AA, se não largamos o hábito de beber socialmente, se ainda mantemos nosso bar particular em casa?

Estamos, portanto, falando de auto-educação. Na verdade estamos falando de educação, pois como dizia Aristóteles, "os hábitos que formamos desde a infância não fazem pouca diferença - na verdade, fazem toda a diferença".

Não está na hora, de forma consciente, de começarmos a fazer mudanças em nossa personalidade e naqueles velhos e nocivos hábitos que tanto nos maltratam e nos dão dor de cabeça na convivência com os outros? Comecemos agora, pois adiar para amanhã é perder precioso tempo.

segunda-feira, 11 de abril de 2016

Procurando um sentido para viver

Assisti o filme Trem Noturno para Lisboa, produção de 2013 com o ator Jeremy Irons interpretando um professor suíço que abandona suas aulas em colégio tradicional e sua vida conservadora na cidade de Berna, para dar um mergulho na cidade de Lisboa atrás da história de um médico e escritor português que lutou na resistência contra a ditadura de Antonio Salazar. Claro que a história dos personagens e a reconstituição de época chamam a atenção, mas o mais importante é verificar que o professor, em contato com os escritos e os dramas nele contidos, vai se transformando e adquirindo um novo sentido para seu viver, ele que até então era ateísta, materialista e um tanto quanto desiludido com os seres humanos.

Assistir o filme é uma boa recomendação, mas meditar sobre seu conteúdo é o que mais recomendo, e se perguntar ao final: por que eu vivo? qual o sentido da minha existência? o que tenho feito para mudar o mundo?

E por se tratar de um professor, essas perguntas possuem maior profundidade, afinal ele lida com a formação de adolescentes e jovens, e até então nada mais fazia do que se restringir ao currículo, seguir o livro didático e dar notas através de provas. Acontece que professores e pais são os grandes educadores das almas iniciantes da romagem terrena. Ele, já em terras lisboetas, indaga-se do seu papel diante da sociedade, de sua vida chata, sem desafios, quando se vê diante de personagens que atuaram para mudar a história de um país, que se arriscaram em nome de um ideal.

O que estamos fazendo? Assistindo o tempo passar ou agindo para fazer o nosso tempo? O que nos move? Estamos fazendo perguntas e procurando respostas, ou aceitando passivamente o que nos dão?

Diante de um cenário nada tranquilo que estamos vivendo, tanto no Brasil quanto no Mundo, ficamos aparvalhados, olhando para a tela da televisão ou do computador, sem ação efetiva, ou, incomodados, nos predispomos a falar, solicitar, fazer alguma coisa?

Sair da passividade, deixar a inércia do "deixo a vida me levar", "vamos aguardar para ver como fica", não significa usar da violência, esquecer o código de ética que deve fazer com que respeitemos sempre os direitos dos outros. A ruptura com o comodismo não tem o significado de violentar as consciências ou agredir fisicamente, seja a outra pessoa ou o patrimônio público. Significa romper consigo mesmo e buscar novas atitudes, positivas, de colaborar para o bem coletivo.

Ressignificar a vida, eis a mensagem que o filme nos passou.

Quem sabe não está na hora de pegar um trem e fazer uma viagem ao profundo da alma para libertá-la das amarras do comodismo e do conformismo? O personagem professor iniciou essa viagem quando salvou uma jovem de cometer o suicídio numa ponte, mas será que necessitamos de uma cena tão dramática para iniciar nossa nova vida, nossa mudança existencial?

Pensemos nisso.

sexta-feira, 8 de abril de 2016

O futuro depende de nossas escolhas

O jornalista André Trigueiro publicou em seu perfil no Facebook reflexivo texto que nos permitimos reproduzir, pela atualidade e importância. Eis o que ele escreveu sob o título "A parte que nos cabe nesta crise":

O pensamento não é uma abstração. A energia mental tem força e direção, interfere na qualidade do ambiente e na sensação de bem ou mal estar das pessoas. O sentimento que embala um pensamento lhe afere maior ou menor poder de irradiação. Quanto mais intensa e sincera for uma emoção, maior o seu alcance.
Pensamento e sentimento são, portanto, forças da natureza que por invigilância - ou ignorância - malbaratamos todos os dias. Distraídos e dispersos, abrimos mão do comando mental e seguimos o fluxo. O resultado disso não é nada bom. O que se convencionou chamar de movimento de manada (essa correria irrefletida não se sabe muito bem pra onde) tem origem justamente nessa perda da autonomia, quando reproduzimos os pensamentos dos outros, nos espelhamos nos sentimentos dos outros, e a vida segue desprovida de sentido e verdade.
É possível filtrar pensamentos e emoções. Oxigenar a mente, serenar o coração. Investir tempo e energia na direção do equilíbrio, da serenidade, da lucidez. Isso requer alguma disciplina, mas é perfeitamente possível onde haja VONTADE!
Prece, meditação, leituras e músicas inspiradoras, boas companhias, bons papos, tudo isso entra no pacote. Engana-se quem acha que esses cuidados geram alienação, fuga ou afastamento da realidade. Na verdade, dá-se o contrário: uma mente serena percebe com maior clareza o que vai à volta, não se precipita em movimentos exasperados nem se atormenta com facilidade. Tão importante quanto o mecanismo "autolimpante" de um forno, o antivírus de um computador, ou o olhar atento de um jardineiro que remove com atenção e cuidado as ervas daninhas do jardim, precisamos cuidar todos os dias dessa dupla dinâmica que resume a nossa existência: a mente e o coração.
A crise lá fora não vai mudar por causa desse movimento solitário. Mas a sua resposta à crise será outra. Ter opinião sobre as coisas é ótimo, melhor ainda é manifestá-la sem prejudicar o seu fígado, sem se indispor com a pessoa amada, sem eleger como inimigo quem pensa diferente de você.
De uma forma ou de outra o mundo seguirá em frente. As crises se sucederão em diferentes ordens de grandeza, no plano pessoal ou coletivo.
A grande questão é: como você deseja passar por tudo isso?
Recolhido à prisão de Robben Island, onde cumpriu pena de trabalhos forçados por 27 anos, Nelson Mandela superou o pesadelo do cárcere repetindo como um mantra o seguinte trecho do poema "Invictus", do britânico William Ernest Henley:
Não importa o quão estreito seja o portão e quão repleta de castigos seja a sentença, eu sou o dono do meu destino, eu sou o capitão da minha alma”
Mandela mobilizou preciosos recursos mentais e emocionais para superar o ódio e o desejo de vingança, resistir ao massacre do corpo físico e da esperança, para viver a glória de conduzir o processo que resultou na implosão do regime racista do apartheid na África do Sul.
Sejamos donos do nosso destino. Capitães da nossa alma.
Há um futuro auspicioso pela frente.
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Façamos a nossa parte com serenidade, pensando sempre no bem coletivo e com visão de futuro, pois não há nada pior do que, amanhã, se arrepender de pensamentos e atos que feriram aqueles com os quais deveríamos viver em paz e solidariedade.
Que nosso futuro, não apenas individual, mas também coletivo, seja o melhor, sob as bênçãos de Deus.

Vídeo - O Jovem e a Dinâmica Educacional

O vídeo sobre educação espírita O Jovem e a Dinâmica Educacional aborda a importância da participação do jovem no processo ensino-aprendizag...