Crianças pobres em países ricos
O Centro de Pesquisas Innocenti, órgão da Unicef, a agência para educação da Organização das Nações Unidas - ONU, publicou relatório que nos deixa preocupados. Para que o leitor tenha a dimensão dessa nossa preocupação, transcrevo um resumo do relatório, conforme publicado pelas principais mídias:
"Uma
a cada cinco crianças nos países ricos vive na pobreza, segundo relatório da Unicef, que estabelece
uma classificação sobre o bem-estar infantil.
Dois países do norte da Europa - Alemanha e Suíça - lideram em termos
de progresso social em favor das crianças, enquanto Romênia, Bulgária e
Chile encerram a lista, segundo a Unicef, que observa que os três
últimos têm renda per capita menor.
Este não é o caso de Estados Unidos (37º entre 41 países) ou da Nova
Zelândia (34º), o que revela que "renda nacional elevada não basta para
garantir bons resultados em termos de bem-estar para as crianças",
destaca o relatório elaborado pelo centro de pesquisas Innocenti da
Unicef.
Eslovênia, na nona posição, supera amplamente países mais ricos em vários indicadores.
A classificação inclui 41 países da União Europeia (UE) e foi elaborada
com base em nove dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável definidos
em 2015 pela ONU, como redução da pobreza e da fome, e promoção da
saúde, bem-estar e educação.
Em média, uma a cada cinco crianças (21%) nestes 41 países de "alta
renda" vive na pobreza, apesar de grandes desigualdades: uma a cada dez
na Dinamarca e Islândia, enquanto na Espanha (16ª posição) o índice é de
30,5%, no México (38º), 31,6%, e no Chile, 25,5%".
Façamos dois destaques que merecem reflexão:
1 - Renda nacional elevada não basta para
garantir bons resultados em termos de bem-estar para as crianças.
2 - Em média, uma a cada cinco crianças em países de "alta
renda" vive na pobreza.
Temos assistido muitos países caminharem em direção a escolas ligadas em alta tecnologia, com ambientes físicos bem elaborados, mas, como se percebe pela pesquisa, isso não é garantia de excelência em educação, de educação que transforme a sociedade com o tempo e traga melhor justiça social. Mesmo em países de alta renda, com todas as crianças na escola e com famílias bem estruturadas do ponto de vista econômico, a pobreza não foi erradicada, o que, no nosso entendimento, fortalece a luta que fazemos pela educação moral, ou seja, a educação que transmite valores, que dá autonomia com responsabilidade, que ensina a respeitar os outros, que dignifica a inteligência para que a mesma promova o bem, em suma, educação que desenvolve o caráter da pessoa, desde a infância, promovida tanto pela família quanto pela escola.
Esse é o caminho, que escolas transformadoras, ainda consideradas experimentais (até quando?), estão promovendo.
E precisamos, nesse contexto, também repensar a família e seu papel na educação das novas gerações, pois os males sociais estão evidentes, se acumulando, numa espécie de ciclo vicioso.
Enquanto tivermos crianças vivendo na pobreza não podemos nos considerar uma civilização, pois se, de fato, colocássemos amor em tudo o que fazemos, não poderíamos mais ter esse quadro em nossa humanidade.
Está na hora de mudanças profundas na educação, a partir da filosofia que a rege, e não podemos mais simplesmente assistir a injustiça social, a violência, o egoísmo, a hipocrisia darem as coordenadas nessas área essencial para o crescimento humano.
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