segunda-feira, 29 de junho de 2020

Novos tempos, velhos problemas

Novos tempos, novas virtudes

Quando se vê o governo escolher para ministro da educação, sucessivamente, pessoas que nada entendem de educação, utilizando para essas escolhas critérios ideológicos ou políticos, percebemos com clareza que, embora se façam discursos de novos tempos, os velhos problemas continuam e até se agravam. A educação continua sendo uma barco com risco de naufrágio em meio de uma tempestade, e não apenas da parte governamental, mas, o que mais nos entristece, da parte da sociedade.

Pesquisas mostram que para os governantes, de todas as esferas de poder – municipal, estadual, federal –, a educação é uma das últimas prioridades em seus programas de governo, o que é seguido igualmente pela população, que não vê na educação a não ser a escola que ensina conteúdos curriculares, preparando os jovens para o mercado de trabalho.

Essa visão míope e equivocada da educação tem arrastado o Brasil ladeira abaixo tanto internamente quanto externamente, em que o país está mal visto e mal classificado pelos organismos internacionais, e pelos governos de outras nações.

O Mistério da Educação, há décadas, somente tem olhar e interesse pelo ensino superior, relegando o ensino infantil, fundamental e médio para papel secundário, e quando se movimento para o básico e essencial, como na criação da BNCC (Base Nacional Comum Curricular), cria um monstro pedagógico devorador das melhores intenções, obrigando as secretarias estaduais e municipais de educação a um esforço para o qual não estavam preparadas, e que resulta, por exemplo, num documento de 500 páginas para orientar os professores da rede de ensino pública na aplicação dessa monstruosidade apavorante.

A BNCC tem duas partes distintas e contraditórias: a teoria, que merce aplausos por se colocar na vanguarda pedagógica dos novos tempos, e a prática, que é retrógrada, incoerente com a teoria, mantendo a seriação escolar por idade dos alunos, que continuarão enfileirados na sala de aula, com o professor continuando a dar aula. Tudo o que a teoria não propõe, a prática consagra. E na contramão da LDB (Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional). Um documento oficial que fere flagrantemente a lei.

E assim continua o frágil barco da educação navegando conforme os ventos, lutando para não soçobrar.

Ah, pobre educação, confundida com a instrução, com as provas e notas, com os certificados de conclusão de curso, com a burocracia sufocante, com a preparação técnica para que sejamos alguém na vida, entendendo-se por isso ter uma profissão, mesmo que não sejamos pessoas éticas, de bom caráter e de visão global. Acontece que honestidade e solidariedade passam longe da escola, e para nosso desconsolo, também da família.

Sempre pensamos que novos tempos deveriam requerer novos pensamentos, novas ações, e que a experiência do passado deveria servir para não cometermos mais os erros de outras épocas. Estaríamos equivocados, ou equivocados estão os que assim não pensam?

Não é nosso interesse entrar numa discussão filosófica sem fim e inútil. Os fatos mostram que a educação é o caminho para regeneração da sociedade, mas que essa regeneração somente poderá acontecer quando entendermos com profundidade o que a educação é, pois o que ela não é já sabemos com a dor da experiência de ontem e de hoje.

segunda-feira, 22 de junho de 2020

A vontade de mudar desapareceu?

Uma Escola Diferente

A escola pode ser diferente. Necessariamente não precisa estar formatada em salas de aula, turmas, séries, provas, notas e tudo o mais que todo mundo sabe muito bem como é. Ela pode ser diferente.

Mesmo mantendo salas de aula e tudo o mais que hoje caracteriza a escola, seja pública ou particular, a escola pode ser diferente. Isso depende de gestores e educadores fazerem diferente, acreditarem que podem fazer diferente.

Que tal introduzir nos trabalhos escolares o diálogo? Sim, o educador dar voz aos educandos, ouvir o que eles têm a dizer, construindo o ensino a partir dessa intensa interação. É diferente, não é mesmo?

O educador pode permitir e incentivar que os educandos, sempre através do diálogo e de atividades, compartilhem expressões e vivências. Com isso o educador estará fazendo com que o educando se sinta valorizado e confiante em si mesmo. Muito diferente, não é mesmo?

Também pode o educador, e na verdade deve, demonstrar de forma concreta a aplicação e a utilidade dos conteúdos de cada matéria, para que o educando não se aborreça com os estudos e saiba aplicar na vida, de forma prática, tudo o que aprende. É bem diferente do que acontece hoje.

E aulas mais interessantes, vamos introduzir? O educador pode muito bem inovar, pesquisar novas formas de ensinar, usar a criatividade, saindo da mesmice, da repetição, do mesmo livro, da apostila de sempre, do exercício desgastado pelo tempo. Pode trabalhar por grupos de pesquisa e desenvolvimento de projetos. Que diferente!

É, a escola pode ser diferente.

Pode ser mais alegre, mais prazerosa, mais útil. Podemos pintar as paredes de cores diversas, e cantar e bailar junto com a música ambiente, e construir canteiros repletos de plantas e flores. Podemos fazer tanta coisa diferente!

E porque não adotar a Pedagogia da Sensibilidade? E realizar a Escola do Sentimento? Por que não parar de sonhar e dizer "não sei", "talvez" e colocar a força de vontade para fazer?

Ou será que a vontade de mudar desapareceu dos sonhos dos professores?

Pensemos nisso.

segunda-feira, 15 de junho de 2020

Pais e professores, todos são educadores

5 atitudes positivas para garantir uma reunião de pais e ...

Com a pandemia mundial do novo coronavírus, o isolamento social foi necessário para impedir que ele se alastrasse e provocasse males muito maiores do que já provocou. As escolas foram fechadas, as crianças ficaram em casa, e muitos pais passaram a trabalhar direto do lar, em home office. A convivência entre pais e filhos mudou totalmente. Antes os filhos iam para a escola e os pais para o trabalho, estavam juntos apenas em pequenos períodos de tempo, notadamente no período noturno, mas agora estão juntos o tempo todo, todos no mesmo lugar.

A pandemia trouxe vários importantes ensinamentos para os pais, entre eles que os professores e as escolas não têm culpa, ou pelo menos não têm culpa exclusiva, pela conduta, pelo comportamento das crianças. Muitos pais já concluíram que a culpa é deles mesmos.

Tendo que conviver com os filhos 24 horas, semana após semana, os pais se deram conta que muitas vezes não é tão simples e fácil essa convivência: criança tem muita energia, requer constante atenção, fica atenta a tudo o que fazemos e falamos, absorve bons e maus exemplos. Estamos falando de convivência diária com uma a três crianças. Imagine-se a professo4ra da educação infantil e do primeiro segmento do ensino fundamental, com 30 a 40 crianças em sala, e sem ninguém para lhe auxiliar.

Antes da pandemia e do isolamento social, os pais consideravam que o problema da educação de seus filhos estava na escola, agora percebem e sentem que o problema está na família. Melhor dizendo, percebem e sentem que o problema está tanto na família quanto na escola, pois ninguém é isento de erros, mas que há um grande peso na família, principalmente quando os pais não se preocupam em dar bons exemplos, em trabalhar limites, em distribuir responsabilidades, em corrigir com equilíbrio e autoridade, em ter paciência, em participar das brincadeiras e em dar afeto.

Temos, por assim dizer, um vírus do bem, pois que nos obrigou a repensar o relacionamento familiar, principalmente o relacionamento entre pais e filhos.

Agora os pais estão repensando o relacionamento com os professores e a escola. Devem, quando voltarem ao novo normal, interagir mais, participar mais. E a escola, por sua vez, deve igualmente repensar sua relação com a família, até porque muitos professores também são pais.

Pais e professores, todos são educadores. Não há como restringir a educação das crianças a um ou outro, nem dizer que a educação é função ou da escola ou da família. Pertence, a educação, aos pais e aos professores, à família e à escola.

segunda-feira, 8 de junho de 2020

Para ser uma escola inovadora

Viagem à escola do século XXI: conheça 80 escolas inovadoras

Para ser uma escola inovadora não basta derrubar paredes, arrancar grades, disponibilizar tecnologias e dar participação aos alunos. Não basta acabar com provas e notas e colocar todos para trabalhar em grupo, nem mesmo basta o desenvolvimento de projetos com o professor fazendo o papel de orientador e tutor. Se, por um lado, tudo isso faz parte de uma escola inovadora, ao mesmo tempo não significa que essa escola possa ser classificada como uma escola inovadora. Isso porque está faltando o essencial, o que realmente caracteriza uma escola como inovadora.

Esse essencial é representado pelos valores, ou princípios, que devem reger seu projeto pedagógico, e que estão intimamente ligados ao aprendizado de competências emocionais na formação de cidadãos conscientes, com autonomia e responsabilidade.

Assisti reportagem sobre uma escola norte-americana considerada inovadora, com tecnologia de ponta à disposição dos alunos, que têm plena liberdade para estudar e desenvolver projetos, entretanto em nenhum momento nas falas da diretora, da coordenadora ou dos professores e alunos, vi alguma referência à ética, à solidariedade, ao respeito, valores humanos fundamentais na formação das novas gerações.

Estão preocupados em capacitar crianças e jovens para estarem preparados para as altas demandas da nova sociedade do terceiro milênio, ou seja, para o uso de tecnologias cada vez mais sofisticadas, para novas formações profissionais, esquecidos que isso não significa que tenhamos adultos honestos, incorruptíveis, que pensam no coletivo antes de em si mesmos e nos seus interesses, como vemos acontecer hoje.

Se mudar a metodologia bastasse, muitas revoluções pedagógicas já teriam acontecido, influenciando fortemente a sociedade, mas a experiência demonstra que isso não é o suficiente, novas metodologias não fazem milagre. Precisamos de mudanças conceituais a partir da filosofia que rege a educação.

Veja-se o caso da cidade do interior brasileiro, onde o prefeito resolveu colocar lousa digital em cada sala de aula das escolas públicas de seu município. E propagou que ali as escolas eram inovadoras. Inovadoras em quê? Os professores receberam capacitação para trabalhar com o novo recurso? As escolas possuem internet de qualidade? Será que os recursos financeiros gastos não poderiam ser utilizados de forma mais pedagógica, de acordo com as demandas das escolas e seus professores? E quem é o prefeito, que nada sabe sobre educação, para dizer que lousa digital ou qualquer outro dispositivo tecnológico, seja sinônimo de escola inovadora?

São valores fundamentais de uma escola inovadora: respeito, solidariedade, afetividade, honestidade, responsabilidade, autonomia, convivência e ética.

Tudo o que for desenvolvido, tudo o que for acontecer na escola inovadora, tem que estar regido por esses valores, que norteiam todos os procedimentos pedagógicos, todos os objetivos. Fora isso, será apenas uma escola com uma metodologia diferente … e mais nada.

segunda-feira, 1 de junho de 2020

A influência do exemplo

A roda de conversa na rotina diária da Educação Infantil

Os educadores, sejam pais e/ou professores, muitas vezes descuidam de um ponto fundamental, essencial mesmo, da educação: o exemplo. E por descuidarem de algo tão importante, ficam a ensinar uma coisa e fazer outra. Esquecem que as crianças são muito influenciáveis, que nelas o maior poder de influência é o exemplo.

Vejamos um exemplo. A Patrícia é uma menina de dois anos de idade, gosta de brincar, está entrando no mundo da imaginação, gosta de interagir com os outros e seu domínio das palavras está em ascensão. Ela tem uma irmã, está com seis anos de idade, a Thaís, que é irriquieta, não consegue ficar quieta, é mandona, responde a tudo e, infelizmente, sabe utilizar muito bem a mentira para ter vantagem em tudo.

Os pais não se preocupam em corrigir a filha maior, constantemente protegida pela mãe, que acaba acobertando suas traquinices e seu jeito de ser. Agora observamos que a pequena Patrícia está cada vez mais copiando o que a irmã fala e faz, deixando-se levar pela influência desta. E como a mãe é superprotetora, e o pai é omisso, tudo se complica na educação das filhas.

Thaís se aproveita dos pais não lhe corrigirem o comportamento e influencia negativamente a irmã, que por sua vez já está confrontando os pais, igualzinho ao que a irmã faz. É a força do exemplo, infelizmente negativo.

E não adianta os pais se desesperarem, gritarem e fazerem uso constante dos castigos, pois nada disso tem a força que bons exemplos têm.

Numa análise mais profunda, vemos que os pais são indisciplinados, relaxados e vivem às turras, um querendo mandar no outro. As meninas têm a quem copiar.

Por descuidarmos dos exemplos que damos às novas gerações é que acabamos formando uma sociedade egoísta, viciada, com valores falseados. E enquanto as crianças vivem seu momento de infância, nos dão mais e mais trabalho, pois não estão recebendo influências positivas dos responsáveis pela educação.

Os professores não estão isentos. Quantos adentram à escola carregando vícios físicos e morais, sem se preocuparem com os mesmos, esquecidos que os alunos estão olhando para eles, como num espelho? Ora, se o professor faz, por que ele, aluno, não fará?

Importa focarmos no exemplo como a maior ferramenta pedagógica que temos para educar.

Vídeo - O Jovem e a Dinâmica Educacional

O vídeo sobre educação espírita O Jovem e a Dinâmica Educacional aborda a importância da participação do jovem no processo ensino-aprendizag...