Hora de se reinventar
Segundo sindicatos e associações que reúnem escolas particulares, 50% dessas escolas nos grandes centros urbanos brasileiros são de médio e pequeno porte, e estariam com grande dificuldade de retomar o trabalho pós pandemia, pois tiveram uma retração de 75% em novas matrículas, e perda de 50% dos alunos já matriculados, tudo isso somado ao aumento da inadimplência e descontos no valor da mensalidade, ou seja, a receita teria ficado incompatível com a despesa.
Reconhecemos as dificuldades dessas escolas, muitas delas dedicadas exclusivamente à educação infantil, outras abrangendo o primeiro segmento do ensino fundamental, e que paralisadas há mais de três meses por causa do isolamento social, viram sua receita financeira minguar a patamares incompatíveis até mesmo com a manutenção do básico para seu funcionamento. Mas, por que não se reinventar?
Agora é uma boa hora para fazer um novo planejamento – administrativo, financeiro e pedagógico – e conquistar novos pais e alunos. Escolas que não ficaram paradas, que não fecharam simplesmente as portas, e se dedicaram a implementar a educação a distância, mantendo o contato periódico com os alunos e os pais, inclusive dando suporte psicológico e pedagógico a estes últimos; que reduziram espontaneamente o valor das mensalidades; que estão fazendo promoção especial para novas matrículas, com redução do valor da taxa de matrícula, ou mesmo dispensando-a; que estão reunindo virtualmente professores e demais funcionários para planejar as atividades online com os alunos, e também já olhando o retorno às atividades presenciais no futuro próximo, essas escolas estão em situação melhor.
Nesse olhar para o futuro próximo de retorno das atividades presenciais, as escolas têm uma boa oportunidade de fazer a diferença se trilharem o caminho inovador da pedagogia transformadora que o movimento das escolas inovadoras propõe e realiza, centrando o processo na aprendizagem, e não mais na ensinagem.
Por que o professor ensina? Por que existem salas de aula? Por que o tempo previsto para a aula é de 50 minutos? Por que os alunos formam turmas por faixa etária? Por que a avaliação é feita por provas e notas? Por que os alunos não podem ter autonomia para fazer escolhas sobre o que querem aprender? Por que a família e a comunidade ficam afastadas do dia a dia da escola? Por que os conteúdos curriculares não refletem a vida e não são trabalhados de forma prática? Por que a escola não contempla o desenvolvimento emocional dos alunos, focando apenas no desenvolvimento cognitivo?
Enfim: por que não fazer diferente?
Por que não fazer um passei pelo YouTube para conhecer o Âncora, o Conhecer, a Escola da Serra, o Amorim Lima, a Campos Salles, a Ponte? Essas são algumas das escolas inovadoras espalhadas pelo Brasil, fazendo diferente e fazendo a diferença na educação das novas gerações.
É possível transformar, reinventar e sobreviver.
Os educadores – gestores, pedagogos, professores – precisam apenas aplicar para si o pilar da educação que se chama desconstruir. Desconstruir aprendizados, práticas e crenças, única maneira de se abrir para o novo.
Vamos reinventar, fazendo diferente?
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