Aprendendo a muito amar

As mensagens dos benfeitores espirituais, Espíritos abnegados que trabalham pelo nosso progresso e o da humanidade, obedecendo aa uma justa determinação divina, não cessam de nos alertar que o progresso é lei natural e que o mesmo ocorre sempre, queiramos ou não. Sofre, é certo, intermitências provindas do nosso egoísmo e orgulho, mas o tempo, esse tesouro que Deus nos dá, se encarrega de nos levar a transformações a partir de novos aprendizados, mesmo sendo através da dor, e não do amor.

Quando Jesus esteve conosco, encarnado para cumprir a missão especialíssima de nos ensinar o “amai-vos uns aos outros”, ou o ”amai o próximo como a si mesmo”, tivemos muita dificuldade em compreendê-lo, pois o amor ao próximo não fazia parte dos nossos valores de vida, e assim não éramos praticantes da fraternidade e da solidariedade. Vivíamos pela lei do mais forte e não nos considerávamos irmãos, pelo contrário, mantendo ódios e diferenças raciais acentuadas, caracterizando-nos pelas guerras, pela opressão do vencido, e pelo conúbio das crenças religiosas com o poder político e militar. Entretanto, Jesus sabia que era apenas uma questão de tempo entregarmo-nos às lições de amorosidade estampadas no Evangelho, e ele tinha razão ao afirmar que seu reino, por aqueles tempos, ainda não era aqui na Terra, significando que poderia ser, e seria, no futuro.

Pouco a pouco os que compreenderam sua mensagem de amor a espalharam pelo mundo então conhecido, tudo enfrentando com fé, coragem, perseverança e fraternidade, levando as pessoas, paulatinamente, a se converterem ao cristianismo. Foram trezentos anos de uma marcha lenta e progressiva, sob o açoite das perseguições violentas, até que o orgulho do Império Romano se quedasse à força maior e transcendente da mensagem crística, que é uma força moral muito mais poderosa que qualquer força material, ou mesmo qualquer força do mal, dos vícios e das paixões.

Mas a transição do paganismo para o cristianismo não foi pacífica. Forças contrárias atreladas ao formalismo exterior e aos interesses políticos e materiais, trataram de lutar para desfigurar, para descaracterizar o Evangelho, criando uma teologia intrincada, com interpretações incompreensíveis para os leigos, ou seja, para a maioria das pessoas, assim manipulando as lições simples, diretas e profundas de Jesus, criando rituais, vestimentas especiais, hierarquia sacerdotal, adorações místicas e outras coisas que durante séculos encobriram a verdade do Evangelho, desvirtuando o cristianismo.

Esses séculos escoaram pelo tempo histórico da humanidade, e apesar do esforço de manter o ser humano nas trevas, na ignorância, a luz imperecível da mensagem do amor não parou de brilhar na figura de Espíritos missionários que teimavam em relembrar em espírito e verdade os ensinos morais de Jesus, e nem mesmo as torturas e as fogueiras inquisitoriais foram capazes de calar as vozes que vinham dos céus, e as vozes daqueles que, através da reencarnação, aqui aportavam em levas cada vez maiores, como discípulos do Cristo nas áreas da filosofia, da ciência e da religião. Os tempos eram chegados para novas transformações no pensamento humano, e o renascimento cultural e a iluminação do conhecimento se fizeram presentes, espancando com a luz espiritual as teimosas trevas.

Nessa evolução histórica da compreensão do que seja o amor, da necessidade de nos amarmos, e dos benefícios do amor para a humanidade, temos uma culminância no advento do Espiritismo, quando os imortais, em todos os cantos planetários, através de médiuns abnegados da causa cristã, ergueram a voz através da escrita e dos diversos fenômenos espirituais propiciados pela mediunidade santificada no bem e na humildade, demonstrando que a morte não existe, que todos somos filhos de Deus, e que nossa destinação, através da lei de evolução, é chegar ao estado de Espírito Puro ou Perfeito, o que somente é possível através da aplicação constante do amor ao próximo, por isso elegendo o lema “fora da caridade não há salvação”.

O amor, sublime sentimento, não se circunscreve apenas ao ato material da doação de alimentos, roupas, agasalhos, remédios, antes, é preventivo, também ensinando a pescar, como nos diz antigo provérbio chinês, e, ainda mais, é um ato de doação moral ao próximo, quando nos preocupamos com ele elevamos nosso pensamento em ardente oração a Deus e aos amigos espirituais pela proteção e amparo deste e daquele; quando damos o ombro amigo e a palavra de orientação que consola, esclarece e fortalece a fé; quando trabalhamos para libertar as consciências de velhas crenças e hábitos. Tudo isso é caridade, é o amor em ação.

Estamos aprendendo a muito nos amarmos. Não importa quanto tempo ainda leve para que o amor nos caracteriza, quantas encarnações ainda teremos pela frente até consolidar esse aprendizado. Importante é continuar a caminhada, aprendendo, compreendendo e vivendo cada vez mais o “amai-vos uns aos outros”, pois é isso que Jesus, nosso Mestre, espera que façamos, para que o seu reino, que é todo amor, possa ser aqui na Terra como no espaço.


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