Renovação Espiritual

Sob nosso olhar paira um texto expressivo de mensageiro do além túmulo, verdadeira voz do céu, divino eco da palavra maior que vibra em todo o universo, a nos mostrar a importância da Doutrina Espírita para renovação da humanidade, importância que nem sempre sabemos aquilatar, pois muitas vezes amesquinhamos a doutrina que tem origem nos Espíritos Superiores, não deixando que a mesma seja mais e maior, como deve ser, do que as antigas igrejas salvacionistas que tantos males fizeram aos homens em todos os tempos. As promessas de curas espirituais para males orgânicos infestam os centros espíritas, como epidemia, desvirtuando os adeptos da finalidade maior que é realizar a transformação moral da humanidade. Há uma vergonhosa barganha mediúnica com os recém desencarnados, com explosões de falsa mediunidade, com médiuns procurando a própria glória, recebendo a mil por um mensagens de entes queridos falecidos, como se esses nada mais tivessem a fazer no mundo espiritual, a não ser lançar palavras vazias de pretenso consolo aos que aqui ficaram. No mesmo caminho de desvirtuamento, vemos espíritas incautos, de pouco estudo da doutrina, agasalhando ideias místicas, desprovidas de raciocínio lógico, numa tentativa desesperada de acomodar velhões padrões culturais e velhas ideias pessoais, ao edifício doutrinário tão bem estabelecido por Allan Kardec, que continua a ser desconhecido por muitos, e aviltado por outros.

Entretanto, apesar dessas tentativas de abalar o Espiritismo e desvirtuar os centros espíritas, a palavra vigorosa da espiritualidade superior continua a iluminar nossa caminhada rumo à perfeição, como vemos no parágrafo final do texto sobre a Lei de Amor, compondo o item 10 do capítulo XI de O Evangelho Segundo o Espiritismo, assinado pelo espírito Sanson, que em sua última existência terrena havia abraçado a nova doutrina, fazendo parte, junto com Kardec, da Sociedade Espírita de Paris, tendo sido por todos considerado um valoroso estudioso da realidade espiritual da vida. Ele volta depois da morte, e, com toda segurança, afirma:

Grandes pensamentos de renovação pelo Espiritismo, tão bem exposto em O Livro dos Espíritos, produzirá o grande milagre do século futuro, o da reunião de todos os interesses materiais e espirituais dos homens, pela aplicação desta máxima bem compreendida: amai muito, para serdes amados!

A mensagem foi escrita em 1863, em pleno século XIX, portanto Sanson vislumbrava o século XX, que nosso egoísmo e orgulho, malbaratando o uso do livre arbítrio, adiou para o século XXI o que poderia já ter sido realizado e alcançado. Não se trata de equívoco do Espírito, mas apenas de adiamento da previsão, ocasionado pelo respeito de Deus à liberdade de ação de seus filhos. Mas, como a cada um sempre será dado segundo as suas obras, esse adiamento não fica impune, pois acarreta consequências das quais os homens não podem escapar, exigindo reparação, muitas vezes dolorosa tanto do ponto vista material quanto do ponto de vista espiritual, como estamos hoje enfrentando, vivendo uma crise moral profunda que desequilibra a sociedade e traz consigo um cortejo de males de toda ordem.

A palavra de Sanson é incisiva: o Espiritismo produzirá os pensamentos que renovarão a humanidade! E ainda sanciona que a Doutrina Espírita está muito bem explicada em O Livro dos Espíritos, a obra básica entregue aos homens pelo trabalho de organização e síntese das ideias realizado por Allan Kardec. Contudo, ainda nos adverte que não basta o conhecimento, é preciso colocar em prática o amor ao próximo, é preciso muito amar para que sejamos também amados, pois o Espiritismo resgatou o Evangelho das suas amarras teológicas, trazendo de volta a mensagem pura e cristalina de Jesus, que Lutero já tentara fazer, mas que os vendilhões do templo ofuscaram e deturparam.

Os Espíritos Superiores, sob o comando de Jesus, estão atentos aos movimentos dos modernos comerciantes das coisas sagradas, trabalhando para que o Espiritismo não seja desvirtuado, para que não seja considerado apenas mais uma religião, e esse trabalho também deve ser feito por aqueles que encontraram no Espiritismo seu roteiro de vida, sua renovação moral, pois que lhes compete a missão de manter os princípios doutrinários infensos a enxertos outros que não resistem aos critérios estabelecidos da lógica, da razão, do bom senso e da universalidade do ensino dos Espíritos, conforme estabelecido nas obras da Codificação Espírita.

Quando o Cristo nos conclamou que seus discípulos seriam conhecidos por muito se amarem, estava se dirigindo a todos os corações de boa vontade, e nós, espíritas, por sermos igualmente cristãos, tendo os ensinos morais de Jesus por roteiro, devemos realizar todos os esforços em amar muito, se queremos ser amados, principiando por amar o Espiritismo, permitindo que sua mensagem imortalista nos renove, sentindo o perfume do Evangelho redivivo pelas vozes celestiais de além túmulo, no ato mediúnico de comunhão sincera entre desencarnados e encarnados, para que vibremos num único canto, o canto do amor eterno e irrestrito que ressoa por toda a criação divina e nos convida a unir a matéria com o espírito, na renovação moral da humanidade.

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