segunda-feira, 25 de março de 2024

Reencarnação e evangelização

Muitos Espíritos estão reencarnando portando as mais diversas deficiências físicas e mentais, apresentando quadros de síndromes, transtornos e distúrbios os mais diversos e, como não poderia deixar de acontecer, estão chegando, levados pelos seus pais, ao serviço de evangelização promovido pelo centro espírita. Muitos evangelizadores estão sem saber exatamente o que fazer, sentindo-se perdidos diante dessa realidade, pois não receberam capacitação para trabalhar com as exigências características dessas deficiências. O assunto comporta várias abordagens, e nossa intenção não é entrar na área científica, nem especificar comentários acerca desta ou daquela deficiência, deste ou daquele transtorno, o que deixamos para os especialistas. Vamos nos ater às questões reencarnatórias e pedagógicas que envolvem a evangelização espírita, compreendendo que a abordagem da Doutrina Espírita esclarece e fortalece o trabalho dos pais, dos professores e dos evangelizadores.

Devemos compreender, como primeira obrigação de quem estuda o Espiritismo, que todos somos Espíritos criados por Deus, e que somos imortais, não existindo a morte, a não ser dos elementos materiais, que, depois de cumprirem sua obrigação no organismo biológico, se dispersam pela natureza. Como o entendimento da doutrina é que o Espírito deve fazer todos os esforços para alcançar a perfeição intelectual e moral, reconhece, ao mesmo tempo, que isso é impossível numa única existência, sancionando então, pelo raciocínio lógico, filosófico, e pela observação dos fatos, a reencarnação, ou pluralidade das existências, de cuja prova retira das inúmeras e mais diversas manifestações daqueles que já morreram, atestando estarem muito vivos, manifestações essas catalogadas no âmbito da mediunidade.

Também ensina o Espiritismo que as existências corpóreas, ou encarnações, são solidárias entre si, facultando o pleno e perfeito funcionamento da justiça divina, pois a cada Espírito sempre é dado segundo suas obras, ou seja, a cada existência física o Espírito assume as consequências do que fez na existência anterior. Se fez o bem, gera para si a felicidade, entretanto, se fez o mal, gera para si a infelicidade, tendo que assumir expiações correlatas aos males que engendrou e fez os outros sofrerem. Assim as causas anteriores explicam as deficiências e síndromes de nascimento, que sem a imortalidade da alma e a reencarnação ficam inexplicáveis.

Segundo informam vários amigos espirituais, através de diversos médiuns, o que hoje está acontecendo tem por causa a misericórdia divina, que está ofertando aos seus filhos comprometidos com a própria consciência, face aos desatinos perpetrados em várias existências consecutivas, e mesmo nos períodos passados no mundo espiritual, está, como nos dizem, permitindo que esses Espíritos renasçam no orbe terreno como última oportunidade para regeneração de si mesmos e de reparação do mal cometido. São Espíritos muitas vezes rebeldes, ou que fogem de si mesmos e da verdade, carregando no íntimo e no perispírito, ou corpo espiritual, a predisposição para degenerescências físicas ou mentais, das quais não se podem furtar, por serem consequência do que fizeram. Uma leva muito grande desses Espíritos tem reencarnado, suscitando quadros ao mesmo tempo dolorosos, difíceis, assim como outros mais leves, todos levando a ciência a ter que estudar mais a fundo causas e tratamentos, no que avançará quando incorporar a seus postulados a realidade espiritual da vida.

Igualmente a ciência pedagógica vem se debruçando sobre deficiências e transtornos apresentados pelas crianças, avançando paulatinamente na compreensão desses quadros e no que a educação, tanto na família quanto na escola, pode fazer, auxiliando pais, professores, filhos e alunos na aceitação, inclusão e técnicas de desenvolvimento, embora ainda longe da visão espírita do Espírito imortal e reencarnado.

Compete ao evangelizador espírita estudar e aprender continuamente, tanto o que estiver disponível na literatura espírita quanto fora dela, para entender, compreender e saber trabalhar com a criança portadora de deficiência, esse Espírito que clama por afeto, compreensão e amor, muito amor, pois ele não é o corpo, mas a alma imortal necessitada de equilíbrio, de orientação moral que a faça ressurgir das cinzas de um passado delituoso.

Solicitamos aos evangelizadores espíritas, e também aos dirigentes dos centros espíritas, que dediquem tempo para estudos específicos, pois irão encontrar muitas orientações na literatura científica, pedagógica e espírita. A par dessas orientações, poderão adequar o serviço de evangelização para esses Espíritos, tendo sempre como roteiro o Evangelho, pois o Espiritismo não veio criar uma nova moral, mas resgatar em espírito e verdade os ensinos morais de Jesus, sendo, portanto, uma doutrina cristã. E para que esse estudo tenha início, deixamos aqui a indicação do livro A Evangelização de Portas Abertas para o Autismo, da educadora espírita Lucia Moysés, esperando que ele seja lido e debatido entre os evangelizadores.


segunda-feira, 18 de março de 2024

Os pais, o centro espírita e a evangelização

A experiência confirma que nem todos os pais compreendem o valor da evangelização espírita para seus filhos, apesar de terem para si os princípios da doutrina como roteiro de vida, ao mesmo tempo que frequentam o Centro Espírita. Quantas vezes assistimos crianças que chegam sozinhas para a evangelização, ou pais que os entregam aos cuidados dos evangelizadores e vão fazer outras coisas, retornando apenas no final das atividades, como normalmente agem em relação à escola formal onde os filhos estão matriculados. Não se engajam, não participam, e muitas vezes não realizam na intimidade do lar o culto do Evangelho, ou quando o fazem, não inserem as crianças na atividade, como se estudar as lições de Jesus semanalmente fosse coisa só para os adultos. Não, não é, pois os ensinos morais do Mestre servem para todos, sendo imprescindível ligar, ou religar, os Espíritos reencarnados ao Evangelho, onde temos o aprendizado da fraternidade, da solidariedade, do perdão das ofensas, do amor ao próximo e assim por diante, portanto, aprendizados morais muito importantes para o melhor viver e conviver.

É certo que muitos Centros Espíritas restringem o serviço de evangelização apenas às crianças e aos jovens, não oportunizando uma reunião com os pais. Isso é um equívoco. Devemos ampliar essa visão, entendendo que a prioridade é ter um serviço de evangelização espírita da família, ou seja, que no mesmo dia e horário devemos ter as crianças, os adolescentes, os jovens e os pais em atividades específicas de estudo das leis morais e do Evangelho, com atividades que, de tempos em tempos, integrem todos, pois trata-se da família, e todos fazem parte dela.

Duas coisas devem acontecer para que a família seja integralmente atendida. Primeiro, os dirigentes e colaboradores do Centro Espírita devem aproveitar todas as atividades realizadas para divulgar a existência da evangelização, sua importância e positivas consequências para a família e a sociedade, incentivando os pais, e demais responsáveis, a participarem. Segundo, devem os dirigentes e colaboradores do Centro Espírita trabalhar para melhora das dependências físicas, e também para a realização de encontros e cursos de capacitação pedagógica dos evangelizadores.

Muitas vezes falhamos na divulgação, ou na comunicação, assim como ficamos na improvisação, e a tarefa essencial, importantíssima, da evangelização, não consegue alcançar resultados satisfatórios. É quando começa o discurso da falta de crianças, que os pais não apoiam, que faltam evangelizadores e assim por diante. Quando isso acontece, é hora de rever pensamentos, posturas e ações, pois algo está errado, e normalmente o erro parte do próprio Centro Espírita. Conhecemos alguns Centros Espíritas que tem suas sedes em frente, ou ao lado, de condomínios residenciais que abrigam milhares de pessoas, mas na reunião pública de palestra sobram cadeiras vazias. Será que as pessoas sabem que ali tem um Centro Espírita? Se sabem, têm ideia das atividades que ali são feitas? Naturalmente devemos respeitar a crença religiosa, e a não crença, das pessoas, mas quando falhamos na divulgação, na comunicação, tudo fica complicado, e essa falha acontece não apenas externamente, mas internamente, quando os frequentadores não são avisados de todos os serviços, de todas as campanhas, e não são convidados a colocar a mão na massa, tornando-se colaboradores diretos.

Culpar exclusivamente os pais pela não presença dos filhos na evangelização, é muito fácil. Se existe ignorância ou indiferença por parte de alguns, também é certo que outros não são envolvidos pelos dirigentes e colaboradores do Centro Espírita, não tendo ideia dessa atividade, ou não lhe dando a devida importância, não por culpa deles, mas daqueles que estão à frente das atividades doutrinárias, e não estão realizando o devido esforço para que essas atividades ganhem corpo, sejam ampliadas. Existem outras causas, outros fatores, mas, sejam quais forem, não podem ser ignoradas. O mundo atual está em outra dinâmica com o avanço tecnológico, mas a necessidade básica do Evangelho continua a mesma de sempre.

Sendo você pai ou mãe, avô ou avó, tio ou tia, lembre-se que Jesus, com seus ensinos morais, é nosso guia e modelo, e que a humanidade é e será o que fizermos com a educação das novas gerações. O Espiritismo nos apresenta a educação moral, a educação do espírito, e isso deve ser estudado, compreendido e vivenciado, no lar primeiramente, e o Centro Espírita deve ser visto como o apoiador desse trabalho, onde podemos aprender as preciosas lições do Mestre à luz da imortalidade e da reencarnação, e as crianças não podem ser subtraídas desse contexto, sob pena de termos, pela frente, mais uma massa de indivíduos egoístas e materialistas, com todos os malefícios disso para a humanidade.

Se você é dirigente do Centro Espírita, lembre-se que a comunicação, a criatividade, a dinâmica devem fazer parte das atividades e serviços oferecidos à comunidade, pois estagnação cria teias de aranha e acumula poeira, afastando aqueles que poderiam já ter tido o salutar encontro com o Espiritismo, como é o caso dos pais e seus filhos, através do serviço de evangelização da família.


segunda-feira, 11 de março de 2024

A autoeducação e os filhos

O espírita, face aos enunciados do Espiritismo, fala, conversa, ensina sobre a alma imortal, a vida depois da morte, a lei de evolução, a reencarnação, a existência de Deus, a mediunidade com o intercâmbio entre desencarnados e encarnados, o livre arbítrio, entre outros princípios que formam a doutrina que estuda e professa. Mas a questão de profundidade não é saber, e sim, ser. Será que, de fato, somos o que dizemos ser? Para não haver dúvida, formulemos a pergunta de outra maneira: será que, realmente, no dia a dia, vivenciamos em nossos pensamentos, palavras e ações, o que estudamos e depois discursamos para os outros?

Ser ou não ser, eis a questão.

Allan Kardec, detectando nossas imperfeições, fala da existência de várias categorias de espíritas, e que nem todos podem ser classificados como verdadeiros espíritas. Ele tem razão. Muitas vezes temos conhecimento memorizado, sabemos quais são os princípios do Espiritismo, mas isso não quer dizer que os apliquemos a nós mesmos, tornando-nos pessoas melhores. Muitos, mesmo nas atividades do Centro Espírita, conservam velhas ideias e posturas não condizentes com a doutrina.

Se acreditamos que somos almas imortais, ou espíritos, devemos viver dentro dessa crença, mas nem todo espírita compartilha desse entendimento, preferindo se manter ligado às coisas do mundo antes que às coisas do espírito. Quem assim age, tendo no Espiritismo apenas uma fachada religiosa, está enganando a si mesmo, pois a morte, fatalidade à qual não podemos fugir, irá nos remeter à realidade do espírito que somos, queiramos ou não. E o que faremos no depois da morte se não acumulamos tesouros do espírito para apresentar?

Autodomínio, disciplina e renovação são as chaves apresentadas pelos amigos espirituais para conseguirmos viver o que já compreendemos intelectualmente, fazendo com que essa compreensão, estacionada no conhecimento, se transmude em ações vivas do sentimento, quando finalmente deixaremos de ser teoria para ser prática, deixaremos de discursar para fazer, enfim, deixaremos de saber para ser. É assim que poderemos melhor educar os filhos.

Na educação dos filhos é natural aplicarmos a eles o que nossos pais aplicaram em nós, pois temos a tendência de seguir os exemplos dos que exerceram influência em nossa educação, quando esses exemplos são considerados positivos de nossa parte, contudo, não podemos esquecer que as novas gerações estão em novo contexto, diferente daquele em que vivemos na infância, e que a educação é um processo que deve levar em conta a individualidade e a autonomia do espírito reencarnado, ao qual os pais devem corrigir as más tendências e criar bons hábitos.

É triste verificar que muitos pais teimam, apesar da chegada dos filhos, em manter uma vida egoísta, voltada para os gozos terrenos, quando deveriam cooperar com Deus na educação dos espíritos que lhes são confiados na figura dos filhos, tudo fazendo para que eles se tornem pessoas do bem, cidadãos éticos, seres virtuosos praticando a lei de amor.

Não é possível ao mesmo tempo ser gozador dos vícios e paixões mundanas e ser pai ou mãe, pois a tarefa de educação acabará prejudicada, ficando em segundo plano.

Quando a educação dos filhos não é levada a sério, muitos pais, ao se encontrarem na velhice, ficam ao abandono, na dependência da caridade pública, enquanto outros amargam a solidão, sendo colocados à margem por aqueles a quem deveriam ter ensinado a lei de amor. E somente nessa condição passam a refletir sobre o que fizeram da própria existência, quando deveriam ter feito bem antes uma tomada de consciência, em tempo para minimizar os estragos já realizados.

O Espiritismo, doutrina de educação do ser imortal, defende a tese da educação moral, a que forma o caráter, corrige as más tendências, desenvolve o senso moral, cria bons hábitos, trabalha a ética e a solidariedade. Aplicada desde a infância, a educação moral tende a fazer homens e mulheres de bem, que paulatinamente corrigirão os desvios morais da humanidade, ensejando a justiça, a não violência, o equilíbrio social, fazendo-nos uma verdadeira civilização, onde os ensinos de Jesus estarão plenamente colocados em prática.


sexta-feira, 1 de março de 2024

Rivail, vida e obra


 

O pensamento espírita sobre Jesus

Para o Espiritismo todos somos criados por Deus, ou seja, Ele é o incriado, e todos os demais são suas criaturas, inclusive Jesus, que, como qualquer um de nós, foi criado como princípio inteligente do universo, simples e ignorante, com o potencial divino em germe para, através da lei de evolução, chegar a seu destino, que é comum a todos: a perfeição. Portanto, Jesus não se confunde com Deus, é sua criatura. Como Espírito, estágio alcançado através da individuação do princípio inteligente, Jesus é imortal, exatamente como todos os homens, pois todos somos filhos de Deus e todos chegaremos à perfeição.

Quando Jesus esteve entre nós, isso há mais de dois mil anos, ele já envergava o status de espírito perfeito, ou seja, através das reencarnações, realizadas em outros mundos por este universo, ele já havia alcançado o esplendor do amor e da sabedoria. Aqui na Terra, Jesus teve apenas essa encarnação, quando realizou a missão de trazer para a humanidade os conceitos do Evangelho, que exemplificou em espírito e verdade, legando aos homens o “amai-vos uns aos outros” e “fazei ao outro somente o que gostaríeis que o outro vos fizesse”.

Segundo informações espirituais trazidas através de diversos médiuns em tempos e lugares diferentes, já nesse tempo Jesus era o governador planetário, tendo gerenciado a formação do nosso mundo, ou seja, ele foi, por assim dizer, cocriador, mas sem se confundir com Deus, que reverenciava como Pai, como Senhor do céu e da terra.

Quando Jesus informou que “ele e o Pai eram um”, quis significar a perfeita comunhão de pensamento e de ideal com Deus, por isso ele era o Messias que havia de vir, conforme constava das antigas profecias. Para diferençar a si mesmo de Deus, afiançou que bom somente o Pai Celestial, porque ele somente poderia receber o título de Mestre, por ser um espírito perfeito e que executava a missão de ensinar seus irmãos sobre as verdades divinas.

Para a Doutrina Espírita não há confusão nem mistério. Deus é o Criador de tudo o que existe no universo, a inteligência suprema, e Jesus é sua criatura, seu filho, um espírito criado simples e ignorante que, com seus esforços e experiências reencarnatórias (realizadas em outros mundos), alcançou a perfeição.

Como todos somos espíritos imortais e todos, um dia, alcançaremos a perfeição, entendemos que Jesus não é um ser à parte, na verdade não está distante de nós. Isso não minimiza Jesus, não o torna menos importante, nem fragmenta sua comunhão com Deus, pelo contrário, o exalta e engrandece sua missão.

Jesus é o guia e modelo da humanidade, o espírito mais perfeito que Deus concedeu ao homem conhecer. Segui-lo, é o nosso dever. Manter seus ensinos como ele nos legou e praticá-los em todas as situações da vida, é o que devemos fazer. Não esqueçamos: Jesus é o caminho, a verdade e a vida, e somente através dele estaremos com Deus, nosso Pai.

Verdadeiro defensor dos fracos e oprimidos, Jesus teve uma vida simples e honesta, para que seu exemplo fosse a força maior de seu ensino, mostrando que, enquanto encarnados, necessitamos das coisas materiais para viver, mas que não devemos tomá-las à força, em prejuízo do próximo e ferindo a lei divina. Quem assim procede terá de ajustar contas com o Criador, passando por expiações que são a consequência dos atos cometidos, ou seja, tendo de encarar, mais cedo ou mais tarde, a lei de causa e efeito.

Assim compreendemos que o melhor a fazer é equilibrar as coisas materiais com as coisas espirituais, mas fazendo com que as últimas sejam regentes das primeiras. Os bens espirituais sempre nos acompanharão, como patrimônio imperecível, que a traça não ataca e a ferrugem não consome.

Os brandos, os pacíficos e os mansos herdarão a Terra do futuro, onde o amor predominará e somente os bons estarão nela reencarnados. E não queremos, porventura, estar entre eles? Estaremos se seguirmos Jesus e vivermos seus ensinos.

A visão espírita sobre Jesus deve nortear o trabalho realizado pelo serviço de evangelização da família, alcançando crianças, jovens e adultos, realizado pelos centros espíritas.


Vídeo - O Jovem e a Dinâmica Educacional

O vídeo sobre educação espírita O Jovem e a Dinâmica Educacional aborda a importância da participação do jovem no processo ensino-aprendizag...