Por que ocorrem brigas e discussões na família? Por que, muitas vezes, é tão difícil manter a harmonia na convivência familiar? Por que alguns familiares chegam mesmo a se odiar? Por que ainda assistimos tragédias acontecerem, levando inclusive à morte, entre membros de uma mesma família? Tais são as perguntas que sociólogos, psicólogos e outros especialistas se fazem, procurando respostas em pesquisas que nem sempre trazem respostas satisfatórias, pois falham ao não adentrarem no campo moral e na realidade espiritual do ser humano.
A Doutrina Espírita, por considerar que o ser humano é um Espírito em evolução dotado de todo o potencial divino intelectual e emocional, que vai desenvolvendo através das experiências reencarnatórias, esclarece que as dissensões familiares estão vinculadas ao grau maior ou menor de egoísmo e orgulho que ainda trazemos, resquícios dos vícios e paixões que cultivamos em existências passadas, formalizando laços de afeto ou desafeto com os outros, e que agora nos reunimos na família para acertar as diferenças, para reparar os erros cometidos, utilizando para isso a ferramenta do amor, que nos solicita o exercício do perdão, da compreensão, da fraternidade e da solidariedade. Acontece que não é fácil, pois ainda nos deixamos arrastar pela tendência ao egoísmo e ao orgulho, as duas grandes chagas morais que caracterizam a humanidade.
Através da reencarnação, Deus nos proporciona nova oportunidade existencial, colocando na família aqueles com os quais precisamos revisitar os laços que nos unem. Se são laços de desafeto, de inimizade, estamos juntos para tentar deixar no passado os erros cometidos, procurando na convivência doméstica no lar, refazer esses laços para que se tornem de afeto. Mas também nos encontramos com aqueles a quem amamos e que nos amam, pois não estamos aqui apenas para sofrer. Deus é bom, justo e misericordioso, não esqueçamos disso.
O que acontece é que normalmente sempre culpamos o outro, ou os outros, pelos problemas na convivência familiar, sempre nos desculpando, nos isentando. Fulano é que é teimoso. Fulana é que é fofoqueira. Não olhamos para nós, não damos conta de nós próprios, exigindo que o outro reveja sua vida, seus pensamentos e suas ações, que ele se modifique, se melhores, pois ele é o problema. Será?
Uma moeda possui dois lados com estampas diferentes, ou seja, embora seja uma moeda, cada lado possui uma imagem diferente. Utilizemos a moeda como exemplo. Na constituição da família, dois seres se unem para que, depois, venham os filhos. E ainda temos os avós, os tios e assim por diante. Juntos formam o núcleo família, mas ninguém perde sua individualidade, são estampas ou imagens diferentes, como na moeda. É impossível exigir que os membros da família sejam iguais, concordem sempre em tudo, pois são Espíritos em evolução, cada um no seu grau de progresso, tanto intelectual quanto moral, portanto, as diferenças sempre existirão. A questão é saber conviver com as diferenças, eis a arte que precisamos exercitar, sem nos deixarmos incomodar por opiniões contrárias às nossas, e sem querer impor o que pensamos.
Muitas discussões e brigas não ocorreriam se colocássemos em prática o diálogo, a tolerância, a paciência, a cooperação, fazendo a nossa parte para a melhor harmonia do ambiente doméstico, e da família maior, aqui considerando os demais parentes. Nada mais prejudicial do que alimentar conversas fúteis, “diz que diz”, que acabam espalhando intrigas, mal entendidos, com a consequente desarmonia entre os familiares. E ainda lembrando que fofocas atraem os Espíritos inferiores, que vão contribuir para o desassossego geral, pois a eles não interessam o bem estar, a amizade, a harmonia na convivência, pois querem mais é colocar “lenha na fogueira”, como diz antigo provérbio.
Precisamos, portanto, combater o egoísmo e o orgulho que ainda trazemos conosco, permitindo paulatinamente e progressivamente que as lições do Evangelho penetrem nossa alma, transformando-nos moralmente, não esquecendo que Deus, depois da morte, quando retornamos ao mundo espiritual, pedirá que prestemos conta de nós próprios, e não dos outros. É o que aprendemos com a Doutrina Espírita. Só falta colocar em prática.
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