Convivência familiar
Viver sob o mesmo teto, no aconchego do lar, nem sempre é tarefa fácil, face às diferenças de personalidade entre os membros que compõem a família, o que acaba acarretando, muitas vezes, discussões, brigas, falta de cooperação nas tarefas domésticas e até mesmo inimizades. Mas será que a família é lugar de guerra ou é lugar de paz e amor? Vamos refletir sobre essa questão, pois se não conseguimos nos entender entre quatro paredes, como conseguiremos entendimento na comunidade em que vivemos e, ainda mais, com todos os que formam a humanidade? Se não conseguimos amar três ou quatro pessoas que convivem conosco diariamente, como conseguiremos amar vizinhos, colegas de profissão e assim por diante?
Bem, você poderá argumentar que é muito mais fácil amar um estranho, ou alguém que vemos até todo dia, mas que não vivemos com ela no mesmo lar, do que amar aquela pessoa que é da família, que está conosco todos os dias, muitas vezes manhã, tarde e noite, ou pelo menos um período significativo do dia, como os pais, os irmãos, os avós, os tios, os sobrinhos, os primos, o cônjuge e assim por diante. Será mesmo?
Acontece que a lei divina utiliza diversos mecanismos para nos aproximar quando reencarnamos, pela necessidade que temos de nos encontrar para reparar o que fizemos em existências passadas, para exercitar a compreensão e o perdão, para desenvolver uns com os outros o amor e a caridade, por isso o instituto da família é tão importante.
Como ainda vivemos num mundo de expiações e provas e, portanto, somos Espíritos imperfeitos, ou seja, nos deixando levar por vícios e paixões, é natural que tenhamos em grande escala reencontros de desafetos, e que às vezes esses desafetos se aprofundem, ou que venhamos a criar novos desafetos, isso por causa do nosso egoísmo e orgulho, quando deveríamos aproveitar a oportunidade em família para reconciliação e construção moral com os outros, no aprendizado, mesmo que difícil, do amai-vos uns aos outros.
Como ensinou Jesus, se amarmos apenas aqueles que nos amam; se fizermos o bem somente àqueles que nos fazem o bem, o que estaremos fazendo de diferente do que fizemos no passado? Hoje, com aqueles que vivem conosco no lar, é o momento de fazer diferente.
Lembremos que não são apenas os outros que são o problema para a melhor convivência. Quantas vezes não somos nós os que causamos aborrecimentos, dificuldades e problemas? Por ventura seremos perfeitos? Longe disso! Temos que ter a coragem moral de reconhecer os próprios erros, adentrando pelo arrependimento e pela reparação do mal cometido, mesmo que sem intenção.
Para a melhor convivência em família exercitemos a compreensão, a paciência, a tolerância, a cooperação, o diálogo. Essas ferramentas são muito preciosas e, quando colocadas em ação, produzem consequências que trazem paz de espírito, consciência tranquila, e tendem, com o tempo, a harmonizar as relações.
Quantas discussões poderiam ser evitadas se houvesse mais compreensão e menos irritação? Quantas brigas poderiam ser evitadas se houvesse mais diálogo e tolerância? Quantas separações poderiam ser evitadas se houvesse mais cooperação e paciência? Enfim, acionar as virtudes é o melhor caminho, mesmo que o familiar seja arredio, para quem devemos direcionar nossas orações, aguardando que o tempo traga melhor solução. Podemos ter problemas familiares, mas que não sejamos nós os causadores deles.
O Espiritismo alarga nossa visão sobre a família, principalmente quando explica os laços reencarnatórios que nos unem, e também quando mostra a importância da educação moral e do Evangelho para a construção de um lar equilibrado, harmônico, que, por sua vez, irá entregar à sociedade pessoas com um ideal superior de vida.
Conviver em família é uma arte, e todos podemos aprender essa arte se deixarmos que o amor nos conduza.
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