A humanidade está passando por violenta crise de ordem moral, onde os valores que regem a vida estão sendo questionados, num antagonismo muitas vezes fanático e radical, com defesa de pensamentos extremistas, gerando desafios difíceis de serem resolvidos, pois na convivência está acontecendo falta de respeito e aceitação para com o outro, ou seja, está faltando a prática do fazer ao outro somente o que desejamos o que ele nos faça, prática essa brilhantemente ensinada e exemplificada por Jesus. Apesar de conhecermos esse ensino há mais de dois mil anos, e ele ser proclamado pelas religiões cristãs, como é o caso do Espiritismo, e mesmo ser defendido por filósofos e educadores em vários tempos, o fato é que tanto na família quanto na escola ele está colocado de lado, como algo não prioritário, quando deveria ser essencial para a vida humana.
Desenvolver a ética da convivência é uma arte educacional, com fundamentação pedagógica, e isso deveria ocorrer primeiramente na família, como missão dos pais, que necessitam entender que são educadores dos filhos. Essa missão está subjugada na atualidade por compromissos profissionais, financeiros e sociais, desviando a família do seu foco educacional das novas gerações, levando a sociedade a receber contingentes de novos membros dissociados do pensar no bem de todos, distanciados da realidade espiritual da vida e, portanto, sem darem importância à ética da convivência, deixando-se corromper pelo egoísmo e pelo orgulho.
Diante dessa realidade, muitos pais transferem a educação dos filhos para a escola, contudo a escola não existe para substituir a família, e muito menos os professores existem para substituir os pais. E a bem da verdade, a escola, de uma forma geral, está divorciada da educação, pois que em grande parte pode ser classificada apenas como instituição de ensino, ou seja, onde a instrução substituiu a educação. O Espiritismo, sendo doutrina de educação, prioriza a formação moral e intelectual do ser humano, que é um Espírito reencarnado, portanto prioriza a educação, conclamando que a família e a escola se unam nessa missão que está tão desgastada e aviltada.
Que importa ensinar muitas coisas, se o essencial da vida não é ensinado? Ter muito conhecimento não é sinônimo de ser uma pessoa do bem, e isso está plenamente demonstrado pelos altos índices de corrupção e criminalidade de todos os matizes que estamos enfrentando. Como nos diz Pedro de Camargo (Vinícius), os problemas sociais não são resolvidos porque falta sentimento, embora sobre conhecimento para as autoridades públicas e para os legisladores. Em outras palavras, falta humanização e espiritualidade, falta sensibilidade, e não somente a eles, mas para boa parte dos seres humanos, que não foram estimulados pela educação no desenvolvimento do seu potencial divino.
Combater e destruir o egoísmo é a missão da educação, mas isso somente será efetivo, nos adverte Allan Kardec, quando entendermos que essa educação deve ser compreendida como educação moral, corrigindo as más tendências de caráter que a criança apresente, ao mesmo tempo em que desenvolve as suas virtudes, fazendo com que aprenda a arte da convivência fraterna e solidária, respeitando o outro como ele é, pois todos temos os mesmos direitos, ou seja, fazendo a ele somente o que deseja que ele lhe faça, e aqui voltamos novamente a Jesus, pois o Evangelho, do ponto de vista moral, é para todos os seres humanos, verdadeiro farol iluminativo do ser e da vida.
A educação em valores espirituais tem por finalidade despertar a consciência para a realidade imortal e reencarnatória da vida, desenvolvendo a religiosidade, ou seja, o sentimento de fé, fazendo com que o educando desenvolva por si mesmo a ética da convivência, ao mesmo tempo realizando seu crescimento moral e espiritual, e auxiliando os outros nesse mesmo crescimento, numa relação saudável, de finalismo superior.
Quem deve realizar essa educação? A família ou a escola? A quem ela pertence?
Esse dilema não deve existir, pois não se trata de disputa, e sim de união de esforços entre a família e a escola, recebendo o apoio das instituições religiosas, das organizações não governamentais, e também das políticas de governo. Naturalmente insere-se nesse contexto o Centro Espírita, como legítimo representante do Espiritismo, e que tem na Evangelização da Família serviço educacional de grande relevância, pois une a formação espiritual com a formação intelectual, o que deverá, gradativamente, adentrar à família e à escola, como já temos visto, reorientando a educação familiar e escolar.
A educação em valores espirituais é o que está faltando, integrando o sentimento com a inteligência, e para que esse processo se consolide, suas bases e seu roteiro já estão conosco, no conteúdo do Evangelho, revisitado e revivido pela Doutrina Espírita.
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