Afinal, Deus criou o mal? Por que o mal existe aqui na Terra? De duas, uma: ou ele criou o mal ou não criou, não há outra alternativa. O Espiritismo é claro na resposta a essa indagação: Não, Deus não criou o mal. Deus criou leis que são sempre boas, pois ele é a bondade perfeita. Quem observa, quem cumpre essas leis, terá a felicidade por recompensa. Entretanto, Deus através de suas leis, deu-nos o livre arbítrio e, portanto, nem sempre as obedecemos, e como infringimos as leis divinas, temos por consequência a infelicidade, ou seja, acarretamos o mal para nós mesmos. É por essa razão que os Espíritos Superiores afirmam que o mal é simplesmente a ausência do bem.
Podemos agora fazer outra pergunta: quando nascemos, somos bons ou maus, ou seja, já estamos destinados para a maldade ou a bondade? Mais uma vez o Espiritismo é bem claro na resposta: somos almas imortais, e como almas, fomos criados simples e ignorantes, ou seja, no ato da criação divina, a alma não é nem boa nem má; mas em virtude do seu livre arbítrio, podendo seguir o caminho do bem ou do mal, de obedecer ou infringir as leis de Deus, vai se construindo, e a cada encarnação revelará pelas suas ideias inatas e suas tendências de caráter, seja uma alma mais adiantada ou atrasada, devendo aproveitar a encarnação para progredir, acionando sua força de vontade.
Façamos outra pergunta: qual é a origem do bem e do mal, e por que aqui na Terra parece haver mais maldade do que bondade? Prosseguindo com a Doutrina Espírita, entendemos que a origem do mal provém da imperfeição das almas ou espíritos aqui encarnados. O predomínio do mal vem do fato de ser a Terra um mundo inferior, habitado em sua maioria por almas atrasadas ou de pouco progresso, principalmente do ponto de vista moral. Mas a lei de Deus é lei de progresso, ou evolução, e a humanidade terrena tende a se melhorar, assim como temos mundos por esse universo que são mais avançados, os quais habitaremos quando estivermos mais depurados. O mal, nesses mundos superiores, poderá até ser conhecido, mas estará em flagrante minoria.
Continuando esse assunto tão importante, indaguemos: qual é a causa dos males que afligem a humanidade? Olhando para a sociedade humana, reconhecemos que a Terra pode ser, ao mesmo tempo, um mundo destinado à educação dos Espíritos pouco adiantados, e de expiação para os Espíritos culpados. Para uns e para outros, é uma escola. Os males que afligem a humanidade são consequências da inferioridade moral da maioria dos Espíritos encarnados na Terra. Ao contato dos vícios e das paixões sem freio, muitos sucumbem e permitem que o mal os domine, fazendo-se, mutuamente, infelizes.
Vamos a uma última pergunta: por que vemos tantas vezes o mal prosperar, levando as pessoas de bem ao sofrimento? Responde-nos o Espiritismo: para as pessoas cujo pensamento não ultrapassa os limites da vida presente, para quem a julga única, isto deve parecer uma injustiça clamorosa. O mesmo não se dá com aquele que admite a pluralidade das vidas e considera a brevidade de cada uma delas em relação à eternidade. O estudo do Espiritismo vem esclarecer que a prosperidade do mal tem, depois, horríveis consequências, que as aflições das pessoas de bem são, pelo contrário, seguidas de uma felicidade tanto maior e mais duradoura quanto mais resignadamente as suportar: não lhe será mais que um dia ruim numa próspera existência.
Este texto tem por base a obra O Que é o Espiritismo, de Allan Kardec, da qual retiramos parte das palavras que você acaba de ler, adaptando-as para este artigo, mas mantendo sua essência e preservando a fidelidade doutrinária.
Como bem percebemos, o mal não foi criado por Deus, e sim é uma consequência do uso que fazemos do livre arbítrio. Deus nos ama, é todo bondade e justiça, portanto, jamais poderia criar o mal, e muito menos seres destinados a sempre fazerem o mal. Todos somos criados iguais, com o mesmo potencial, e destinados a chegarmos à perfeição.
Precisamos nos dedicar à educação moral, na formação do caráter das novas gerações, no combate às más tendências que os Espíritos reencarnantes apresentam, pois esse é o único caminho para efetivarmos o progresso da humanidade, permitindo que o bem predomine e o mal se restrinja cada vez mais a pequenos grupos refratários. Somente a educação moral terá força para levar as pessoas a pensar e agir no bem comum, colocando em prática o pilar essencial da educação: aprender a fazer ao outro somente o que desejo que ele me faça, como nos ensinou o Mestre de todos os mestres, Jesus.