Na atualidade ainda assistimos a eclosão de guerras entre nações, ou entre uma nação e grupos considerados rebeldes e radicais, ou ainda entre grupos rivais dentro de uma mesma nação, caracterizando a chamada guerra civil. Seja como for, toda guerra é fruto do egoísmo e do orgulho que ainda predominam no ser humano, patenteando o quanto somos imperfeitos do ponto de vista moral, e o quanto temos que trabalhar para nosso crescimento espiritual. Agora, o que nos chama a atenção é vermos pessoas declaradas espíritas, e portanto cristãs, tomarem partido deste ou daquele envolvido no conflito, dando razão a este ou aquele, quando deveriam lamentar e condenar toda e qualquer guerra, pois a mesma gera violência, destruição, sofrimento e morte, ou seja, tudo o que é contrário ao Evangelho, aos ensinos de Jesus, o qual solicitou amássemos uns aos outros. É incompatível e incongruente um adepto do Cristianismo ser a favor de uma guerra e ainda ajuizar quem deveria ganhar, referendando o discurso do direito de uma nação em se defender, fechando os olhos para as barbaridades que são cometidas em nome do egoísmo e do orgulho, da vaidade e da prepotência.
O Espiritismo, que é uma doutrina a cristã por ter como uma de suas bases os ensinos morais de Jesus, condena a violência, portanto a guerra, e seus adeptos devem primar pela não violência, pela cultura da paz, pela fraternidade e pela solidariedade. Não é admissível que um espírita utilize as redes sociais para defender este ou aquele governante, este ou aquele povo, esta ou aquela nação que esteja diretamente envolvida numa guerra, seja como agressor, seja como agredido, pois a violência nada resolve, tudo complicando. Quando existirem diferenças, deve-se acionar a mediação de conflitos através do diálogo e do respeito ao outro, procurando as partes pensar no bem comum, ou seja, no melhor para toda a sociedade.
Isso do ponto de vista das nações, o que pode igualmente ser aplicado do ponto de vista do conflito entre indivíduos, que muitas vezes acaba em tragédia por não acionarmos os mecanismos da compreensão, da tolerância, do perdão e do diálogo, deixando-nos levar pelo orgulho, cujos conselhos devem ser repelidos veementemente, pois sempre geram problemas de difícil e demorada solução.
A palavra do Cristo é muita clara: devemos amar a Deus acima de todas as coisas e ao próximo como a nós mesmos, e ainda disse que seus discípulos deveriam ser conhecidos por muito se amarem. Entretanto, o que temos feito ao longo de mais de dois milênios é cultivar o ódio, o preconceito, a discriminação e a violência para com o outro, ainda distorcendo os seus ensinos para justificar nosso egoísmo e nosso orgulho.
A guerra é um resquício da barbárie, mostrando o quanto estamos longe de sermos uma verdadeira civilização. É ilusório acreditar que um conflito armado possa resolver qualquer diferença, pois quem é agredido justifica por isso a retaliação ao agressor, que por sua vez justifica realizar nova agressão, num ciclo sem fim se não houver diálogo para ajuste dessas diferenças e assim ser estabelecida a paz.
A guerra violenta as pessoas, gerando dramas muitas vezes inenarráveis. Crianças em tenra idade mortas ou traumatizadas; mulheres grávidas que são tiradas abruptamente da vida; idosos abandonados em penúria total; perda de entes queridos; fome e doença avassalando comunidades inteiras; patrimônios destruídos para sempre; natureza flagelada e contaminada por resíduos explosivos ou tóxicos. Como um espírita-cristão pode apoiar uma guerra?
Levantemos nossas vozes, por todos os meios de comunicação, contra a guerra e a favor da não violência, contra as injustiças sociais e a favor da paz, não esquecendo que essas manifestações devem ter o cunho da pacificação, a ninguém atacando, mas sim solicitando que sempre tenhamos diálogo, solidariedade e fraternidade.
Mahatma Gandhi, que não era cristão, se fez protótipo da não violência, nunca revidando o mal que lhe faziam a não ser com o bem, perdoando seus algozes e agindo com manifestações civis que se caracterizavam pela desobediência pacífica. Com o tempo dobrou todos os que violentavam seu povo, sua nação, conseguindo a liberdade tão sonhada. Sigamos seu exemplo.
Quando aprendermos a nos amar, destruindo gradativamente o egoísmo e o orgulho, haveremos de banir da humanidade terrena a guerra, finalmente encontrando, aqui mesmo, a felicidade que tanto procuramos.
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