sexta-feira, 25 de janeiro de 2008

Era Uma Vez Uma Floresta

Se a ganância destruidora-comercial continuar, num tempo não muito avançado contaremos às nossas crianças, começando com o famoso "era uma vez", a história da floresta amazônica, que elas conhecerão apenas em imagens de fotos e vídeos. Isso talvez não aconteça, e espero que realmente não aconteça, mas é certo que o futuro reserva para a humanidade uma floresta amazônica bem menor do que hoje conhecemos.

Desde a década de 1970, quando a mídia tornou-se mais poderosa através da televisão, ouço falar do desmatamento e vejo, ali, naquela telinha, as imagens da devastação. São mais de quarenta anos sempre ouvindo e vendo a mesma coisa. Os governos se sucedem e nada é feito de mais concreto. O Ibama continua desaparelhado, com número insuficiente de fiscais; a polícia federal também não possui ação eficiente na área amazônica; as forças militares assistem sem serem acionadas.

Mas agora o governo federal ficou alarmado e resolveu decretar medidas emergenciais de controle. No discurso e no papel, tudo bem, tudo bonito, entretanto, quem vai fiscalizar? quem vai aplicar as multas? quem vai cadastrar as fazendas? quem vai colocar na cadeia os contraventores? Queremos respostas práticas, concretas, seguidas de efetiva ação fiscalizadora, policial e punitiva.

As autoridades vivem dizendo, como desculpa ao descaso, que o acesso às regiões detectadas pelos satélites é difícil, contudo, os contraventores chegam lá, transportam maquinário, instalam trabalhadores, e não consta que tenham dificuldades para isso. Desmatam, transportam a madeira, comercializam, introduzem gado ou cultura agrícola, tudo isso sem problema maior, pois sabem que receberão uma multa que jamais pagarão, pois vão recorrer na justiça, e que, mesmo tendo tudo embargado, faltará fiscalização e, assim, darão continuidade ao projeto. E para não serem efetivamente prejudicados, aliciam, numa vasta rede corruptora, aqueles que deveriam zelar pelo patrimônio público e a aplicação das leis.

Até quando assistiremos esses acontecimentos?

Não venha o governo federal, e os governos estaduais e municipais envolvidos diretamente, responderem com discursos e leis no papel. Resposta verdadeira, e única que pode ser aceita, é a da ação efetiva de combate acompanhada da atitude de educar as novas gerações para o cumprimento dos deveres de cidadania, entre eles o desenvolvimento sustentável.

É o que esperamos para hoje, porque amanhã já será tarde.

Quero, e quem não quer, contar para as crianças outra história: era uma vez, num tempo distante, um governo omisso... e no final, feliz, a floresta estará salva.

domingo, 20 de janeiro de 2008

Insensibilidade

Sempre que imagens feitas de um helicóptero passeiam sobre metrópoles, e na tela da tevê vejo extensas aglomerações urbanas feitas de tijolo aparente ou madeira, característica das chamadas comunidades, novo nome das favelas, ocupando principalmente morros, sinto que me invade uma profunda angústia, e me pergunto: como deixamos isso acontecer? Como podemos viver sabendo que ao lado está crescendo a favelização da cidade em que vivemos?

Sentados, indiferentes, em mesas de bares e restaurantes, muitos argumentam: é o descaso das autoridades públicas! Dançando, alegres e soltos, em danceterias e casas de shows, outros replicam: nem todos têm as mesmas oportunidades sociais! Navegando, confortáveis, em banda larga, há os que perguntam: e quem mandou virem todos para a grande cidade? E, assim, tudo continua como antes, ou melhor, a favelização continua crescendo, e milhares, milhões de pessoas subvivem.

É que deixamos que uma terrível epidemia tomasse conta. O pavoroso vírus da insensibilidade dominou nossa área sentimento. Ele faz com que olhemos só para nós, para o que nos interessa, para o que vai nos trazer vantagem, para o que nos favorece. Se a favelização não nos atinge diretamente, nem corremos risco imediato ou médio de empobrecer, para que se preocupar com isso? É o que o vírus da insensibilidade nos faz pensar, tendo como consequência a inércia nas ações que visem a melhora social e o socorro ao sofrimento alheio.

É como aquela cena da novela: a empregada doméstica relaciona que o povo precisa de comida, salário decente, emprego, escola, roupa, saneamento básico, transporte, hospital, casa própria e tantas outras coisas. A primeira dama então exlama: "Mas essa probaiada não tem nada?". Pois é, pobre não tem nada, ou quase nada, pelo fato mesmo de ser pobre. Como o pobre, e ainda mais, o miserável, haveria de ter alguma coisa? Mas a primeira dama está com o vírus da insensibilidade inoculado em seu coração, com o bloqueio dos sentimentos. Ela se horroriza e muda logo de assunto. É o que também fazemos.

Não dá para assistir a favelização urbana e ficar indiferente, insensível. Falo por mim, não posso falar por você ou por qualquer outra pessoa, mas posso falar e escrever na tentativa de sensibilizar e incomodar.

E convidar para uma mudança de valores. E para uma mudança de atitude.

Pensar sobre o assunto, é o primeiro passo. Fazer alguma coisa, é o segundo passo. Que tal auxiliar voluntáriamente algum projeto social de uma organização não governamental?

Quem mora na favela, a atual comunidade, não é só bandido ou preguiçoso para o trabalho. E todos, todos mesmo, são gente, como eu, como você.

Pense nisso!

terça-feira, 8 de janeiro de 2008

Causa e Solução

Pesquisa realizada pela UNESCO, que é o órgão das Nações Unidas para a educação, sobre o ensino médio (antigo segundo grau) brasileiro revelou aspectos alarmantes e que merecem nossa reflexão. Vejamos o resumo dos resultados dessa pesquisa:

"A pesquisa da Unesco, "Ensino Médio: Múltiplas Vozes", realizada em 13 capitais, entrevistando 7 mil professores e mais de 50 mil alunos da rede pública e privada, revelou o alto grau de insatisfação dos estudantes com o que aprendem nas escolas. Não é surpresa, portanto, que 43% dos 8,7 milhões de alunos matriculados nesse nível de ensino já tenham "repetido de ano" - como se diz. Curiosamente, professores e alunos concordaram sobre quais são os três principais problemas do ensino médio: desinteresse do aluno, indisciplina e falta de espaço - social, cultural e esportivo na escola."

Temos então os seguintes itens destacados:

  • Alto grau de insatisfação por parte dos alunos.

  • Índice de repetência (43%) muito alto.

  • Desinteresse dos alunos pelo ensino e pela escola.

  • Problemas de indisciplina.

  • Falta de espaço social, cultural e esportivo na escola.

Lembramos que o ensino médio brasileiro trabalha com alunos na faixa etária de 15 a 18 anos de idade, portanto estamos nos referindo a adolescentes e jovens que já possuem bagagem cultural, já tem certo nível de consciência social, jovens que estão apontando o dedo para a escola, dizendo que a mesma não os satisfaz, não preenche seus anseios, o que quer dizer, em outras palavras, que a filosofia da educação e seus projetos pedagógicos não estão atingindo essa juventude. Por quê? A resposta está no enfoque central, básico, dessa filosofia: o materialismo com a conseqüente falta de visão integral do ser, das virtudes, etc.

A causa e a solução
As causas da situação estão claras: falta de profundidade sobre o ser e a vida, falta de crença na eficiência da educação moral, falta de sentimento para equilibrar o desenvolvimento da inteligência. A escola é reflexo desses posicionamentos equivocados que não levam em conta a espiritualidade do homem, o finalismo superior da existência. Enquanto insistirem os responsáveis pela educação brasileira em ignorar a realidade e necessidade da formação do caráter com a aplicação da educação moral, a escola continuará sendo alvo de inúmeros questionamentos e o ensino se caracterizará por não conseguir preencher as necessidades do aluno.

Precisamos de sentimento e de uma nova filosofia de educação para renovar a escola a partir da mudança dos projetos pedagógicos, projetos esses que devem levar em consideração os valores da vida e não somente os valores intelectuais, culturais e profissionais. Que adianta ter um diploma que habilita o exercício de uma profissão se nesse exercício não utilizamos a ética?

Educar a alma, bela expressão ainda a ser devidamente compreendida. E não se pode educar a alma sem amor no coração e sem trabalhar o bem, a verdade, a justiça, a ética, a cidadania. Não se pode educar a alma sem o comprometimento com a educação moral e com uma escola dinâmica, participativa, alegre e que vise formar antes de instruir.

Pensemos nisso!

Vídeo - O Jovem e a Dinâmica Educacional

O vídeo sobre educação espírita O Jovem e a Dinâmica Educacional aborda a importância da participação do jovem no processo ensino-aprendizag...