Era Uma Vez Uma Floresta

Se a ganância destruidora-comercial continuar, num tempo não muito avançado contaremos às nossas crianças, começando com o famoso "era uma vez", a história da floresta amazônica, que elas conhecerão apenas em imagens de fotos e vídeos. Isso talvez não aconteça, e espero que realmente não aconteça, mas é certo que o futuro reserva para a humanidade uma floresta amazônica bem menor do que hoje conhecemos.

Desde a década de 1970, quando a mídia tornou-se mais poderosa através da televisão, ouço falar do desmatamento e vejo, ali, naquela telinha, as imagens da devastação. São mais de quarenta anos sempre ouvindo e vendo a mesma coisa. Os governos se sucedem e nada é feito de mais concreto. O Ibama continua desaparelhado, com número insuficiente de fiscais; a polícia federal também não possui ação eficiente na área amazônica; as forças militares assistem sem serem acionadas.

Mas agora o governo federal ficou alarmado e resolveu decretar medidas emergenciais de controle. No discurso e no papel, tudo bem, tudo bonito, entretanto, quem vai fiscalizar? quem vai aplicar as multas? quem vai cadastrar as fazendas? quem vai colocar na cadeia os contraventores? Queremos respostas práticas, concretas, seguidas de efetiva ação fiscalizadora, policial e punitiva.

As autoridades vivem dizendo, como desculpa ao descaso, que o acesso às regiões detectadas pelos satélites é difícil, contudo, os contraventores chegam lá, transportam maquinário, instalam trabalhadores, e não consta que tenham dificuldades para isso. Desmatam, transportam a madeira, comercializam, introduzem gado ou cultura agrícola, tudo isso sem problema maior, pois sabem que receberão uma multa que jamais pagarão, pois vão recorrer na justiça, e que, mesmo tendo tudo embargado, faltará fiscalização e, assim, darão continuidade ao projeto. E para não serem efetivamente prejudicados, aliciam, numa vasta rede corruptora, aqueles que deveriam zelar pelo patrimônio público e a aplicação das leis.

Até quando assistiremos esses acontecimentos?

Não venha o governo federal, e os governos estaduais e municipais envolvidos diretamente, responderem com discursos e leis no papel. Resposta verdadeira, e única que pode ser aceita, é a da ação efetiva de combate acompanhada da atitude de educar as novas gerações para o cumprimento dos deveres de cidadania, entre eles o desenvolvimento sustentável.

É o que esperamos para hoje, porque amanhã já será tarde.

Quero, e quem não quer, contar para as crianças outra história: era uma vez, num tempo distante, um governo omisso... e no final, feliz, a floresta estará salva.

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