sexta-feira, 20 de março de 2015

A política governamental e a o salvamento da educação

Até quando assistiremos a educação ser vista pelo governo como uma moeda de troca para favores aos partidos políticos e grupos de interesse financeiro? Até quando o ministro da educação - e também secretários de educação -, será escolhido entre políticos de carreira? Até quando as vozes de Anísio Teixeira, Paulo Freire, Darcy Ribeiro, Anália Franco, Cristóvam Buarque, Lauro de Oliveira Lima e outros, serão esquecidas ou relegadas a teses acadêmicas? Até quando práticas renovadoras como, por exemplo, do projeto Âncora (Cotia/SP). serão vistas como "experimentais"? Até quando?

Estamos na estrada da educação há quinze anos, ofertando aos interessados a pedagogia da sensibilidade e a Escola do Sentimento, através do Instituto Brasileiro de Educação Moral (IBEM), e os frutos colhidos até agora são bem poucos, pois não há interesse em transformação ou mudança, não há esforço em humanizar a prática pedagógica e a escola, não há um querer fazer o que deve ser feito para sairmos da mesmice e da falência do nosso sistema educativo.

Abertamente, através dos canais televisivos, o governo federal faz publicidade do Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) como porta de entrada para a universidade, ou seja, reconhecendo que ele é mesmo, de fato, um vestibular disfarçado, e que seu objetivo não é avaliar a quantas anda o ensino médio. E ainda criou vários programas de financiamento das faculdades e centros universitários privados, movimentando verbas milionárias a benefício de grupos corporativos particulares. E o slogan é de "pátria educativa", uma grande contradição, já que  o ensino básico não é prioridade.

E poderíamos enumerar muito mais contradições, mas não temos apenas palavras críticas, pois nossa intenção é de um alerta: se não priorizarmos a educação, se não a humanizarmos, se não a entendermos como formadora do ser humano em desenvolvimento, necessitada de trabalhar valores éticos, nosso futuro será incerto. Precisamos enxergar que a solução para a corrupção não está nas investigações públicas ou num novo código penal, está inteira na educação que forma o caráter, que trabalha as virtudes, que respeita professores e alunos enquanto seres humanos.

Isso me faz recordar cena com estudantes do último ano do ensino médio, quando professor entrou em sala de aula e percebeu seus alunos muito agitados e preocupados. Indagando sobre o que estava acontecendo, foi informado que estavam todos muito preocupados com a escolha do curso universitário e as provas do vestibular. Olhando para aqueles rostos mal saídos da adolescência, calmamente ele esclareceu que essa não deveria ser a preocupação deles no momento, embora isso contrariasse o sistema e o pensar dos pais. É que eram jovens na faixa etária dos 16/17 anos, e tinham muita vida pela frente para fazer escolhas mais acertadas e não terem, depois, do que se arrepender. Isso levou a gostoso e produtivo bate papo, acalmando aqueles jovens massacrados por um sistema injusto.

E a aula, como ficou? Foi dada, ou não foi?

Pensemos em tudo isso para salvar nossa educação.

terça-feira, 10 de março de 2015

Será que existem filhos difíceis?

Muitos pais, perturbados pela conduta de seus filhos, nem sempre obedientes, estão internando suas crianças e adolescentes em escolas especiais, militarizadas, onde tudo imita um quartel com sargentos ferozes impondo rígida disciplina e castigos exemplares como exercícios fatigantes, limpeza de banheiros e assim por diante. É uma escola, isso mesmo, não é um quartel. E dá-lhe choradeira por parte dos mais novos, pobres coitados abandonados por seus pais e na mão de executores rígidos de normas absurdas.

A novidade vem dos Estados Unidos. Pais aborrecidos com seus filhos, que não sabem mais o que fazer com eles, é só matriculá-los nessa casa dos horrores, onde um discurso pseudo pedagógico é feito, prometendo que seus rebentos dali sairão "pianinho", sabendo obedecer e se comportar. E o que é obediência? O que será saber se comportar direitinho?

Ficamos aqui pensando: será que não são os pais os necessitados dessa "escola"? Muitos declaram causas tão sem importância para matricularem os filhos nesse sanatório - é o que mais parece -, demonstrando, na verdade, que em casa não tem paciência, tolerância e muito menos autoridade moral com os filhos. Mas é claro que não desejamos a ninguém adentre a essa instituição que invalida todos os avanços educacionais já feitos.

Precisamos aprender a educar para a autonomia, para a solidariedade, para a bondade, mas para isso temos primeiro que nos educar, ou seja, temos que combater em nós a indolência, o comodismo, a hipocrisia, o individualismo, coisas de que nossa sociedade está farta, acarretando consequências ruins, como temos assistido todos os dias.

Como exigir obediência e bom comportamento de nossos filhos, se confundimos isso com respeito total, exagerado a nós, e cerceando a liberdade deles? E pior, dando maus exemplos, pois de nossa parte não somos obedientes e nem sempre mantemos bom comportamento? É como aquela mãe viciada em doces e chocolates, um tanto quanto obesa, colesterol alto, sedentária, e que exige que sua filha, na escola, só coma coisas saudáveis e participe de atividades que tenham exercícios físicos. Sem dar o próprio exemplo, essa é uma educação sem efeito, e se a filha começar por sua vez a comer doces e chocolates, por certo será castigada e, por não ser obediente, acabará matriculada nesse manicômio pseudo-educacional.

Será mesmo que existem filhos difíceis, filhos problemáticos? Temos que existam filhos desafio, e que somente uma boa educação, perseverante, pode dar-lhes autocontrole, sem amarras, sem exageros, mas com muito diálogo, bons exemplos e autoridade moral, o que deve começar mesmo antes do berço, pois na barriga da mãe ele já ouve e sente tudo que lhe transmitimos.

Devemos fazer esforços no sentido de unir a família com a escola e vice-versa, para não acontecer esse verdadeiro absurdo de uma escola-quartel-casa de horrores. Que temos de ter uma nova escola, novas metodologias, não coloco em dúvida, mas daí a correr para "novidades" sem fundamento pedagógico, vai uma grande distância.

Que os pais sejam mais fáceis, para que os filhos sejam menos difíceis.

terça-feira, 3 de março de 2015

Qualidade em sala de aula

O professor brasileiro, conforme constatação de pesquisa realizada, gasta, em média, 20% do tempo de aula somente para acabar com a bagunça e chamar a atenção dos alunos. Isso significa que de 50 minutos de aula, na verdade temos apenas 40, ou seja, 10 minutos são literalmente perdidos, levando-se em consideração que esse tempo é gasto em advertências, admoestações, um verdadeiro confronto entre professor/a e alunos/as, o que não é pedagógico e nada tem a ver com a formação das crianças e jovens.
 
Já é questionável o fato da aula ter esse tempo estipulado de 50 minutos, consagrado historicamente e mundialmente, mas que ninguém consegue explicar por que não pode ser 60 minutos ou mesmo uma hora e meia, ou, vamos mais longe, por que tem que ter um tempo previamente estipulado, um tempo padrão para todas as aulas e para todos os professores/as e alunos/as? Talvez seja esse um dos fatores de aborrecimento dos estudantes.
 
Seja como for, ficar dez intermináveis minutos discutindo com os alunos na tentativa de impor disciplina, ordem e silêncio parece-nos improdutivo, contraproducente. Não existirá alternativa? Na verdade existe, sim, mas exige do/a professor/a uma visão diferente do processo educacional e uma postura diferenciada na escola e na sala de aula, onde deverá ser o compartilhador de aprendizagens, e não o mestre que ensina; onde deverá ser o/a amigo/a que caminha junto, e não o que ensina e pronto.
 
A sala de aula deve ser local prazeroso, onde os alunos vão encontrar o que procuram, onde terão participação e, à disposição, farto material pedagógico e dinâmicas educacionais. E mais do que tudo isso: onde encontrarão um/a professor/a interessado neles, amigo/a, companheiro/a, exercendo o tempo todo o diálogo, sabendo ouvir e falar, respeitando um por um e promovendo o trabalho em equipe.
 
Lembro do André, garoto inteligente mas muito reservado, de poucas falas, que, entretanto, gostava muito de gibis e games (jogos), e ficava muito aborrecido com os/as professores/as, pois todos lhe tolhiam o que mais lhe dava prazer. E me perguntava: "Por que gibis e jogos não podem ser utilizados na escola?". Bem, eu tinha vontade de responder que, na verdade, podiam sim, era apenas uma questão de inseri-los pedagogicamente no processo ensino-aprendizagem, mas não podia atropelar a "autoridade" dos/as professores/as.
 
Coloco autoridade entre aspas, pois considero que professor/a que grita, que entra em combate com seus alunos a cada nova aula, que gasta dez minutos para conseguir ser respeitado, não tem verdadeira autoridade, na verdade não entendeu seu papel educador.
 
Se queremos melhor qualidade em sala de aula, iniciemos entendendo melhor a educação, e tratemos de nos educar, o que fatalmente nos levará a respeitar os que estão conosco, não importa a idade, então caminhando com eles, o que certamente trará paz às nossas salas de aula, e um rendimento escolar muito acima do que temos visto.
 
Isso dá trabalho, é verdade, mas as consequências, os resultados são tão positivos que nunca mais esse/a professor/a vai querer saber de silêncios, gritos e advertências. O estresse vai ficar bem longe da sala de aula.

Vídeo - O Jovem e a Dinâmica Educacional

O vídeo sobre educação espírita O Jovem e a Dinâmica Educacional aborda a importância da participação do jovem no processo ensino-aprendizag...