A política governamental e a o salvamento da educação
Até quando assistiremos a educação ser vista pelo governo como uma moeda de troca para favores aos partidos políticos e grupos de interesse financeiro? Até quando o ministro da educação - e também secretários de educação -, será escolhido entre políticos de carreira? Até quando as vozes de Anísio Teixeira, Paulo Freire, Darcy Ribeiro, Anália Franco, Cristóvam Buarque, Lauro de Oliveira Lima e outros, serão esquecidas ou relegadas a teses acadêmicas? Até quando práticas renovadoras como, por exemplo, do projeto Âncora (Cotia/SP). serão vistas como "experimentais"? Até quando?
Estamos na estrada da educação há quinze anos, ofertando aos interessados a pedagogia da sensibilidade e a Escola do Sentimento, através do Instituto Brasileiro de Educação Moral (IBEM), e os frutos colhidos até agora são bem poucos, pois não há interesse em transformação ou mudança, não há esforço em humanizar a prática pedagógica e a escola, não há um querer fazer o que deve ser feito para sairmos da mesmice e da falência do nosso sistema educativo.
Abertamente, através dos canais televisivos, o governo federal faz publicidade do Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) como porta de entrada para a universidade, ou seja, reconhecendo que ele é mesmo, de fato, um vestibular disfarçado, e que seu objetivo não é avaliar a quantas anda o ensino médio. E ainda criou vários programas de financiamento das faculdades e centros universitários privados, movimentando verbas milionárias a benefício de grupos corporativos particulares. E o slogan é de "pátria educativa", uma grande contradição, já que o ensino básico não é prioridade.
E poderíamos enumerar muito mais contradições, mas não temos apenas palavras críticas, pois nossa intenção é de um alerta: se não priorizarmos a educação, se não a humanizarmos, se não a entendermos como formadora do ser humano em desenvolvimento, necessitada de trabalhar valores éticos, nosso futuro será incerto. Precisamos enxergar que a solução para a corrupção não está nas investigações públicas ou num novo código penal, está inteira na educação que forma o caráter, que trabalha as virtudes, que respeita professores e alunos enquanto seres humanos.
Isso me faz recordar cena com estudantes do último ano do ensino médio, quando professor entrou em sala de aula e percebeu seus alunos muito agitados e preocupados. Indagando sobre o que estava acontecendo, foi informado que estavam todos muito preocupados com a escolha do curso universitário e as provas do vestibular. Olhando para aqueles rostos mal saídos da adolescência, calmamente ele esclareceu que essa não deveria ser a preocupação deles no momento, embora isso contrariasse o sistema e o pensar dos pais. É que eram jovens na faixa etária dos 16/17 anos, e tinham muita vida pela frente para fazer escolhas mais acertadas e não terem, depois, do que se arrepender. Isso levou a gostoso e produtivo bate papo, acalmando aqueles jovens massacrados por um sistema injusto.
E a aula, como ficou? Foi dada, ou não foi?
Pensemos em tudo isso para salvar nossa educação.
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