Militarização das escolas não é a melhor opção
Nada tenho contra a carreira militar, nem contra os militares, mas pensando pedagogicamente, o modelo do colégio militar não é o que sonhamos para as escolas brasileiras. Não queremos uma escola parecida com um quartel, e consideramos que disciplina, respeito, responsailidade e outros valores tão necessários para a boa formação cidadã, podem e devem ser desenvolvidos numa escola amplamente democrática, participativa, criativa e envolvente tanto pelos aprendizados que proporciona, quanto pela ação e interação com a comunidade.
O que temos assistido atualmente é uma escola desligada da realidade da vida, esmagada por uma burocracia alienante, formatada num modelo histórico ultrapassado e engessado, que nos remete ao século 19, enfrentando, por essas causas, enormes e sérios desafios, para os quais os professores não estão preparados, pois em seus cursos de formação não foram qualificados, ou capacitados, para serem criativos, inovadores e saberem trabalhar com as realidades e os desafios do século 21, do terceiro milênio.
Precisamos renovar a escola, é verdade, mas antes temos que renovar os institutos superiores de educação e as faculdades de pedagogia. Se continuarmos a ter educadores com antolhos na cabeça, será muito difícil, quase impossível, reformatar a escola. Como solicitar criatividade e inovação a um professor que somente sabe "dar aula"? Um professor que confunde o ensinar com o educar? Um professor que não sabe trabalhar por projetos colocando os alunos em grupos de trabalho e pesquisa?
Não é a militarização da escola que haverá de mudar esse quadro. A escola deve ser democrática, participativa e trabalhar um projeto pedagógico que priorize o equilíbrio entre o desenvolvimento cognitivo e o desenvolvimento socioafetivo das crianças e jovens, levando professores e alunos ao campo da ética e da solidariedade.
Essa escola deve igualmente priorizar espaço e tempo para os professores darem continuidade ao autoconhecimento e à sua qualificação pedagógica, afinal os mestres precisam ser bons exemplos.
A escola inovadora, que na primeira metade do século 20 conheceu experiências muito boas no movimento das escolas novas, já é uma realidade no Brasil em dezenas de outros países. Que as autoridades públicas brasileiras possam olhar com carinho para elas que, temos certeza, são o melhor caminho, a melhor opção para a educação brasileira.
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