segunda-feira, 28 de setembro de 2020

Toda guerra é prejudicial


Em toda história humana a guerra sempre provocou inúmeros males, sejam guerras internas de uma nação, sejam conflitos regionais ou mesmo mundiais, de triste recordação. Mas este texto não é para falar dessas guerras registradas pelos historiadores, as quais repudiamos com toda força, é para falar de outra guerra, surda, não faz barulho, não provoca a morte de quem quer que seja, mas faz vítimas e mais vítimas, perturbando com profundidade nossa sociedade. É a guerra entre os pais e os professores, a família e a escola: afinal, quem tem que se ocupar da educação das novas gerações? E de quem é a culpa pelos problemas que enfrentamos com as crianças e os jovens? O fracasso educacional que assola nosso país é culpa da família ou da escola?

Como sempre, assistimos um jogo de empurra, sem que ninguém assuma suas responsabilidades no contexto da educação. A família acusa a escola que, por sua vez, acusa a família. Os professores se queixam dos pais que, por outro lado, se queixam dos professores. Pais e professores se queixam das autoridades públicas, que, para se eximir de suas responsabilidades, se queixam da situação econômica, e assim vão as desculpas, às vezes esfarrapadas ou muito gastas de tanto que são usadas.

A educação nunca foi prioridade em nosso país, embora o Mistério da Educação tenha a maior verba entre todos os ministérios. Todos sabem que prevalecem critérios políticos regidos pelos partidos da base governamental na utilização das verbas, e não apenas no patamar federal, mas igualmente nas esferas estaduais e municipais.

Como a educação é vista como sinônimo de escola, pensam alguns que basta construí-las, equipá-las minimamente e nelas colocar professores mal pagos para cumprir com a lei e deixar a consciência tranquila. Isso é, ao mesmo tempo, miopia governamental e suicídio social.

Toda nação que coloca em segundo ou terceiro plano a educação se vê às voltas com altos índices de violência, miséria, corrupção e injustiça. Basta verificar a história humana para se dar conta disso. Basta analisar a história do nosso Brasil, sempre às voltas com esses quatro índices.

A guerra entre família e escola, pais e professores não tem razão. Nada há que justifique tal situação. Tanto a família quanto a escola são as instituições humanas promotoras da educação e, portanto, devem se dar as mãos, devem se unir no esforço comum de melhor educar as novas gerações.

A família é feita por pessoas. A escola é feita por pessoas. Muitos pais são professores, muitos professores são pais. O filho é um ser humano, assim como o aluno também é um ser humano. Muitos filhos são alunos, e todo aluno é filho de alguém.

Hoje em dia esse quadro é ainda mais amplo, pois junto dos pais temos que colocar os outros responsáveis, como avós e tios. Junto aos professores temos que colocar outros profissionais, como pedagogos e psicólogos. Temos, na verdade uma rede educacional com várias pessoas, cada qual exercendo seu papel, sua função, mas não de forma isolada, e sim com união, com troca, com colaboração.

Que a escola abra generosamente a porta, os espaços, os procedimentos e atividades para os pais. Que os pais interajam com interesse na escola, junto aos professores, para o melhor pela educação.

Esse é o caminho para que a escola se transforme numa verdadeira comunidade de aprendizagem, finalmente entendendo pais e professores que, na verdade, todos são educadores.

E assim mais uma guerra ficará no passado da humanidade.

segunda-feira, 21 de setembro de 2020

Quem você ama


Normalmente os médicos nada têm a ver com educação, mas não é o caso do doutor Augusto Cury, psiquiatra que já escreveu dezenas de livros voltados aos pais e aos professores, muito conhecido tanto no Brasil quanto no exterior. Vou me servir de uma pergunta feita por ele para desenvolver este texto: você tem certeza de que as pessoas que você ama são sua prioridade?

A pergunta é dirigida especificamente aos pais, pois pesquisas constatam que muitas vezes, para muitos pais, o celular, as redes sociais, o churrasco de fim de semana, o trabalho profissional, o futebol, o salão de cabeleireiro e outras coisas são mais prioritárias do que os filhos. Não estou generalizando, estou falando que isso acontece com muitos pais, muitas vezes, mas não com todos, e que isso nem sempre acontece de forma consciente, pensada, pois muitos pais se deixam levar pelo modo de vida consumista e individualista que impregna nossa sociedade.

Quem você ama – os filhos – é a sua prioridade na vida?

Conheço mães que durante anos foram indiferentes ou desleixadas com os filhos, vivem como se eles não existissem ou como se fossem um problema. Também conheço pais que mal sabem do que os filhos gostam ou deixam de gostar, vivendo como se eles fossem “problema” somente da mãe.

Conheci um pai que entrou em depressão e perdeu o gosto e o sentido de viver diante do inesperado suicídio de um filho. Inesperado suicídio para ele que, dedicado de corpo e alma à atividade comercial, não tinha tempo para observar e ouvir os familiares. A “ficha” caiu quando se deu conta, por relatos de terceiros, dos dramas vividos pelo filho, que ele nunca tinha observado e sentido.

Volto, então, à dramática pergunta: os filhos, que você deve muito amar, são a sua prioridade?

Também conheço pais e mães que querem educar os filhos com berros, ameaças, castigos, ou, pelo contrário, com liberdade total para que façam o que quiserem e assim não atrapalharem a vida dos pais. Tanto os primeiros quanto os segundos pais estão equivocados. Não se educa com disciplina rígida, falta de autonomia e ameaças. Também não se educa sem estabelecer limites, deveres e responsabilidades.

Você conversa com seus filhos, olho no olho? Você deixa o celular de lado quando está com eles? Você abre espaço para brincadeiras e passeios com seus filhos? Você sabe sentar e ouvir os seus filhos? Você se preocupa com o desenvolvimento emocional dos seus filhos, além do desenvolvimento intelectual?

O que você quer que seus filhos sejam quando crescerem? Inteligentes, mas desonestos? Campeões profissionais, mas sem ética? Bem casados, mas com distúrbios da emoção? Independentes, mas esquecidos dos próprios pais?

Nossa sociedade está doente porque os indivíduos que a formam estão doentes. Doentes da alma. Doentes emocionais. Doentes por abandono afetivo. Doentes por falta de bons exemplos e companheirismo por parte dos pais.

Repito: não estou colocando todos os pais nas situações que descrevo, pois temos pais que muito amam seus filhos, que se esforçam pelo melhor para eles, mas, infelizmente, ainda não são maioria.

Por mais doloroso que possa ser, temos que reprisar a pergunta, provocando profundas reflexões sobre a educação das novas gerações: você tem certeza de que as pessoas que você ama são sua prioridade?

segunda-feira, 14 de setembro de 2020

Novos (e velhos) pilares da educação

Por uma real educação transformadora; um desafio que é para ontem e para  sempre

Estamos vivendo o primeiro século do terceiro milênio da humanidade pela contagem cristã, com novas demandas, novos avanços tecnológicos, novas realidades sociais, num turbilhão de ideias e valores em tempos de comunicação instantânea e, portanto, embora muitos não tenham se dado conta disso, precisamos repensar a educação e suas duas grandes organizações: a família e a escola.

Para quê estamos educando s novas gerações? O que queremos que as crianças e jovens sejam amanhã no mundo adulto? Essa é uma discussão muito importante, que tem de ir além de carreiras profissionais, formações técnicas e coisas do tipo, pois envolve um mergulho mais profundo na filosofia que rege a educação e os valores que norteiam sua prática.

Temos defendido incessantemente a superação da ensinagem pela aprendizagem, a superação do aprender conteúdos curriculares para a humanização do processo de desenvolvimento, principalmente na área do sentimento ou crescimento afetivo. Para que esse processo possa se consolidar, diante dos desafios da atualidade e do futuro, propomos que os educadores – pais, pedagogos, professores, avós e todos que têm sob seus cuidados uma criança e/ou um jovem – aprendam três novos pilares da educação: aprender a educar para a ética e a solidariedade; aprender a educar para o desenvolvimento emocional e aprender a educar para o bem coletivo.

O primeiro novo pilar é de vital importância, é a essência mesma da educação. Diante da corrupção, da violência, das falcatruas de todos os níveis, da discriminação racial, dos preconceitos de toda ordem, é urgente o esforço em preparar as novas gerações para serem honestas e solidárias, e não para a competição desenfreada e sem se importar com as consequências: aprender a educar para a ética e a solidariedade.

O segundo pilar não pode mais ser desconsiderado. Há décadas vemos os índices de suicídio, gravidez, assassinatos, drogadição aumentarem no universo infantil e juvenil. Crianças e jovens estressados, sem limites, frustrados, depressivos estão lotando os consultórios terapêuticos e colocando em desequilíbrio a sociedade, desarmonizando primeiro o ambiente familiar, e em segundo o ambiente escolar: aprender a educar para o desenvolvimento emocional.

O terceiro e também muito importante pilar combate o alto índice de egoísmo e competição predadora que caracteriza parte significativa da humanidade. Faz com que coloquemos em prática a regra de ouro de fazer ao outro somente o que gostaríamos o que ele nos fizesse, levando o educando a ter visão global da vida, e não unilateral: aprender a educar pa5ra o bem coletivo.

Esses três pilares nem são tão novos assim, na verdade não foram elaborados por nós. Educadores e pensadores distanciados no tempo histórico, com a diferença de utilizarem outras palavras, já os erigiram nas mais diversas épocas como pilares da educação, mas parece que não foram ouvidos, ou não se deu tanta importância aos mesmos, quando são essenciais, tanto que quando não colocados em prática vemos gerações se perdendo e causando confusão em todas as camadas sociais.

O mundo não está perdido. A humanidade tem jeito. O caminho para tudo melhorar passa pela educação, pela formação de seres humanos que saibam ser éticos, solidários, emocionalmente equilibrados e que pensem e ajam visando o bem coletivo.

Não esqueça desses três pilares básicos da educação, pilares essenciais e que tudo podem transformar: aprender a educar para a ética e a solidariedade, aprender a educar para o desenvolvimento emocional e aprender a educar para o bem coletivo.

quarta-feira, 9 de setembro de 2020

Conflitos emocionais dos pais

Relacionamento entre Pais e Filhos - Consultório de Psicologia Itaim Bibi

Para bem educar os filhos e tê-los saudáveis emocionalmente, os pais precisam cuidar da sua própria saúde emocional, pois quem vive em conflito consigo mesmo, quem vive em desequilíbrio, sempre estressado, não poderá exigir dos filhos o que não consegue dar a eles pelos exemplos.

Muitos pais têm baixo grau de saúde emocional. Por qualquer coisa que os contrarie, mínima que seja, entram em crise, e às vezes bem profunda, não sabendo lidar com frustrações.

Outros pais não suportam críticas a si mesmos. Se alguém lhes aponta alguma falha, ficam exaltados, perdem a noção das coisas e se defendem a todo custo. Não sabem lidar com a opinião alheia sobre si mesmos.

Temos ainda pais que somente sabem lidar com as situações contrárias aos seus desejos elevando o tom de voz, perturbando o ambiente e provocando os outros com insinuações maldosas. São verdadeiros desequilibrados emocionais.

E ainda vemos pais que somente sabem resolver conflitos através da agressividade, seja verbal ou física. Vivem com as emoções à flor da pele e frustram qualquer tentativa de diálogo por parte dos outros.

Nessas situações de flagrantes conflitos emocionais, os pais precisam se preocupar com a educação deles mesmos, pois a força mais poderosa na educação dos filhos é o exemplo. Ora, os filhos vivenciando um lar sempre em conflito, com pais estressados e desequilibrados emocionalmente, não poderão, por sua vez, serem tolerantes, calmos, compreensivos e tudo o que os pais gostariam que fossem.

Os pais, para serem verdadeiros educadores dos filhos, necessitam realizar o autoconhecimento e a autoeducação, constantemente, e na mesma medida vigiarem o que fazem com os filhos.

Levantar a voz, ameaçar agredir, utilizar palavrões, castigar desproporcionalmente, criticar todo mundo e assim por diante, mostra apenas o quão longe estão de saber educar os filhos, pois eles, os pais, são totalmente deseducados.

Tanto no lar quanto na escola o gerenciamento de conflitos emocionais precisa ser desenvolvido, com muito diálogo, aprendendo a saber ouvir, a ser humilde e a se reconstruir com novos aprendizados e autocontrole.

Nenhum adulto resolverá seus conflitos emocionais descarregando-os sobre as crianças e os jovens. Os pais devem ser gestores de sua própria emoção, caminho para conseguir ensinar aos filhos o controle de suas próprias emoções.

Vídeo - O Jovem e a Dinâmica Educacional

O vídeo sobre educação espírita O Jovem e a Dinâmica Educacional aborda a importância da participação do jovem no processo ensino-aprendizag...