Toda guerra é prejudicial


Em toda história humana a guerra sempre provocou inúmeros males, sejam guerras internas de uma nação, sejam conflitos regionais ou mesmo mundiais, de triste recordação. Mas este texto não é para falar dessas guerras registradas pelos historiadores, as quais repudiamos com toda força, é para falar de outra guerra, surda, não faz barulho, não provoca a morte de quem quer que seja, mas faz vítimas e mais vítimas, perturbando com profundidade nossa sociedade. É a guerra entre os pais e os professores, a família e a escola: afinal, quem tem que se ocupar da educação das novas gerações? E de quem é a culpa pelos problemas que enfrentamos com as crianças e os jovens? O fracasso educacional que assola nosso país é culpa da família ou da escola?

Como sempre, assistimos um jogo de empurra, sem que ninguém assuma suas responsabilidades no contexto da educação. A família acusa a escola que, por sua vez, acusa a família. Os professores se queixam dos pais que, por outro lado, se queixam dos professores. Pais e professores se queixam das autoridades públicas, que, para se eximir de suas responsabilidades, se queixam da situação econômica, e assim vão as desculpas, às vezes esfarrapadas ou muito gastas de tanto que são usadas.

A educação nunca foi prioridade em nosso país, embora o Mistério da Educação tenha a maior verba entre todos os ministérios. Todos sabem que prevalecem critérios políticos regidos pelos partidos da base governamental na utilização das verbas, e não apenas no patamar federal, mas igualmente nas esferas estaduais e municipais.

Como a educação é vista como sinônimo de escola, pensam alguns que basta construí-las, equipá-las minimamente e nelas colocar professores mal pagos para cumprir com a lei e deixar a consciência tranquila. Isso é, ao mesmo tempo, miopia governamental e suicídio social.

Toda nação que coloca em segundo ou terceiro plano a educação se vê às voltas com altos índices de violência, miséria, corrupção e injustiça. Basta verificar a história humana para se dar conta disso. Basta analisar a história do nosso Brasil, sempre às voltas com esses quatro índices.

A guerra entre família e escola, pais e professores não tem razão. Nada há que justifique tal situação. Tanto a família quanto a escola são as instituições humanas promotoras da educação e, portanto, devem se dar as mãos, devem se unir no esforço comum de melhor educar as novas gerações.

A família é feita por pessoas. A escola é feita por pessoas. Muitos pais são professores, muitos professores são pais. O filho é um ser humano, assim como o aluno também é um ser humano. Muitos filhos são alunos, e todo aluno é filho de alguém.

Hoje em dia esse quadro é ainda mais amplo, pois junto dos pais temos que colocar os outros responsáveis, como avós e tios. Junto aos professores temos que colocar outros profissionais, como pedagogos e psicólogos. Temos, na verdade uma rede educacional com várias pessoas, cada qual exercendo seu papel, sua função, mas não de forma isolada, e sim com união, com troca, com colaboração.

Que a escola abra generosamente a porta, os espaços, os procedimentos e atividades para os pais. Que os pais interajam com interesse na escola, junto aos professores, para o melhor pela educação.

Esse é o caminho para que a escola se transforme numa verdadeira comunidade de aprendizagem, finalmente entendendo pais e professores que, na verdade, todos são educadores.

E assim mais uma guerra ficará no passado da humanidade.

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