Quem você ama


Normalmente os médicos nada têm a ver com educação, mas não é o caso do doutor Augusto Cury, psiquiatra que já escreveu dezenas de livros voltados aos pais e aos professores, muito conhecido tanto no Brasil quanto no exterior. Vou me servir de uma pergunta feita por ele para desenvolver este texto: você tem certeza de que as pessoas que você ama são sua prioridade?

A pergunta é dirigida especificamente aos pais, pois pesquisas constatam que muitas vezes, para muitos pais, o celular, as redes sociais, o churrasco de fim de semana, o trabalho profissional, o futebol, o salão de cabeleireiro e outras coisas são mais prioritárias do que os filhos. Não estou generalizando, estou falando que isso acontece com muitos pais, muitas vezes, mas não com todos, e que isso nem sempre acontece de forma consciente, pensada, pois muitos pais se deixam levar pelo modo de vida consumista e individualista que impregna nossa sociedade.

Quem você ama – os filhos – é a sua prioridade na vida?

Conheço mães que durante anos foram indiferentes ou desleixadas com os filhos, vivem como se eles não existissem ou como se fossem um problema. Também conheço pais que mal sabem do que os filhos gostam ou deixam de gostar, vivendo como se eles fossem “problema” somente da mãe.

Conheci um pai que entrou em depressão e perdeu o gosto e o sentido de viver diante do inesperado suicídio de um filho. Inesperado suicídio para ele que, dedicado de corpo e alma à atividade comercial, não tinha tempo para observar e ouvir os familiares. A “ficha” caiu quando se deu conta, por relatos de terceiros, dos dramas vividos pelo filho, que ele nunca tinha observado e sentido.

Volto, então, à dramática pergunta: os filhos, que você deve muito amar, são a sua prioridade?

Também conheço pais e mães que querem educar os filhos com berros, ameaças, castigos, ou, pelo contrário, com liberdade total para que façam o que quiserem e assim não atrapalharem a vida dos pais. Tanto os primeiros quanto os segundos pais estão equivocados. Não se educa com disciplina rígida, falta de autonomia e ameaças. Também não se educa sem estabelecer limites, deveres e responsabilidades.

Você conversa com seus filhos, olho no olho? Você deixa o celular de lado quando está com eles? Você abre espaço para brincadeiras e passeios com seus filhos? Você sabe sentar e ouvir os seus filhos? Você se preocupa com o desenvolvimento emocional dos seus filhos, além do desenvolvimento intelectual?

O que você quer que seus filhos sejam quando crescerem? Inteligentes, mas desonestos? Campeões profissionais, mas sem ética? Bem casados, mas com distúrbios da emoção? Independentes, mas esquecidos dos próprios pais?

Nossa sociedade está doente porque os indivíduos que a formam estão doentes. Doentes da alma. Doentes emocionais. Doentes por abandono afetivo. Doentes por falta de bons exemplos e companheirismo por parte dos pais.

Repito: não estou colocando todos os pais nas situações que descrevo, pois temos pais que muito amam seus filhos, que se esforçam pelo melhor para eles, mas, infelizmente, ainda não são maioria.

Por mais doloroso que possa ser, temos que reprisar a pergunta, provocando profundas reflexões sobre a educação das novas gerações: você tem certeza de que as pessoas que você ama são sua prioridade?

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