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Mostrando postagens de março, 2021

Um pouco de lucidez na educação

Os professores estão tão acostumados a seguir padrões, a receber quase tudo pronto, tudo formatado com ares científicos, que perderam o mais importante em sua ação: pensar, questionar, refletir, indagar. O tempo de aula é 50 minutos. Por quê? Onde está a fundamentação pedagógica disso? O currículo da disciplina é este. Quem elaborou? Por que elaborou? Será que é o que interessa para o aluno? O professor ensina e o aluno aprende. O papel do professor é ensinar ou estimular o aluno em sua aprendizagem? E o professor também deve se perguntar: Por que existe aula? O que é pedagogia? Existe o melhor método e a melhor didática? E assim por diante. Educar é fazer pensar, é permitir que a criança e o jovem desenvolvam com autonomia o processo de aprendizagem, é respeitar o ritmo de cada aluno. O trabalho na escola é fazer com que o aluno acumule conhecimentos, ou seja preparado para a vida? As perguntas inquietam e têm o dom de não permitir acomodação numa zona de conforto. O professor deve se

A triste realidade escolar brasileira

Dados do Censo Escolar da Educação Básica 2020, do Ministério da Educação, coletados no mês de março desse ano, portanto bem atuais, mostram que o deficit de estruturas essenciais das escolas só tem aumentado ano após ano. O Censo mostra que 4,3 mil escolas não têm banheiro (3,2% do total). 35,8 mil escolas seguem sem coleta de esgoto (26,6% do total). 2,9 mil escolas não têm energia elétrica. E mais: 3 mil não tem abastecimento de água, e outras 8,6 mil não tem água potável. Parece absurdo, um pesadelo, mas na verdade é realidade: escolas públicas brasileiras sem fornecimento de água, sem energia elétrica, sem coleta de esgoto, sem banheiros e sem água potável, E outras 17,2 mil, em centros urbanos, sem internet banda larga. E ainda ousamos falar em qualidade em nossa educação! Pode-se imaginar a tortura diária de professores e alunos em condições tão indignas? A leitura dos dados do Censo Escolar só pode provocar indignação e mal estar, que aumenta com a comparação dos dados com o an

Vazio, solidão, ansiedade e educação

Estamos vivendo tempos em que o ser humano está desencontrado consigo mesmo. Diante de crises econômicas, desestabilização social, pandemia, ideologias radicais e outros fatores, muitas pessoas estão deslocadas de si mesmas e da sociedade, no chamado vazio existencial. Não sabem responder qual é o sentido de suas vidas, o que devem fazer no dia a dia, nem mesmo posicionar seus valores existenciais. Vivem, mas não sabem porque, não tem objetivos solidamente edificados, o que as leva a sentir um vazio interior muito grande. Essa situação leva à solidão. Sem objetivos, confusos nos seus valores de vida, retraem-se automaticamente, acreditando não pertencerem nem a este nem aquele grupo social, sentindo-se deslocadas nos ambientes que precisam frequentar. Podem estar rodeadas por outras pessoas, mas se sentem solitárias. Começam paulatinamente a se isolar, muitas vezes abrindo portas para a depressão e o suicídio. O vazio existencial somado à solidão geram a ansiedade. O que vai acontecer

Para onde vai a educação infantil?

Tenho uma sobrinha que iniciou seu período escolar no maternal de uma escola de educação infantil. Ela está com três anos de idade. Sua mochila carrega livros didáticos, tem aula de balé, e já tem dever de casa. Provavelmente, ainda não tenho essa informação, terá provas e notas. E terá, mais à frente, aula de inglês. Para seu desgosto, o parquinho está fechado, por causa do coronavírus, o que não dá para entender, afinal as crianças estão confinadas dentro de uma sala e o parquinho é ao ar livre.. Recebo informações de diversas mães sobre a educação infantil nas escolas, e os relatos não diferem muito do que acontece com minha sobrinha. Parece que as escolas estão vivendo um vírus muito, muito perigoso: o vírus da mesmice, do fazer tudo igual, do trabalhar para ensinar e preparar os alunos para vestibulares e concursos. Nessa visão, aluno bom é aquele que consegue memorizar muitos conteúdos e despejá-los com correção em provas de avaliação, a maioria na base da múltipla escolha, ou se

A família do lado de fora da escola

  Sai ano, entra ano, e a mesma cena se repete na maioria das escolas, sejam elas públicas ou particulares: os pais chegam com seus filhos e são barrados no portão da escola, não podem entrar, devem conversar com os professores, com a coordenação pedagógica ou com a direção ali mesmo, em pé, ficando na calçada, pois o portão é a linha divisória entre dois mundos que não se falam, não se comunicam como seria desejável acontecesse. A escola alega que os pais, se entrassem, somente atrapalhariam as atividades. Os pais nada sabem sobre educação, sobre pedagogia e, portanto, nada teriam a fazer no ambiente escolar. Será mesmo? E o que dizer do meu amigo Ronaldo, pedagogo, psicopedagogo, professor universitário, aproveitando um dia para levar sua filha à escola e, quando visto pela professora, no portão, levou verdadeiro sermão com relação à filha, terminado com a frase: “Não sei o senhor está entendendo”. Sim, ele estava entendendo, e muito. Tudo bem, o Ronaldo pode ser exceção, muitos pais