A triste realidade escolar brasileira

Dados do Censo Escolar da Educação Básica 2020, do Ministério da Educação, coletados no mês de março desse ano, portanto bem atuais, mostram que o deficit de estruturas essenciais das escolas só tem aumentado ano após ano.

O Censo mostra que 4,3 mil escolas não têm banheiro (3,2% do total). 35,8 mil escolas seguem sem coleta de esgoto (26,6% do total). 2,9 mil escolas não têm energia elétrica. E mais: 3 mil não tem abastecimento de água, e outras 8,6 mil não tem água potável.

Parece absurdo, um pesadelo, mas na verdade é realidade: escolas públicas brasileiras sem fornecimento de água, sem energia elétrica, sem coleta de esgoto, sem banheiros e sem água potável, E outras 17,2 mil, em centros urbanos, sem internet banda larga. E ainda ousamos falar em qualidade em nossa educação!

Pode-se imaginar a tortura diária de professores e alunos em condições tão indignas?

A leitura dos dados do Censo Escolar só pode provocar indignação e mal estar, que aumenta com a comparação dos dados com o ano anterior, 2019, evidenciando que em quase todos esses quesitos houve aumento, ou seja, as autoridades públicas municipais e estaduais, aproveitando o fechamento das escolas face à pandemia, simplesmente largaram o sistema escolar, deixaram ao léu as escolas, que se deterioraram, e com um agravante: as verbas não deixaram de existir, simplesmente não foram usadas. Reformas necessárias não foram executadas, promessas não foram cumpridas.

Diante dessa realidade, como podem os secretários de educação afirmar que as escolas públicas estão preparadas para colocar em prática os protocolos de higiene, saúde e segurança para a volta às aulas presenciais? Sem água? Sem energia elétrica? Sem coleta de esgoto?

Pode-se alegar que comparativamente à rede escolar nacional, os índices estatísticos não chegam, na maioria dos quesitos, a 5% do total de escolas, mas isso não é relevante. Não se trata de análise de números frios e imparciais, mas de verificar que milhares de escolas, professores e alunos não têm o básico para desenvolver a educação, isso em pleno século 21 do terceiro milênio cristão da humanidade. É falta de humanidade, é atestado de insensibilidade das autoridades públicas, é descaso com a vida!

Até quando vamos assistir esse descalabro, essa vergonha nacional, colocando nosso país como exemplo de atraso e descaso com a educação das novas gerações?

Até quando nossas autoridades públicas vão considerar a educação como não essencial, como não prioridade, achando que escola não dá voto?

A politização ideológica tem afastado os governantes do que deveriam fazer: governar para o povo, como representantes do povo. Mas qual, são eleitos e imediatamente passam a defender posições pessoais e interesses de grupos, tudo fazendo para se manter no poder, mesmo à custa do povo que os elegeu, que lhes deu um voto de confiança.

Enquanto tivermos escolas sem água, sem banheiros, sem coleta de esgoto, sem energia elétrica, sem internet, com muros caídos, janelas enferrujadas e tantas outras coisas que bem conhecemos, não podemos nos chamar de civilização, nem podemos vislumbrar um futuro grandioso para nossa nação.

O Censo Escolar da Educação Básica 2020 é um vergonhoso atestado de incompetência e descaso, mostrando o quanto desdenhamos e desconsideramos a educação, quando ela é o único caminho para formar cidadãos conscientes, éticos, solidários e humanizados.

Faço um apelo às autoridades públicas e a todos os cidadãos brasileiros: recuperemos as escolas e salvemos a educação, para salvar o Brasil! Se assim não fizermos, que será do nosso país no futuro?

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