A família do lado de fora da escola

 

Sai ano, entra ano, e a mesma cena se repete na maioria das escolas, sejam elas públicas ou particulares: os pais chegam com seus filhos e são barrados no portão da escola, não podem entrar, devem conversar com os professores, com a coordenação pedagógica ou com a direção ali mesmo, em pé, ficando na calçada, pois o portão é a linha divisória entre dois mundos que não se falam, não se comunicam como seria desejável acontecesse.

A escola alega que os pais, se entrassem, somente atrapalhariam as atividades. Os pais nada sabem sobre educação, sobre pedagogia e, portanto, nada teriam a fazer no ambiente escolar. Será mesmo? E o que dizer do meu amigo Ronaldo, pedagogo, psicopedagogo, professor universitário, aproveitando um dia para levar sua filha à escola e, quando visto pela professora, no portão, levou verdadeiro sermão com relação à filha, terminado com a frase: “Não sei o senhor está entendendo”. Sim, ele estava entendendo, e muito.

Tudo bem, o Ronaldo pode ser exceção, muitos pais, de fato, pouco conhecem sobre educação, mas daí a considerá-los tropeços ao processo, vai uma longa distância.

O papel da escola não é também interagir com os pais? Não deve acolhê-los? Afinal as crianças passam mais tempo com os pais, com a família, do que com os professores e a escola. São duas organizações humanas de educação, mas que não se falam, não se comunicam, a não ser burocraticamente.

Quando acontece a reunião com os pais, normalmente ela é tensa, pois a escola prioriza fazer cobranças e reclamações. Qual é o pai ou a mãe que gosta de ver seu filho criticado por terceiros? E a escola reclama que os pais que deveriam ouvir as tais cobranças e reclamações são justamente os que não comparecem. A causa do não comparecimento é óbvia, não é mesmo?

A escola deve ser lugar prazeroso, aberto, amigo. A escola precisa caminhar para ser uma comunidade de aprendizagem, a todos recebendo e permitindo participação.

A escola precisa colocar seus colaboradores diretos em contato e interação com a comunidade local que, por sua vez, deve ter na escola uma extensão natural da comunidade, e não uma ilha fechada, cercada de muros grades e portões inacessíveis.

As escolas inovadoras são comunidades de aprendizagem, onde os pais têm livre acesso e participam de diversas atividades em conjunto com os professores e alunos, e não há nenhum problema nessa dinâmica, pelo contrário, o processo de aprendizagem torna-se mais rico e produtivo.

No Conhecer os pais, e os avós e os tios, entram com alegria, participam das atividades propostas, conversam com os professores, obedecendo regras claras feitas em comum acordo numa assembleia, e, em casa, procuram dar continuidade com seus filhos à proposta pedagógica inovadora da escola. As reuniões são dinâmicas, com o tema gerador procurando atender as necessidades apresentadas, e perguntas e respostas ao vivo enriquecem o conhecimento.

Depoimentos emocionantes atestam a qualidade do Conhecer e a forma pedagógica como trabalha.

Por que as escolas ainda teimam em fechar o portão e dizer aos pais que podem esperar do lado de fora, na calçada?

Em tempo: o Conhecer fica na cidade de Leopoldina, no estado de Minas Gerais, lá na famosa Zona da Mata.

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